Ela É Você

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CAPÍTULO VINTE E SEIS

KEVIN • D I A S

Se a dor não for sua,
não a chame de drama…

– É hoje – falo me sentando ao lado do grupinho no jardim, já tinha se passado duas semanas desde que contei o meu plano pra eles e finalmente hoje começaremos a executar.

– Isso vai dar muita merda – Jack fala e as meninas olham pra ele – E eu gosto disso.

– Ótimo, porque você meu "querido" Jack, vai começar a primeira parte do plano – falo o querido com ironia e ele sorri debochado, ainda mato esse desgraçado lá fora.

Jack se levanta e começa a procurar nosso alvo, não gosto muito de usar as pessoas, mas às vezes é necessário, se colaborarem e nós conseguirmos sair, nada acontecerá com a garota.

– Ridículo ele ter que seduzir ela – Agnes fala com ciúmes e eu ignoro pra não brigar com ela.

– No jogo de sedução ele não vai ser melhor que a gente não, loirinha – Alysson fala piscando pra Agnes e nós damos risada.

– Bom, vamos voltar a rotina pra parecer que está tudo normal – Nicolas fala se levantando, tínhamos 7 dias pra conseguir concluir e fugir, senão já era.

Não sei como as pessoas conseguem viver aqui, do pouco tempo que cheguei, já estou enlouquecendo. Hoje é sexta-feira e tínhamos a merda de uma palestra pra assistir, só de pensar meus ouvidos já começam a sangrar.

Vejo o Jack conversando com a garota e só não fico satisfeito porque meu ódio por ele consegue ultrapassar qualquer barreira, espero que ele fique pra trás e leve toda a culpa de termos fugido nas costas.

– Não sei porque colocou ele no plano – Nicolas fala – Não gosto desse cara.

– Eu também não gosto dele, mas ele será útil – dou de ombros e entro na sala onde acontecia a terapia em grupo.

Momento chato pra porra, tava quase dormindo quando a Agnes entra e senta do meu lado, diz ela que tinha ido ao banheiro com a Alysson, mas a espertinha não voltou não.

– Quer sair? – Agnes sussurra em meu ouvido depois de eu bocejar e quase cair no colo dela cochilando, estava ruim de verdade.

– Daria até meu cú pra isso – tava com tanto sono que nem percebi o vacilo.

– Vou cobrar hein – ela pega na minha mão sorrindo e sai sem falar nada com o psicólogo que tava nos dando sono.

Já tava cochilando no elevador, Agnes me dá um tapa que vou pra frente com tudo e acabo caindo do lado de fora no corredor, em cima de um guarda, puta merda.

– De-desculpa – minha voz quase não saia, tamanha a vergonha que sentia.

– Agnes, sua maldita, eu vou te matar – a demônia ria como se tivesse assistindo a um show de humor, maior mico do dia.

Ainda a xingava de tudo quanto é nome quando entramos no quarto dela, me jogo na cama enquanto ela entra no banheiro rindo, tudo que vai volta maldita, não se esqueça.

– Pega a toalha pra mim, amor? – pede e eu finjo que não escutei.

– KEVIN – vocês ouviram a Agnes gritar? Pois, nem eu.

– Idiota – ela sai do banheiro nua e meus olhos vão automaticamente para o seu corpo.

– Que isso? – me refiro as inúmeras marcas e cicatrizes que estavam espalhadas pelo seu corpo.

Ela pega a toalha e passa por mim, ignorando minha pergunta, esqueço toda a raiva que sentia dela naquele momento e me levantando andando de um lado para o outro do quarto sem saber o que pensar.

Eu sei que ela se machucava, mas essas marcas não pode ser ela que faz. Apesar de ter inúmeros problemas a Agnes conseguia se controlar, pelo menos é o que quero acreditar.

– VAMOS CONVERSAR, VIU MOÇA – grito batendo na porta do banheiro, mas não obtenho resposta.

– Tudo certo, vamos – Jack invade o quarto me assustando.

– Pode começar sem mim, vou resolver uns problemas aqui – falo sem muito humor, nunca vou conseguir olhar pra cara dele sem querer arrancar seu pescoço.

– Vai atrasar tudo pelos dramas da Agnes? Fala sério – conto do 1 até o 1000 pra não quebrar a cara desse idiota.

– Não chame de drama o que você não conhece – tento manter a calma – Já mandei você começar essa merda sozinho, vá logo antes que eu me aborreça mais contigo.

Dou um soco forte na porta assim que ele a fecha quando sai, não tá certo, ele não sabe metade das desgraças que já aconteceram com a Agnes e vem com a boca podre dele julgar por drama.

Meu corpo inteiro tremia e meu coração estava acelerado, Agnes sai do banheiro já vestida com um casaco de frio e uma calça de moletom preta, ela vê o meu estado e corre até mim desesperada.

– Calma, respira – fala enquanto me abana com as mãos.

– Eu tô bem – falo sentando na cama e ela corre até um ponto do quarto e volta com uma garrafinha de água nas mãos – Pode me contar o que aconteceu? O que significa tudo aquilo?

Percebo que ela fica desconfortável, desvia o olhar, começa a apertar as mãos, mexe muitas vezes no cabelo e finalmente me olha com um olhar perdido.

– Ela voltou – sussurra e eu fico atônito, de novo não.

– Agnes – seguro na mão dela.

– Eu sei que é estranho e parece muito absurdo mas, ela tem vontades e total domínio sobre mim, não consigo a controlar – dispara e eu vejo lágrimas no canto dos seus olhos.

– Consegue – dou um gole na água e ofereço pra ela que nega.

– Ela almeja algo que eu nem sei do que se trata, acho que ela quer a minha morte – olha pro chão e eu suspiro já cansado dessa situação.

– Isso não é possível – falo respirando fundo.

– Por que não? O que você sabe ou conhece dela? – noto uma pequena irritação em seu tom de voz e tento soar normal.

– Porque ela… é você – solto e fecho os olhos me sentindo mais leve.

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