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CAPÍTULO DEZ

J A C K • S M I T H

As pessoas são como a lua.
Não por serem feitas de fases, mas sim por ter um lado obscuro que ninguém nunca viu...

Segurava o garoto pela gola da camisa ridícula que ele estava usando, já estava a um passo de perder a paciência e quebrar ele na porrada aqui nesse corredor mesmo.

- Você vai me falar que porra tá acontecendo ou vou ter que manchar minha mão com seu nariz? - pergunto fechando o punho e vejo que ele fecha os olhos quando minha mão vai de encontro com seu nariz.

Soquei mais umas três vezes até ele finalmente reagir e se soltar, pensei que viria pra cima de mim, mas como já devia suspeitar, ele era fraco demais.

- Me conta logo caralho - puxo meu cabelo nervoso tentando controlar a respiração.

- Ela... Ela - ele gagueja e eu o encaro sentindo o ódio aflorar.

- Ela? - odeio enrolação, que caralho.

- Ela teve um ataque de pânico e foi pra enfermaria - quase não se dava pra ouvir a voz dele.

- NÃO MENTE PRA MIM - grito acertando um soco no olho direito dele e ele cai no chão.

- Onde é o quarto dela?

- No 5° andar - ele chorava igual à merda de um bebê idiota, vou quebrar tanto esse imprestável se ele ficar mentindo pra mim.

- Inútil - dou um chute em seu abdômen e entro no elevador.

Depois que a Agnes me empurrou do elevador eu estava decidido a fazer ela pagar por isso, mas de um jeito diferente, ninguém trata Jack Smith daquela forma e fica por isso mesmo, principalmente alguém que não me conhece.

Passei a noite toda pensando em mil maneiras de quebrar o escudo dela, só assim eu conseguiria fazer com que ela me desse uma segunda chance.

Não a encontrei no café da manhã, e em nenhum lugar, já estava nervoso quando vi o novato esquisito no corredor, não pensei duas vezes em ir pra cima dele, só esse inútil que eu via conversando com ela.

Quando ele disse que ela estava na enfermaria eu sabia que ele estava mentindo, tinha ido lá e não vi ninguém interessante, se eu disser que odeio mentirosos sou hipócrita, mas odeio que mintam pra mim.

Tinha muitos guardas no 5° andar, tenho que inventar uma desculpa convincente... Ah isso é fácil pra mim.

- Ei garoto ninguém tem permissão pra passar daqui - dois guardas entram na minha frente como se fossem postes.

- A enfermeira Micheline pediu pra eu chamar a Agnes pro almoço - caralho Jack que desculpa mais bosta.

Eles se entreolham, mas deixa eu passar, dou um sorriso e penso o quão são uns babacas manipuláveis, ninguém é páreo pra mim.

Vejo uma única porta no fim do corredor e deduzo ser o quarto da Agnes, giro a maçaneta, mas a porta está trancada por dentro.

- Mi manchi* - escuto uma voz masculina e encosto o ouvido na porta, será que é esse quarto mesmo?

- Come sei dimagrita* - entendia perfeitamente o italiano, não sei, mas o tom de voz desse cara me deu nojo.

- Non padre, per favore* - era ela, parecia que estava com medo mas porque ela não gritava pedindo ajuda ou não expulsou ele do quarto igual fez comigo no elevador? Vadia.

- Puttana* - escuto um barulho de tapa e vejo que a vadia realmente não vai fazer nada.

"Você vai se arrepender"

- Foda-se - ignoro a voz na minha cabeça e meto o pé na porta.

- JACK - Agnes grita assustada, mas meu olhar vai para outra direção.

Reconheço esse rosto, sr. Conte, lógico mas que merda, eu tô vendo isso mesmo? Ele ia estuprar a própria filha? E depois perguntam porque existem monstros como eu.

- Que porra tá acontecendo aqui, quem é esse cara? - eu sabia, mas precisava ver se ela abaixava a guarda pra mim.

- Sou o pai dela e você não tem permissão para entrar aqui, saia - ele abre a porta e percebo que vai chamar os guardas.

- Se eu fosse você eu não faria isso - falo no meu tom mais calmo e caminho até a Agnes.

Ela tremia e estava nua encostada na parede, seu corpo podia ter mais carne, mas ainda dava pro gosto, havia marcas roxas em algumas partes o que fez eu ficar com mais ódio do que já estava.

Tiro minha blusa e visto nela, ela não falava nada só chorava e eu segurava a vontade de gritar mandando ela engolir a merda do choro, chorar não resolve porra nenhuma.

- Fica aqui - coloco ela na cama e ela assente deitando.

Com um sorriso no rosto fico de frente com o desgraçado, conseguia ver nos olhos dele que queria me matar, bom, estamos quites que maravilha.

- Você não sabe a merda que fez, agora sua vida aqui dentro vai se tornar um inferno - ele fala com um sorriso de deboche no rosto.

- Você não me mete medo - dou de ombros.

- Tá vendo aquela garota chorando - aponto pra cama da Agnes - Você nunca mais vai encostar nela, e se fizer isso eu mesmo me encarrego de cortar todos os seus dedos - vejo que ele ainda estava com pose de superior.

- Sabe por que vim parar aqui Sr. Conte? - falo o nome dele com escárnio - Eu matei pessoas - sussurro e vejo ele mudar a postura.

Ah o medo... Era isso que eu gostava de ver no rosto das pessoas, sinto até falta de sentir o cheiro do sangue fresco invadir minhas narinas... Bons tempos.

- Não pense que isso vai ficar assim, Agnes é minha filha - ele sai batendo a porta igual criança mimada, realmente isso não vai ficar assim.

Assim que olho pra cama vejo Agnes dormindo, procuro um cobertor e coloco por cima dela. Não estou cuidando dela, apenas cumprindo com meus objetivos.

Fico um bom tempo a encarando, percebo que tô igual um idiota e me xingo dando as costas pra sair do quarto.

- Jack - escuto a voz dela bem calma e sonolenta, me viro para encará-la - Fica aqui comigo? - dou um sorriso, o que eu quero que eu não consigo?

♤♤♤

Tradução das palavras ditas em italiano:

Mi manchi -- Tenho saudades de você.
Come sei dimagrita -- como você emagreceu.
Non padre, por favore -- Não pai, por favor.
Puttanna -- Puta.

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