Meu Destino

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CAPÍTULO UM

A G N E S • H E R N A N D É Z

O amor não existe eu sei..

Lá estava eu, uma garotinha de 15 anos amando e esperando ser amada de volta pelos pais. Idiota, burra, aceitando abusos daqueles que deveriam a proteger.

Chuto algumas pedras e caio de joelhos chorando feito um bebê, eu estava na frente da minha casa, suja, machucada, morta.

Fazia 3 horas em que estava parada, lembrando tudo que já vivi e me torturando por ter voltado.

Por que o ser humano é tão idiota? Sofre e volta pro mesmo lugar achando que o tempo resolveu tudo.

Não resolveu droga, continuava aqui, tudo... Tudo.

Grito o mais alto que posso e vejo as luzes sendo acessas, luzes que quando precisei elas nunca funcionava. Eu odeio tudo isso.

A porta se abre e vejo uma mulher correndo até mim, ela vestia um sobretudo vermelho e estava com uma cara de sono que me fez ter vontade de morrer, há quanto tempo eu não dormia?

Suas mãos frias entram em contato com minha testa quente, eu estava com febre e sabia disso, porém, não dava a mínima.

- Agnes? - ela me reconhece e dou um sorriso amargo.

- Meu Deus menina, vou ligar para o seu pai - a palavra pai ecoa várias vezes na minha cabeça e eu me lembro do motivo de ter ido até ali.

Na verdade, não, não tinha um motivo certo, em um surto eu simplesmente fugi do hospital onde estava e vim até a minha casa tentando reencontrar ela.

- Sophie - levanto do chão e olho pra mulher que abaixa o olhar. Sophie não estava aqui, Sophie não estava em nenhum lugar dessa cidade, apenas em um cemitério, a sete palmos do chão e tudo por culpa minha.

As lágrimas insistiam em cair, mas dessa vez com vontade, meu peito se retraia e eu sentia cada vez menos o ar adentrando os meus pulmões. Era questão de tempo pra eu cair e desfalecer nesse chão, talvez fosse o que eu precisava.

- O que você fez? - ela pergunta ficando de frente pra mim e eu dou um sorriso sincero, ela sabia o que eu havia feito. E amanhã o mundo inteiro também saberia.

- Droga! O QUE VOCÊ FEZ - é a última coisa que escuto antes de sentir um alívio e desmaiar sobre os braços de uma mulher totalmente desesperada e sem saber o que fazer.

Eu estava inconsciente, mas mesmo assim não tinha encontrado a paz que eu buscava. Achei que a morte viria pra mim com todos aqueles remédios, porém, só consegui um maldito coma infernal.

"Mamãe por que eu tenho que sorrir pro homem mau? Ele me machucou ontem".

"Mamãe eu não quero ficar aqui, me leva com a senhora por favor.. Eu não aguento mais".

"Eu sou sua mulher por que a mamãe foi embora? Mas eu sou sua filha papai".

"Papai, papai"

Eu acordava a noite com ele em cima de mim, me machucando e achando tudo aquilo normal. Eu queria gritar pelo meu pai, mas ele já estava lá.

"Um dia, eu vou calar a sua boca para sempre. Você vai entender e vai querer falar, mas quem vai acreditar em uma louca?"

Ninguém, eu finalmente entendi, cresci e aprendi sobre o estupro em uma palestra na escola.

Eu gritei, eu berrei, eu chorei.. Eu contei, eu dei detalhes, eu desabei. Mas ninguém acreditou... Ninguém acreditou em uma louca.

Fui punida, meu pai, eu nunca fiz nada pra decepcionar ele, eu o amava. Eu amava sim com todas as forças que eu ainda tinha.

Mas como o amor pode virar ódio assim de uma hora pra outra? Como criança ingênua eu não entendia, ele tirou tudo de mim e depois fez com Sophie também.

Sophie, minha bebê.

Acordo do coma com meu coração batendo a mil, ela tinha 7 meses, 7 meses e mesmo assim ele abusou dela.

Eu não conseguia, eu realmente parecia uma louca, arrancando todos os fios ligados a mim e chorando como uma depressiva sem saída.

Eu me sentia a escória da humanidade.

Foi depois de muito apelo de uma das enfermeiras que consegui me acalmar, elas me sedaram e diferente do que imaginei, eu não fui colocada de volta na cama.

Com a visão turva eu ainda tentava enxergar, ele estava lá, com seu olhar frio e sua postura indiferente. Pegou o meu corpo frágil que ele já havia machucado tantas vezes e levou para o seu carro.

Eu não sabia qual seria o meu destino.

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