CAPÍTULO VINTE E NOVE
N I C O L A S • S H A N T A L
Alguns falam pra você ficar bem...
outros fazem você ficar bem.Dois dias... Só falta a minha parte do plano pra tudo dar certo.
Fiquei o dia todo no quarto sentindo um mal-estar, falso claro, já que fazia parte do plano, não tinha que ir pra enfermaria, eles tem que me levar pra um hospital.
Deu o horário do jantar e a Alysson passou aqui no meu quarto pra passar em mim uns pó de maquiagem que eu não sabia o nome, segundo ela me daria mais credibilidade na hora de ter um ataque.
Dou uma última olhada no espelho e me encorajo dizendo que sou capaz, a verdade é que por dentro estou nervoso e com uma grande chance de colocar tudo a perder com o meu jeito de ser com as outras pessoas que não são os meus amigos.
- Boa sorte - Kevin sussurra passando por mim no corredor.
Fiz minha melhor cara de doente e fui pro refeitório, as pessoas percebendo que eu não estava bem acabava dando espaço na fila pra eu poder pegar o jantar logo. A cozinheira havia colocado comida a mais na minha bandeja, procuro com o olhar a mesa onde a Alysson estava e vou até lá não abandonando o meu papel.
- Meu Deus, Nico o que aconteceu com você? - pergunta entrando no teatro.
- Tô mal Aly, acho que não vou resistir muito tempo - falo tossindo e engulo uma risada da cara dela.
- Calma, come e depois vai descansar... Vai ficar tudo bem - ela estava preocupada e algumas pessoas nos olhavam.
Comi metade da comida e começo a dar pequenos goles no suco de laranja natural, já devia ter começado a passar mal, mas estava nervoso demais pra isso.
Ia pegar na mão da Alysson, mas caio no chão com a cadeira e tudo começando a tremer, baba saia da minha boca e meus olhos reviravam, alguém grita de longe que eu estava sendo possuído e engulo uma vontade enorme de dar risadas colocando tudo por água abaixo.
- ALGUÉM AJUDA, SOCORRO - Alysson grita e nesse momento já tinha uma roda de pessoas formada ao meu redor.
- NÃO ENCOSTA NELE - reconheço o grito da Agnes e me pergunto o que diabos ela tá fazendo - MICHELINE, ELE PRECISA DE UM HOSPITAL, NÃO A MERDA DE UMA ENFERMARIA.
- CHAMA A PORRA DE UMA AMBULÂNCIA - um dos internos grita e eu já estava ficando com medo.
- O que tá acontecendo aqui? - era a voz da Valquiria, fodeu - Chame uma ambulância Micheline, nós o levaremos para o hospital.
- Sim senhora - porra, não acredito que deu certo.
Já tinha parado de me debater e agora estava fazendo o "desmaiado", não sei quem estava me levando pra ambulância, mas a pessoa estava apressada.
Muitas mãos tocavam em mim pra ver como eu estava respirando, já estava começado a ficar nervoso, e se eles descobrirem minha farsa? Eu vou me ferrar sozinho e eles não vão conseguir fugir, pior, a Agnes vai pra um hospital psiquiátrico.
- Batimento cardíaco fraco - uma mulher fala, deve ser enfermeira.
- Ele teve uma crise epiléptica - já estava dentro do hospital e eles me arrastavam em uma maca.
- Vamos deixar em observação até o paciente acordar - deve ser o médico.
Assim que fico sozinho me certifico de saber se estou mesmo no hospital certo, após ter certeza eu volto pra cama e nem percebo quando caio em um sono profundo, atuar cansa.
●●●
- Ou - senti alguém enfiando a unha na minha bochecha, mas não queria ter que abrir os olhos - Acorda, já tá passando da hora.
Abro os olhos de uma vez e me arrependo devido à claridade, tinha me esquecido onde estava e principalmente do plano, se não fosse nossa ajudante eu estaria dormindo até agora e o plano ia descarga a baixo.
- Já mudamos o seu diagnóstico e quando você for mandado de volta pro Instituto Florbella Bradstreet, vai estar tudo dentro da sua bolsa de remédios - fala baixo arrumando meu travesseiro pra disfarçar - Muito cuidado.
- Obrigado enfermeira, assim tá ótimo - falo e ela me olha estranho como se eu fosse louco.
- Que bom que acordou hum... - o médico fala assustando a enfermeira que engasga com a saliva - Nicolas Shantal, vamos fazer uma bateria de exames porque você tem que voltar ainda hoje.
Minha saúde não estava 100% por eu ter sido a merda de um drogado e alcoólatra, mas conseguia viver bem com isso. Quem ficou falando no meu ouvido foi o doutor, já não aguentava mais ouvir sermão, minha paciência era curta.
- Vou falar pra Sra. Fiore aumentar suas terapias, você precisa se cuidar rapaz - já nem dava bola pra esse cara - Beba água, vocês jovens precisam se hidratar mais - dou um sorriso falso e saio do consultório procurando por ela.
Vejo ela perto do bebedor com uma sacola preta e dou um sorriso de lado, estava me sentindo um contrabandista. Me aproximo e bebo água seguindo a recomendação do doutor, ela me entrega a sacola e sai rapidamente.
É tão bom respirar um ar puro que não seja daquela mansão, já sonhava acordado com o dia em que seria livre. Espero que a Alysson siga uma caminhada comigo, não temos nenhum tipo de envolvimento sexual, mas ela é alguém que quero pra minha vida.
Na ambulância o caminho foi silencioso, ninguém falava nada e nem fazia questão pelo visto. Era madrugada e eu estava sem um pingo de sono, só quero entregar isso logo pro Kevin e contar os dias.
Falta apenas mais um.
Desço da ambulância e sou acompanhado por dois guardas até a entrada da mansão, todos já dormiam como era de se esperar, entrego minha sacola pra Valquiria e ela analisa pra ver se não tinha nada proibido.
Com um frio na barriga, pego a sacola de volta e vou pro quarto pelas escadas mesmo, estava tremendo e suando frio, tudo podia ter dado errado, mas eu consegui porra, eu consegui.
- Só mais um dia caralho - falo e bato três vezes na porta do Jack e depois na do Kevin, era o sinal pra saberem que tudo deu certo.
Agora só um banho e aguardar o grande dia ansioso.
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HELP-ME
Teen FictionAgnes Hernández é uma garota comum. Até uma "simples brincadeirinha inocente" mudar tudo... Após um incêndio duvidoso na clínica psiquiátrica onde esteve por 2 longos anos, Agnes se vê livre de voltar para o inferno, porém, seu pai não está dispost...