Homicídio

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CAPÍTULO VINTE E CINCO

A L Y S S O N • V E G A S

Estou aqui se precisar de mim…

Era disso que eu precisava, um tempo com uma garota, uma pessoa que me entenderia e eu a entenderia também, melhor que os meninos.

– E então nós transamos ali na minha varanda na brisa da maconha – Agnes termina de contar a noite "produtiva" que ela teve com o Jack.

– E depois? – pergunto mexendo no notebook dela, estávamos jogadas em sua cama.

– Ah, ficamos esperando o dia amanhecer como se fossemos um casal – dá de ombros e eu começo a rir, eles não combinam e o Jack não serve pra ela.

– Não entre nessa furada – falo e ela me olha com um olhar triste – Eu e o Nico nunca transamos.

– Eu sei, ele fala que você não dá sinais de interesse pra ele.

– COMO É? Ele só pode ser burro não é possível – fico indignada e a Agnes começa a me dar umas dicas de como mostrar pra ele.

●●●

O dia até que estava sendo divertido, Micheline trouxe nosso almoço no quarto e os meninos não vieram nos perturbar. Estava tudo bem até Valquiria invadir o quarto e começar a discutir com a Agnes.

– Foda-se, não vou ter que aturar olhar pra sua cara lá mesmo – Agnes ria enquanto tirava Valquiria do sério e eu só observava rindo as vezes.

– Insolente, mal-educada – Valquiria estava vermelha de raiva – Você é uma vergonha pro sobrenome Conte.

– Ainda bem que eu só uso o Hernández – Agnes estava serena e calma e isso era raro.

– Claro – Valquiria dá uma risada amarga e vejo que lá vem merda – O nome de uma mulher sem escrúpulos e sem valor, você merece mesmo o sobrenome de uma ratazana.

– NÃO FALA DA MINHA MÃE – Agnes grita indo pra cima dela e eu a seguro pra não fazer o que a Valquiria queria.

– PARA, ELA QUER TE VER DESCONTROLADA – grito e ela se acalma parando de se debater.

– Sai daqui, Valquiria – tento soar ameaçadora, mas Valquiria apenas me olha com nojo.

– E você acha que eu tenho que te obedecer? – ri seca e juro que eu mesma vou voar no pescoço dessa mulher.

– Saia, Valquiria – a voz robótica fala do nada e todas nós nos assustamos.

– Sim senhora – Valquiria fala antes de sair totalmente envergonhada.

Começamos a gargalhar da cara dela e a Agnes a imita indo até à porta, essa menina é demais.

– Você não está preocupada em ir pra um hospital psiquiátrico? Fiquei sabendo que lá o tratamento é horrível – e era verdade, já ouvi relatos impressionantes de pessoas que passaram por esses lugares, um pior que o outro.

– Depende, se você tem dinheiro acontece igual aqui – ela senta na cama e eu entro no banheiro.

– Não queremos que você vá – uma tristeza me invade e não consigo controlar a vontade de chorar.

– Não vou – ela sibila sem emitir som e entendo que é porque eles ouvem a gente.

– Vamos esticar o corpo um pouquinho? – ela levanta do nada e eu a olho sem entender – Vamos à academia – essa animação dela não era contagiante, eu ainda estou triste.

Saímos do quarto conversando sobre nossa rotina de sedentárias e percebemos que estava um clima estranho, os guardas não estavam no corredor e isso fez a gente estranhar e descer pelas escadas correndo.

Não tinha ninguém andando pela mansão e isso já tava ficando esquisito, entramos na academia e um frio na espinha me invade só de lembrar o que aconteceu aqui dias atrás.

– O que foi? – Agnes pergunta notando minha expressão assustada.

– Acho melhor sairmos daqui – não me sinto confortável aqui e acho que em nenhum lugar onde uma pessoa já foi encontrada morta.

– Por quê? – ela não sabia?

– Ali – aponto pra onde encontraram o corpo do pobre garoto que teve a vida ceifada por um psicopata – Tinha um cadáver totalmente medonho dias atrás.

– Che schifoso – ela pega minha mão e juntas saímos enojadas.

– Como ele morreu? – oh, então ela não sabia, vou contar sem rodeios porque ela é minha amiga e tem que ver quem a pessoa que ela está se envolvendo é de verdade.

– Jack o matou – acho que fui direta demais porque ela parou do nada e ficou me encarando como se tivesse visto um fantasma.

– Agnes, para com isso – balanço o corpo dela que nem se mexe – Amiga você tá pálida.

– Aly, eu acho que vou… – é tudo que ela fala antes de desmaiar e eu a segurar no reflexo mesmo senão ia cair igual jaca podre no chão.

Esses desmaios preocupantes da Agnes não são normais, começo a gritar por ajuda e um menino vem correndo e a pega no colo.

– Enfermaria? – pergunta e eu me lembro do desentendimento da Agnes com a enfermeira.

– Por favor – não estava nem aí, o trabalho daquela mulher é cuidar de quem precisa.

Espero que seja apenas um susto, mas de qualquer modo ainda é culpa do Jack.

Entramos na enfermaria as pressas e estava vazia, agradeço ao menino que ajudou pra caramba e espero aquela mulher dá sinal de vida.

Quinze minutos depois e nenhum sinal dela, já estava com os nervos a flor da pele quando a porta se abre, penso em agradecer aos deuses, mas minhas esperanças vão tudo pro ralo ao ver três rostos que eu não queria, totalmente suados.

– Vocês – falo com desdém olhando para os meninos que fazem cara de ofendidos.

– O que aconteceu? – Nicolas pergunta olhando pra Agnes.

– Ela desmaiou depois de saber que o Jack matou aquele cara lá – estava a ponto de matar esse garoto.

– Nem vem, ele suicidou, agora vão querer me culpar até sem lógica – Jack fala estressadinho e eu reviro os olhos.

– Você confessou, seu doente – como consegue ser tão cínico.

– Confessei o gay da academia – fala como se fosse a coisa mais normal do mundo.

– E DE QUEM VOCÊ ACHA QUE EU TÔ FALANDO? – grito quase indo pra cima dele.

– Tá tudo bem, ela só precisa descansar – o Kevin fala e nós olhamos pra ele com as sobrancelhas arqueadas – Sou enfermeiro também e conheço bem a Agnes.

– Aly, tenho um jeito de convencer eles a deixar a Agnes ficar aqui – Nicolas fala eufórico e eu me interesso.

– Legal – esse Kevin tava começando a me irritar – E eu tenho um plano pra fugirmos daqui.

Nesse momento até o Jack se interessa no assunto, aqui pode não ser horrível, mas nada se compara a nossa liberdade.

– E por onde começamos? – Jack pergunta e o Kevin dá um sorriso sacana.

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