Fraco

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CAPÍTULO TRINTA E NOVE

K E V I N • D I A S

"Cansei de esconder que eu não sou feito de pedra
Que eu sofro, que eu choro, que também carrego mágoa
Vivo em depressão e não acho uma solução
É minha hora de fazer tempestade em copo d'água"
Lucas ART - Lágrimas Serão Sorrisos.

Isso não pode ser real...

ISSO NÃO TÁ ACONTECENDO...

Dez horas de vôo é muita coisa porra, havia conseguido um avião com uns parceiros e até uma pequena equipe que chegaria na França primeiro e começariam as buscas pela Agnes.

Eu não sou burro de achar que eles ainda vão estar naquele hotel depois de tudo, só espero que o Jack não tenha feito o mesmo que fez com o meu irmão.

De um psicopata podemos esperar tudo.

- Sr. Conte anunciou as buscas pela Agnes em todo canto do mundo - Daniel, o parceiro que mais confio e que estava comigo no avião, fala mexendo em seu celular.

- Qualquer lugar que ela estiver agora tá correndo perigo - falo suspirando - E ninguém sabe o que mais o Jack pretende fazer.

- Torcer para que nada né - Daniel fala dando um meio sorriso - Que motivo ele teria pra matar ela?

- Ele é um psicopata, Dan - fecho os olhos e me lembro do meu irmão - Psicopatas não precisam de motivos para fazer mal para os outros.

E é verdade, eu não sou psicopata, mas já estudei muito sobre eles quando o Jack matou o meu irmão, ele não tinha motivo e mesmo assim fez, então eu precisava de uma explicação, ele ser um monstro não dá direito de tirar a vida de pessoas de bem.

- Topa? - Daniel levanta uma cartela de remédio pra dormir.

- Quanto tempo? - pergunto e ele pega a bula pra ler.

- Ah mano, umas 7 horas - amassa a bula e joga em mim.

- Dá dois aí - dou de ombros e pego uma garrafinha de água.

Quarenta minutos depois e nada do remédio fazer efeito em mim, Daniel dormia igual um urso em hibernação, roncando igual um trator. Meu organismo é um lixo, se fosse droga ou bebida tinha pegado rapidinho.

Fico balançando a perna nervoso e pensando mil e uma merda, era como se minha cabeça fosse explodir com tantas informações.

Preciso da Agnes comigo, preciso cuidar e proteger dela, errei em não acabar essa aproximação que ela tinha com o Jack no começo, mas ela infelizmente já tinha caído na dele, nada do que eu fizesse ia mudar e poderia até afasta-la de mim.

Com a cabeça explodindo de dor eu tomo mais um remédio, foda-se que poderia me fazer mal, só quero dormir.

E com muito custo eu consegui.

●●●

Acordo com o barulho de chuva e levanto com dor nas costas, olho pela janela e vejo que o avião estava no meio do mato.

- ACORDA CARALHO - dou um tapa no Daniel que acorda assustado.

- Que foi porra? - coça os olhos e depois volta a fechá-los de novo.

- O QUE A GENTE TÁ FAZENDO NO MEIO DO MATO, DANIEL? - já tava puto.

- Ah - boceja e eu já tava ficando mais do que nervoso - Você não queria que a gente parasse no aeroporto e você fosse pego, não é? Tenho certeza que não.

- Custava ter me avisado? Fiquei com o cú na mão aqui porra - me jogo na poltrona e ele dá uma risada.

- Bora lá - levanta se espreguiçando - Resgatar a princesinha.

Assim que saímos do avião tinha um carro esperando a gente, iríamos encontrar com a equipe que já tinha iniciado as buscas em frente ao hotel que o Nicolas me passou o endereço.

Assim que chegamos lá conseguimos ver 5 carros parados um ao lado do outro, fizemos sinal pra mostrar que éramos nós que havíamos chegado e logo em seguida todos desceram do carro, vários parceiros de longa data se faziam presentes.

- Falaram que o Jack foi embora primeiro com uma mulher e depois de um tempo a Agnes saiu chorando - Leonardo fala sério olhando pra mim.

- Então eles não estão juntos - Daniel diz o óbvio.

- Na boa? - Jhony fala e todos nós olhamos pra ele - Esse Jack fez o joguinho dele e depois vazou mano, ele deixou a mina aí pra se virar sozinha ou até pra ser pega.

- Então ela deve estar pela cidade porque pega ela não foi, se fosse nós já saberíamos - falo torcendo pra ser verdade.

- A parada agora é se dividir e procurar ela, essa cidade é enorme - Daniel fala me olhando.

- Espera - falo assim que meu celular vibra no bolso.

"Kevin, a Agnes mandou mensagem de voz e falou que acabou de chegar na Itália, disse repetidas vezes que ia voltar para a casa, ela parecia estar transtornada..."

Voltar pra casa... Não, por favor que eu não esteja certo.

- Quanto tempo daqui até a Itália? - pergunto olhando pro chão tentando segurar as lágrimas.

- 1 hora e uns 2/3 minutos voando, por quê? - Marlon responde com prontidão.

- É pra lá que eu vou agora - levanto o olhar e eles me olham surpresos.

- E a gente? - Jhony pergunta.

- Pô, valeu mesmo gente - olho pra cada um deles agradecido - Vocês me ajudaram pra caralho, mas agora vou ter que ir sozinho.

- Tudo bem cara, precisar estamos aqui - Leonardo faz toque comigo e depois todos fazem o mesmo.

- Vocês também, conta sempre.

- Boa sorte - Daniel me abraça e eu devolvo o abraço o apertando forte - Se encontrar esse Jack, chama a gente pra se divertir com você.

- Valeu mano - nunca vou conseguir agradecer tudo que ele já fez por mim.

Entro no carro sozinho e volto pra onde o avião estava parado, dou as coordenadas pro piloto e rezo pra conseguir alcançar a Agnes enquanto há tempo.

Meu peito ardia e uma dor não me deixava respirar, não me esforçava mais em prender as lágrimas e agora eu soltava tudo que estava preso dentro de mim.

Me permiti chorar não me importando de estar parecendo um fraco.

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