Meu Jogo

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CAPÍTULO QUATORZE

J A C K • S M I T H

"Manipulação é arte
Sua decepção faz parte
Cê é nada pra mim, é só uma peça e no fim
É usável e descartável para a mente de uma lenda"
Felícia Rock feat. Takeru - Rap da psicopatia.

Ah o ego... Posso dizer que o meu já está alto pra caralho.

Em duas semanas eu já tinha a vadia na palma das minhas mãos, e não precisei de muito esforço pra isso, apenas fingi ser uma pessoa que eu não era e veja... Pra destruir seu coração agora é um passo.

– JACK – escuto a voz dela me apressando e engulo uma vontade de mandar tomar no cú.

– Vamos, o carro já chegou – estava amarrando o meu cabelo quando ela me puxa pelo braço e sai correndo igual criança atrás do carro do sorvete.

– A Aly e o Nico já foram, vamos todos pro mesmo lugar hoje – ela tinha um maldito sorriso no rosto e eu estava sem a mínima vontade de fingir animação.

Hoje era quinta-feira e tinha os malditos trabalhos sociais, era o primeiro da Agnes e ela tava criando expectativas demais pra uma coisa totalmente chata.

– O que será que vamos fazer? – ela estava animada demais e minha vontade era estourar a cabeça dela no vidro desse carro.

– Ajudar alguém folgado pra porra - não disfarçava meu mau-humor nesses dias, bancar o compreensível cansa.

– Vamos – a enfermeira da Agnes entra no carro sentando no banco do carona – Hoje iremos conhecer um hospital psiquiátrico.

– Ótimo bom que ela já pode ficar por lá – murmuro descontente, mas ainda bem que ela não escutou.

Hospital psiquiátrico, porque merda iríamos em um hospital psiquiátrico? Já não bastasse a quantidade de doentes que aquela mansão já tem.

– Agnes, você já pode usar isso, o Sr. Fiore achou melhor esperar um tempo pra ver sua adaptação, mas não vá esquecer de seus afazeres, ok? – a mulher entrega um chip de celular pra Agnes e eu fico observando com uma expressão entediada. Porém, por dentro eu queria estourar os miolos dela.

A Agnes tinha vantagens que nenhum dos outros internos tinha, ela tinha um quarto separado que era muito melhor que o nosso, tinha um celular e um notebook que pra nós são objetos proibidos, ela pode deixar de fazer as tarefas diárias é só dizer que está indisposta, e tudo isso por ser filha de um merda.

O carro estaciona e o motorista avisa que já chegamos, Agnes sai saltitando e eu só queria matar alguém.

– Jack, você pode se juntar aos outros, a Agnes ficará comigo – a enfermeira fala e eu respiro fundo pra não colocar tudo a perder.

Olha aí a injustiça do caralho, enquanto nós fica fazendo coisas igual uns retardados, a vadia vai ficar livre, provavelmente sentada debaixo da sombra e só esperando a hora de liberarem os retardados pra poder ir embora.

Me aproximo de Alysson que estava muito próxima do esquisito ultimamente, eles estavam com cara de sono e eu nem fiz questão de cumprimentar ninguém.

– Vamos limpar o pátio lá atrás – Alysson fala com cara de cú e eu entendo ela, dessa vez estamos na mesma situação.

– Algum doido? – pergunto e o esquisito nega com a cabeça.

– Pelo menos isso – dou de ombros e vou caminhando na frente.

Óbvio que eu não limparia merda nenhuma, encontrei um banco no meio de umas flores e tirei a sujeira antes de me deitar e esquecer que esse trabalho social existe.

– O que pensa que está fazendo? – pronto não se pode mais ter paz em nenhum lugar desse mundo.

– Descansando – falo o óbvio e já vi que não vou ter mesmo paz.

– Ah não Jack Smith, pode ir tratando de pegar uma vassoura e varrer essa parte aí – Alysson cruza os braços na minha frente arrebentando o meu último fio de paciência.

– Aly, deixa ele aí – o esquisito chama ela com medo, mas eu conhecia bem a Alysson.

– Não Nico, ele é folgado – me levanto e dou um sorriso pra ela.

– Eu disse que vou ficar quietinho ali descansando, você e esse esquisito tem duas mãos pra fazer o trabalho duro.

– Isso, e a princesa vai ficar descansando a beleza – puxo o cabelo dela com força, mas ela afasta se soltando.

– NÃO ENCOSTA EM MIM – a mão dela vai com tudo na minha bochecha, mas sinceramente? Não fez nem cócegas.

O primeiro soco foi libertador, acertou em cheio a mandíbula dela, comecei a gargalhar assim que o esquisito jogou a vassoura no chão e veio pra cima de mim. Isso seria divertido.

Ele me batia e eu só dava risada, Alysson tentava tirar ele de perto de mim, mas o garoto estava transtornado, parecia até um homem de verdade.

Sentia o sangue escorrendo do meu nariz e no canto da minha boca, isso ficaria feio se eu não colocasse um gelo.

– Para Nico, é um jogo – Alysson entra na frente dele que para e fica me encarando, voltando em si.

– Olha, ela pensa – dou uma risada sarcástica e ela fecha a mão me dando um soco no olho, desgraçada.

Dou as costas sentindo uma dor fodida e escuto o choro do esquisito, eu deveria ser considerado um deus, fala sério.

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