Companhias Do Almoço

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CAPÍTULO DOZE

A G N E S • H E R N A N D É Z

"A vida é um suicídio lento
Viva por momentos
E morra por dentro"
Neephesto CDR (CB13) - Eu tô mal, mas tô bem.

- Não gosto quando cantam pra eu dormir - falo enquanto arrumava o travesseiro de um jeito confortável.

- Você também não gosta de nada normal - ele faz uma careta e eu dou de ombros.

- Obrigada Jack - fico um pouco mais séria e sinto os meus olhos começarem a arder.

- Senza problemi* - ele fala perfeitamente o italiano e eu não canso de me surpreender com esse garoto.

- Che bello* - dou risada, mas paro assim que ele começa a rir também, era a primeira vez que eu via o seu sorriso e me parecia tão sincero.

Já estava quase na hora da janta, e mesmo sabendo que vai dar problema, Jack ficou comigo o tempo todo desde que o meu pai foi embora.

Eu sei que eu pedi pra ele ficar, mas era só até eu pegar no sono, não achei que fosse acordar e ele ainda estaria aqui.

Não digo que julguei mal o Jack pelas condições em que nos conhecemos, ainda tinha vontade de arrancar o pescoço dele, mas ele fez por onde e conseguiu invadir meu espaço tendo assim uma nova chance.

- Estamos a um tempão conversando e só falamos de mim - falo olhando as horas no meu celular inútil que não tinha chip nem nada.

- Eu não sou tão interessante - noto que ele fica nervoso, mas disfarça bem.

- Duvido - ele realmente parecia guardar muita coisa.

- Bom loirinha, tenho que tomar um banho - Jack se levanta e dá um sorriso sem graça - Nos vemos no jantar?

- Tutto bene, loirinho - falo divertida e ele sai apressado, ainda vou descobrir os seus mistérios.

Fecho os meus olhos e permito descansar um pouco, nem sei como estaria agora se o Jack não tivesse chegado e impedido o meu pai, tenho que parar de pensar no Jack.

- Nicolas - falo um pouco alto demais e me toco de que péssima amiga eu sou.

Levanto correndo e calço minhas meias, estava com a blusa do Jack que ia até metade das minhas coxas, visto um short e saio correndo do quarto igual maluca.

Já estava morrendo sem ar quando chego no elevador, os guardas me olhavam como se eu tivesse graves problemas mentais e eu os ignoro entrando e já apertando o botão com número 3.

Eu não sabia qual era o quarto de Nicolas, nem deu tempo dele conhecer meu quarto ou eu conhecer o dele, vou ter que dar um jeito agora.

- Já sentiu saudades? - escuto aquela voz única e inconfundível.

- AH - grito, pois ele seria minha salvação agora - Onde é o quarto do Nico?

- Aquele ali, por quê? - ele aponta pra uma porta com o número 13.

- Grazie - vou correndo e tenho certeza que estão todos achando que não sou normal.

Bato na porta umas cinco vezes e nada, penso que ele pode estar lá em baixo então dou meia volta e a porta se abre.

- Nico - pulo nele o abraçando e vejo que ele tem uns machucados no rosto - Nossa, o que aconteceu?

- Nada, vem... Como você está? Eu fiquei preocupado - ele me puxa pra dentro e eu decido não forçar ele a falar nada, quando ele se sentir a vontade e quiser me contar, estarei para o ouvir.

- Benne grazie - agradeço a preocupação e ele sorri - Vamos jantar?

Nicolas estava diferente, mais solto eu acho, bom eu também estava, mas somente com ele, acho que fizemos bem um ao outro. Ele só tem que confiar um pouco mais em mim.

Assim que chegamos no refeitório eu procuro pra ver se encontro o Jack, pego minha bandeja e olho pro cantinho dele, mas ele não estava, dou de ombros e me sento em um banco com Nico.

Estávamos concentrados comendo quando duas pessoas sentam na mesa com a gente, levanto meu olhar e vejo Jack e uma menina de cabelos platinado, linda.

- Olá - cumprimento os dois e Jack apenas balança a cabeça.

- Hey, sou a Alysson amiga do Jack - a menina sorri e eu sorrio de volta apertando a mão dela.

- Eu sou Agnes e ele é o Nicolas.

- Nicolas - ela fala como se estivesse testando a sonoridade do nome em sua voz.

- Ele é assim mesmo - dou um sorriso sem graça quando vejo Nicolas tremendo.

Eu sou uma pessoa muito ruim, sei que ele não se sente a vontade com outras pessoas e mesmo assim permito isso. Me aproximo um pouco de Nicolas e seguro a mão dele, ele me olha sorrindo e todos continuamos a comer em silêncio.

- Vocês são muito calados - Alysson fala deixando sua bandeja já vazia de lado, pra falar a verdade a de todos estava.

- É porque a hora de comer é sagrada, Alysson - Jack fala um pouco frio e eu me lembro de quando conheci ele.

- Oh, me desculpe se acho isso tudo uma balela - ela revira os olhos e eu dou risada da cara que o Jack fez.

- Você nunca leva nada a sério mesmo, né? - ele estava bastante alterado e não tinha necessidade, Alysson mostra língua pra ele que fecha os olhos pra se controlar.

- Nicolas - ela chama a atenção de Nico que até agora não tinha falado nada, ele não olhou pro Jack em nenhum momento - Quer dar uma volta comigo?

- Tá tudo bem - sussurro pra ele que levanta ainda indeciso.

Fico olhando eles se distanciarem quando sinto uma mão em meu ombro, Jack estava parado com um sorriso no rosto e aparentemente calmo.

- Você já foi lá fora? - ele pergunta e eu fico sem entender.

- Da mansão? - ele balança a cabeça que sim e eu balanço que não.

- Me daria a honra, senhorita Hernández? - estende a mão pra mim e dá um meio sorriso.

- Claro, meu caro Smith - faço reverência pegando na mão dele que bufa me guiando.

♤♤♤

Tradução das palavras ditas em italiano:

Senza problemi -- Sem problemas.
Che bello -- Que ótimo.

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