Capítulo 26 -

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Entrei na sala de aula e deixei de lado a pequena provocação com Vinícius

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Entrei na sala de aula e deixei de lado a pequena provocação com Vinícius. Sentei na cadeira depois de pôr os matériais sobre a mesa. Os alunos iam entrando e como hoje iria aplicar uma prova todos já sabiam como funcionava, as cadeiras já estavam em ordens, tudo uma distante da outra.

Por fim, quando achei que todos já haviam chegado, olho para o fundo da sala e não a vejo.

— Vocês sabem de Valéria? — Questiono — Ela nunca se atrasa que estranho.

— Sei não "fessora" — Clóvis, o que senta proximo a ela respondeu.

Valéria é uma das mais inteligentes da turma e nunca se atrasa, principalmente em semanas de provas e isso é estranho. Enquanto decido esperar mais cinco minutos, vou pedindo a todos que guardem os cadernos e mantenham em mãos apenas lápis, borracha e caneta azul ou preta e assim eles fazem porque a maioria sabem que dependem única e exclusivamente dessa prova para passarem na unidade.

Já haviam passado os cinco minutos e decidi aplicar a prova, quando olhei no relógio para ver o tempo que ainda tínhamos ela aparece na porta.

— Posso entrar? — Pergunta baixo. Baixo demais para o meu gosto.
Aceno e estendo a prova para ela que pega e vai mancando até sua carteira,

Estreito o olhar quando ela tem todo cuidado ao sentar na cadeira, e faz uma careta de dor quase imperceptível.

Mas eu percebi.

E não gostei disso.

Um arrepio estranho perpassa pelo meu corpo, me fazendo abraçar meus próprios braços com uma sensação estranha.
Quando o horário da aula chega ao fim, eu levanto para recolher tudo mais que imediatamente, e quando me ponho em frente a ela vejo umas marcas roxas quando a mesma levanta o braço para me entregar a prova.

— O que é isso? — Pergunto e ela se encolhe sabendo bem do que eu falo. — Essas manchas no seu braço. — A perplexidade na minha voz é quase palpável, e o  fato de estar com um casaco não impediu em nada, eu vi os pulsos.

— Não sei do que a senhora está falando. — Ela parece trêmula quando se  levanta rápido e sai da sala, tentando ao máximo não mancar.

Depois do episódio eu não fiquei em paz, e o pensamento dela apanhando seja lá de quem for não saiu da minha mente. Me pego pensando em quantas vezes eu passei por uma situação parecida, nós professores por ver isso, pelo menos eu me sinto na obrigação de saber o que está acontecendo.

E não sei se estava fazendo o certo quando bati na porta da diretoria. E sei menos ainda que cara eu fiz quando entrei dando de cara com eles dois lá dentro. Natália estava atenta olhando diretamente para Vinícius enquanto ele conversava calmamente com ela porém com o olhar em mim  ao adentrar a sala.

— Espero que entenda professora Natália. — Seu tom de voz e estritamente profissional e sinto um certo alívio ao notar isso.

— Claro Diretor Monteiro, me desculpe qualquer coisa eu não sabia que era comprometido. — Levanta e se vira para mim. Não nego que a minha vontade é lançar um sorrisinho e parece que faço inconcientemente porque tenho em mim o olhar repreensivo do nosso diretor. — Com licença.

Passa por mim e a vejo dá um leve grunhido, enganada pensando que isso me assusta.
Quando bate a porta volto a olhar para ele. Respiro fundo tentando em vão me concentrar em outro lugar que não seja ele. Está apaixonada é uma merda, não tenho controle nem com a porra das minhas expressões.

Então quer dizer que o senhor é comprometido?

— O que deseja Mariana? — Pergunta indicando a cadeira continuando no tom profissional e isso está me fazendo ter ideias absurdas, porém me concentro para o que realmente vim fazer aqui.

Não sou de ficar fazendo rodeios então vou logo ao assunto.

— Eu não sei se é paranóia minha. — Ele estreita os olhos — Bom, uma aluna chegou hoje atrasada e estranha...

— Estranha como?

— Mancando e... — Gesticulo com as mãos pensando está exagerando ao trazer isso assim para ele, pode não ser nada mas... Pode ser algo. Eu não pagarei para ver o pior. — Com manchas roxas nos braços, ela está diferente, é uma das melhores alunas e nunca eu tive motivo para chamar seus pais ou qualquer responsável aqui, não é uma garota que parece dar trabalho em casa, e mesmo que fosse, aquelas manchas estão horríveis. Quando perguntei o motivo ela se esquivou e saiu quase correndo da sala.

Estou respirando rápido porque só o pensamento de alguém está violentado-a me deixa irada, não quero pensar o pior mas é inevitável.

— Você está desconfiando que ela esteja sofrendo algum tipo de abuso. — Não foi uma pergunta. Porque ele também está pensando o mesmo. — Isso é um colégio público e eu não sou da lei. Mas vamos descobrir o que está acontecendo nem que para isso tenhamos que vigiar sua casa. — Seu tom de voz é sério e raivoso, me causando arrepios dos pés a cabeça. — Porém primeiro você vai conversar com ela, e tentar extrair alguma coisa.

Sorrio balançando a cabeça. Fico parada e só me dou conta de está chorando quando um soluço escapa dos meus lábios. Rapidamente ele dá a volta na mesa e sinto seus braços ao meu redor me confortando, me acalentando de uma maneira que ele nunca fez.

— Ei morena, está tudo bem. Ela não e você ou sua mãe. Vamos pensar positivo e torcer que não seja nada de mais. — Beija minha cabeça e acaricia meus cabelos

Eu não reajo bem a violência, me lembra ele agredindo a minha mãe, odeio quando a cena se repete em minha mente e eu me vejo no passado sentada perto dela vendo todo aquele sangue e que hoje eu sei muito bem do que se tratava, hoje eu entendo o porquê dela ter ficado dois dias no hospital.

— O que você vai fazer agora a tarde? — Questiona baixo perto do meu ouvido.

E eu fico surpresa com esse jeito novo dele. Porém me lembro da minha mãe, ela chega hoje a tarde e terei que busca-la na rodoviária... Merda, tinha esquecido completamente.
Tiro o rosto do seu peito só para olhar em seu rosto e vislumbrar os seus olhos em mim, ansioso por uma resposta.

— Eu vou pegar a minha mãe na rodoviária. Bom, ela tá chegando hoje de Salvador e eu tenho que ir buscá-la. — Digo.

— Eu levo você, nós vamos buscar a sua mãe se quiser. — Avisa em tom decisivo e eu não digo nada, até que o barulho do fim do intervalo nos interrompe e ele se afasta para me deixar levantar.

— Já que insiste diretor. — Provoco e vejo um sorriso de lado surgir.

— Insisto muito. — Responde cruzando os braços e encostando-se a mesa sorrindo presunçoso. Vou caminhando até a porta porém paro quando ouço dizer. — E a propósito, adorei os óculos, adorei como sua boca estava mordendo ele, e adorei mais ainda os seus seios daquela maneira. — A cada palavra saída da sua boca minhas pernas vai virando gelatina. — Você é uma menina muito má Mariana sabia disso?

Me viro lançando meu sorriso mais travesso.

— Tchau Vinícius. — Abro a porta e saio, só aí conseguindo respirar normalmente.

O homem me leva do céu ao inferno em questão de minutos.







Tentarei postar outro amanhã.

Bjs

 MARIANA ©  - OGG 1 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora