Rodolfo
(narrando)Confesso que fiquei surpreso quando vi a Isadora batendo na Alice, não achei que ela fosse de bater em alguém, ou melhor sei que ela não é, deu para perceber em seu rosto quando eu á tirei de cima da Alice, — qual deve ter sido o motivo? — pergunta minha mente curiosa para saber, mas decido que não vou perguntar.
Levo a Isadora para o outro cômodo que tem na galeria perto do corredor e dou um copo com água para que ela se acalme. Meus olhos á analisa para ver se encontro algum machucado, e em seu braço vejo que tem um arranhão bem feio, com certeza foi Alice quem fez, ela tem unhas enormes. Vou buscar algo que sirva para colocar no seu arranhão, enquanto a morena se senta na pequena mesa que tem próximo a parede, ela fica calada só me observando. Pego um algodão, molho em um pouco de álcool que tem em cima da pequena pia da "cozinha", e encontro uma caixinha de band-aid em cima da geladeira, vou em sua direção, passo o algodão com álcool em seu braço e ela solta um gritinho quando o álcool entra em contato com a sua pele e por último coloco o band-aid em cima do arranhão, ela olha cada gesto que faço com atenção.— Obrigada, não sabia que você tinha um coração.
— ela diz sorrindo.— E você é muito engraçada, sabia?!
— debocho.— Sempre soube.
— retribui o deboche— Agora me diz... Porque do b.o?
— não queria perguntar, mas não conseguir segurar a minha curiosidade.— Nada, apenas aquela vagabunda que não parava de me olhar.
— responde, com um tom de voz suave.Eu não aguento ouvir que o motivo da briga foi por causa de um olhar e solto um riso que tentava segurar.
— O que foi? Não tô vendo graça nenhuma.
— diz cruzando os braços na frente do peito.— Fala sério, morena, você arrebentou a garota porque ela te olhou, até eu fiquei com medo de você agora.
— digo em um tom de brincadeira e sorrio.— Acho bom você ter mesmo, viu do que eu sou capaz de fazer.
— ela se gaba.— Se você é capaz disso em público imagina entre quatro paredes.
— digo me aproximando de seu rosto.A morena cora na hora e noto que ela não sabe o que falar, pois abre a boca e fecha algumas vezes sem emitir nenhum som, logo me encaixo entre as suas pernas que estão entreaberta por causa do jeito que está sentada na mesa, seu vestido acabou subindo, ficando um pouco mais a cima das coxas, aproximo meu rosto cada vez mais do dela, quando estou preste a sentir o sabor daquela boca linda, o Maicon e a loirinha abrem a porta do quartinho fazendo um barulho e em seguida saem de dentro do quarto. A morena da um pulo da mesa e me empurra sem jeito, — tinha que ser o Maicon — penso mentalmente.
— Desculpa se atrapalhei alguma coisa.
— Maicon diz percebendo o nosso desconforto.— Você não atrapalhou nada.
— Isadora responde sendo mais rápida na resposta que eu.— Na verdade eu tava a sua procura Mariana, vamos embora, acho que já deu por hoje.
— ela completa olhando para a Mariana.— Tá bom, vamos.
— diz Mariana revirando os olhos.A galega abraça o Maicon e lhe da um beijo no canto da boca em sinal de despedida, me viro e olho para a morena, seus olhos se encontram com os meus e consigo entender só com um olhar o que ela está tentando me dizer naquele momento, é um adeus silencioso que só eu consigo entender, faço um sinal positivo com a cabeça para que ela perceba que eu entendi o que seus olhos queriam me dizer. A Mariana me da um tchau com um sorriso de orelha a orelha, ela realmente gosta de sorrir, e a Isadora acena com a mão e sussurra um tchau para mim e para o Maicon. Vão as duas em direção a saída, ficando cada vez mais longe sumindo do meu ponto de vista. Quando isso acontece me viro para o Maicon e quase mato ele por ter aparecido em uma hora muito errada.
Isadora
(narrando)Após alguns minutos já estamos deixando a favela para trás, e pegando a estrada até a zona sul, depois de uma noite cheias de emoções.
— O que foi isso no seu braço?
— Mariana diz apostando para o meu braço.— O que?
— pergunto olhando para o meu braço e vendo o band-aid, nem me lembrava mais dele.— Um band-aid.
— responde.— Ah, isso foi uma briga que peguei.
— digo concentrada na estrada sem nem olhar para o seu rosto.— Uma briga? Só se for com um gato né, você só tem um arranhão.
— comenta sorrindo.— Tá fazendo teste para virar palhaça, amiga? Não sabia.
— digo ironicamente.— Vai, deixa de brincadeira e me fala logo a verdade.
— ela diz— Eu falei sério, se não acredita em mim, liga para o Rodolfo e pergunta, acho que ele viu tudo.
— digo.— É sério isso, eu perdir de ver você brigando, não acredito nisso, me conta tudo, como foi? Detalhes por favor.
— ela diz, desesperada e vagamente.— Eu... dei uns tapas naquela menina que estava lá em cima...que se chama Alice. Não foi nada demais.
— explico lenta e claramente.— Não foi nada demais? Você bateu em alguém.
— ela sorrir claramente tão surpresa como eu por ter feito isso.— Para tudo tem uma primeira vez.
— comento e dou de ombro.— O que ela fez para merecer uns tapas?
— ela pergunta.— Nada demais, apenas ficou me olhando com cara feia.
— respondo com sinceridade.— Oi? Não acredito no que ouvir.
— ela da gargalhadas sem parar.— Ah não, até você. Que graça isso tem?!
— questiono.— Você Isadora Tavares, saiu aos tapas com uma garota só porque ela te olhou feio, isso deve ter sido hilário. Eu posso jurar que teve ciúmes ai nessa história.
— ela diz e sinto seu olhos em mim.— Ciúmes? Ah vai a merda, Mariana. Acha mesmo que eu ia brigar por causa de um homem, ainda mais um que nem conheço direito? Não mesmo, querida.
— digo levemente alterada, só em pensar na possibilidade de sentir ciúmes de alguém que acabei de conhecer me deixa nervosa.— Se você está dizendo né.
— seu tom de voz é sarcástico.— Agora me conta como foi a transa com o Maicon, valeu a pena me deixar sozinha naquela galeria?
— pergunto em uma tentativa de mudar de assunto.— Ô se valeu, nem lembrei que você existia na hora.
— ela diz sorrindo. E eu sei que ela está brincando.— Ié sua vaca, só não te bato agora porque estou dirigindo.
— digo de modo brincalhão.— E você, beijou ou não beijou o Rodolfo?
— ela pergunta.— É claro que não, de onde você tirou essa ideia, do Rodolfo eu quero é distância.
— respondo, me recusando a deixar que a confiança na minha voz falhe.— Não foi isso que percebi quando cheguei naquele cômodo.
— ela diz— Aquilo foi um mal entendido.
— rebato.— Uhum sei, você pensa que me engana, Isadora.
— estreita um pouco seus olhos e me encara.— Chegamos, não aguentava mais você.
— nem percebi que já estava chegando, mas fiquei contente por poder encerrar aquele assunto constrangedor.— Você me ama que eu sei.
— se gaba.— Vai pensando.
— digo sorrindo e saio do carro.Entramos na casa e vamos direto para o quarto, estou super cansada, me deito na cama de casal da Mariana e me entrego ao sono, sem nem ao menos tomar um banho ou trocar de roupa.
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Fire Of Life
RomanceIsadora é uma menina da classe alta, mas que não foi totalmente atingida pelo o meio onde vive. Seus pais acham que devem apenas se relacionar com pessoas do mesmo nível social, mas para Isadora isso são só bobagens de uma sociedade preconceituosa...