C A P Í T U L O - 03

3K 234 151
                                    



Depois que sai da penitenciária — completamente tocada com tudo que Jade tinha me dito —, eu tinha ido para uma caféteria próxima ao meu apartamento, evitando ao máximo ir para casa, já que Carly naquele horário costumava estar lá com algumas de suas — varias —, melhores amigas, para que pudessem almoçar todas juntas.

O que me fazia perguntar para mim mesma o motivo que alguém teria para que todos os dias em um mesmo horário enchesse a casa de pessoas as quais ela sabia — por mais que fingisse que não —, que eram falsas com ela, eu não entendia, mas também não contestava. Talvez a culpa disso fosse minha, Carly passa a maior parte do dia sozinha enquanto eu trabalho, e quando ela não estava trabalhando ficava sozinha em casa, ela realmente precisava de companhia, mas precisava ser tantas?

Respirei fundo com aquele auto questionamento e tomei um pouco do meu café, olhando para a janela vendo a chuva cair com força sobre Boston. O sininho que ficava na porta acabou tocando depois de algum tempo e eu direcionei meu olhar para a porta, vendo minha melhor amiga, Leigh-Anne entrar afoita com o carrinho das gêmeas, Phoebe e Mônica.

Ela sorriu pra mim, e meio atrapalhada — ou totalmente —, passou com o carrinho pelas mesas até chegar em mim, ignorando os comentários que lhe eram lançados, caso contrário as pessoas iriam ouvir palavras não muito gentis saírem de seus doces lábios tingidos por um vermelho vivo.

— Desculpe a demora. — ela suspirou sentando ao meu lado e colocando o carrinho das gêmeas virado para ela. — Jesy e eu ficamos atrapalhadas com as meninas, mas enfim, por que desejou ter minha ilustre presença aqui?

— Preciso da sua ajuda? — disse e Leigh assentiu comprimindo os lábios.

Aquilo indicava que ela estava pensando, e Leigh-Anne pensando nunca dava em boa coisa.

— O que é que você quer em troca? — ri.

— Quero que você e sua esposa nojinho — ela fez careta. — olhem as meninas por uma noite, só para que eu e Jesy possamos ter um momento só nosso.

— Momento nosso? — repeti com confusão sua última frase.

— Transar Perrie, transar. — Leigh-Anne praticamente gritou e algumas pessoas olharam para nós.

Já acostumada com as vergonhas que ela me fazia passar constantemente, eu bebi mais um pouco do meu café com um ar risonho enquanto ela parecia evergonhada.

— Há quanto tempo você não faz isso? — pergunto fugindo completamente do foco inicial da conversa.

— Seis meses. — respondeu com desânimo, abaixando os ombros. — Sempre que vamos tentar Phoebe chora e acorda a Mônica.

— Entendi, eu e a Carly ficamos com elas por uma noite. — disse e ela sorriu. — Agora preste atenção, você volta quando para o trabalho?

— Daqui há uma semana, por que? — Leigh franziu o cenho.

— Preciso que você me faça um grande favor.

— Já sei sobre o que é. — ela se encostou na cadeira. — É sobre o caso que você e Jesy estão trabalhando. Quer a ficha criminal de quem?

— Michael Cooper. — respondi. — Minha cliente, a Jade, está presa sob uma falsa acusação de tráfico, ela foi a única achada no lugar e prenderam ela sem ao menos fazer uma investigação descente, os outros envolvidos estão soltos enquanto ela está presa. Isso é tão injusto.

— Me lembro desse caso, mas não participei das investigações, as gêmeas já tinham nascido e eu estava de licença. Eu vou fazer o máximo que puder, ok?

— Ok. — respondi.

Por mais que eu soubesse iria conseguir solta-la meu coração ainda apertava quando eu me lembrava que Jade estava presa, perdendo sua vida. Ela parecia ser uma pessoa tão boa, com um coração tão grande, não havia por que Cooper machuca-la daquela forma grotesca.

— Você fica desse jeito sempre que está envolvida demais em algum caso. — Leigh disse e eu olhei para ela. — Aprenda a separar as coisas. Vá para casa e converse com a chata da sua esposa, tome um banho, faça sexo, qualquer coisa, mas distraía essa cabeça um pouco, você está dando o seu melhor, você sempre dá o seu melhor.

— Eu vou tentar, mas esse caso em espécial está me atordoando desde ontem quando comecei a trabalhar nele. Aquele homem fez coisas horríveis com ela, e as marcas não vão ficar só em seu corpo. — disse e Leigh me olhou penalizada. — Mas por dentro também, e essas são as piores, eu tenho certeza.

— Essas são difíceis de serem curadas, Per, mas olhe. — ela colocou a mão sobre a minha. — Você é sempre tão dedicada quando o assunto é trabalho que esquece da sua própria vida. Como está o seu casamento, me diga?

Me calei. Não tinha o que responder, Leigh-Anne sabia bem melhor do que ninguém como estava o meu casamento, e eu podia ser claramente considerada uma péssima esposa. Carly merecia mais sentimentos do que eu realmente podia oferecer para ela. Pois eu já não podia afirmar com a mesma certeza de antes que ela é o amor da minha vida.

Durante esses quatro anos tivemos muitas brigas e possíveis separações, somos opostos, brigamos por coisas bobas, mas dizem que os opostos se atraem não é mesmo? Nesse tempo eu dei o meu melhor para que continuassemos juntas, mas o melhor não estava sendo o suficiente.

— Está na mesma. — dei de ombros.

— Não minta pra mim. — Leigh riu. — Não gosto daquela mulher, ela é fútil e metida, mas ama você.

— Eu sei, Lee. — já estava farta daquele assunto. Tomei todo meu café de uma só vez e puxei o cardápio para olha-lo. — Vamos comer outra coisa, dizem que a torta daqui é uma delícia.

— Sua cínica. — Leigh revirou os olhos.

— Só não quero falar sobre o meu casamento, eu e Carly estamos bem. — disse, ainda olhando o cardápio.

— Tudo bem, mas não venha dizer que eu estava certa quando ela te deixar. — as palavras de Leigh foram duras, mas não causaram muito efeito sobre mim, e era isso que me doía e me fazia pensar o quanto Carly merecia alguém melhor do que eu. — Mas se caso você vier a sofrer com isso eu vou estar do seu lado, pra isso que servem as amigas afinal. — ela sorriu e voltou a tocar minha mão.




only you • concluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora