C A P Í T U L O - 61

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Jade Thirlwall

Quando chegamos em casa, Perrie e Karl me deixaram sozinha com minha mãe, que estava tão emocionada quanto eu. Ela não falou nada durante todo o caminho até minha casa e eu também não. Estava com medo demais para isso, nervosa e ansiosa demais para falar qualquer coisa.

Nós subimos até o quarto dos gêmeos e eu mostrei á ela cada roupinha, sapatinho, laço, e brinquedo que Lauren já tinha começado a comprar aos montes, tanto para Alex quanto para Bruna. Minha mãe sorria mais a cada peça de roupa que pegava, apesar de não falar nada, mas eu pude ver as lágrimas em seus olhos, a decepção estampada em seu rosto.

Quando terminei de mostrar tudo fui mostrar o resto da casa para ela, que se animou, e pela primeira vez desde que chegamos falou alguma coisa, elogiou o bom gosto de Perrie. Agora nós estamos sentada na sala, aquecidas pela lareira bebendo nosso chá, enquanto Perrie ajuda meu irmão a preparar o almoço.

— Como... Como conheceu ela? — minha mãe perguntou bebendo seu chá.

— Ela é minha advogada. — respondi evitando olhar em seus olhos. — Perrie me pediu em casamento, mãe.

— Oh. — ela sorriu. — Que bom... Isso é ótimo, estou feliz por você, muito feliz.

— Perrie é meu anjo, mãe. — sorri.

O silêncio se instalou novamente e eu peguei minha caneca que estava na mesa de centro, bebendo agora que já está morno. Eu estou muito nervosa agora, com vontade de chorar em seu colo como quando era pequena, mas acho que ela precisa de explicações primeiro, assim como Karl precisou.

— Karl já te contou sobre tudo? — perguntei envergonhada, abaixando a cabeça, fixando meu olhar no chá de morango em minha caneca.

A gravidez está me fazendo ter desejos estranhos até para o chá.

— Sim, ele contou sobre a prisão, sobre Cooper e o que ele fez com você... Sobre tudo. — minha mãe passou a mão na minha bochecha, fazendo um carinho gostoso.

Coloquei minha mão sobre a dela e levantei a cabeça, deixando as lágrimas caírem uma atrás da outra, assim como minha mãe, que chorava junto comigo, acariciando-me com o polegar.

— Ele te machucou tanto meu anjo... Eu... Eu nunca deveria ter deixado você ir embora com ele. — ela soluçou. — Nunca. — minha mãe fechou seus olhos, balançando a cabeça. — Como você se sente agora, com ele preso, carregando os filhos dele... Você está bem com tudo isso?

Dei um leve sorriso afirmando. Levei minhas mãos até a barriga acariciando por cima do suéter, sentindo-os mexer.

— No começo eu tive medo, mas agora está tudo bem. — disse, e minha mãe olhou para minha barriga, receosa em colocar a mão. — Eles estão se mexendo, pode senti-los.

Norma deixou sua caneca na mesa de centro, se arrastando para perto e colocando ambas as mãos em minha barriga, sorrindo quando sentiu eles se mexerem.

É difícil acreditar que tudo isso é real, que tenho do meu lado agora minha família, as pessoas que eu amo, e dois anjos crescendo dentro de mim. Aos poucos as lembranças de Cooper sumiam, era como se ele não existisse na minha vida, e agora estava tudo bem, e eu tinha finalmente o meu final feliz.

— Ele sabe? Sabe sobre os bebês? — mamãe me olhou.

— Sim, sabe sobre Alex... — ela me olhou confusa. — Descobrimos tarde sobre a Bruna, ele não ficou sabendo e eu nunca iria falar nada dos meus bebês pra ele. Nós vamos cria-los, eu e Perrie, Cooper não tem que participar, dar seu nome ou ter alguma participação. Nós iremos registrar eles, e eles nunca vão precisar saber que Cooper é o pai deles.

— E quando eles perguntarem? — ela me questionou, voltando ao seu lugar.— Quando ele sair da cadeia?

— Eu irei dizer que foi inseminação artificial, como a maioria dos casais homoafetivos fazem. — balancei os ombros me esticando para pegar minha caneca. — Cooper nem se quer vai se lembrar deles, ou se importar com eles mamãe. — bebi meu chá morno.

Mamãe olhou para o lado como se me escondesse algo, fungando e secando seu rosto, bebendo seu chá em seguida. Franzi o cenho estranhando sua atitude.

— Aconteceu algo?

— A mãe dele foi me procurar em casa... — ela começou a dizer, e eu já podia sentir meu coração bater desenfreado. — No dia que ele foi preso, me perguntou sobre você e disse que estava vindo para cuidar do advogado dele, e outras coisas.

— Como alguém ainda podia querer defender esse homem? Cooper não tem defesa, ele tem que apodrecer na cadeira como o lixo que ele é. — disse com toda a raiva que tenho guardada em mim.

— Querida eu fiz uma coisa e... Me desculpe, eu estava com raiva, tudo que ele fez com você... Eu...

— O que a senhora fez mamãe? — perguntei nervosa.

— Eu disse para Martha que nem ela ou sua família iriam chegar perto de você ou dos meus netos... Ela não sabia... Ela disse que quer ver os bebês, quer vai participar da vida deles por que é direito dela, nós gritamos e eu á mandei embora. — novamente ela deixou seu chá de lado, e se aproximou, agarrando minhas mãos. — Eu não fiz por mal filha, juro que não, eu só quero o bem dos meus netos, só isso.

— Tudo bem, ela iria descobrir hora ou outra. — disse, e me levantei. — Martha e nem ninguém daquela família vai tocar meus filhos, nem mesmo ver de longe, nada, eu não os quero perto. — além do medo eu tinha firmeza em minha voz, mas minha mãe ainda parecia nervosa. — Tem mais alguma coisa mãe, ela falou mais alguma coisa?

Minha mãe fechou os olhos assentindo, chorando mais um pouco. Ela colocou as mãos em seu rosto iniciando um choro desesperado e alto, e aquela altura eu já estava chorando ao seu lado, esfregando suas costas dizendo que ela não tinha culpa, que tudo iria ficar bem, que Martha Cooper ou ninguém daquela família teria contato com meus bebês.

Perrie que carregava uma travessa em suas mãos, espalhando o cheiro gostoso de comida para toda a casa, parou no caminho, nos olhando e Karl que vinha logo atrás com uma garrafa de vinho também, nos olhando confusos.

— Ela disse mais uma coisa. — mamãe me olhou, e eu permaneci em silêncio aguardando por uma resposta. — Disse que iria recorrer a justiça para ter os gêmeos, disse que... Ela tinha direitos e iria recorrer a eles.

— Eles querem ter os meus filhos... Eles querem a guarda dos meus filhos?! — o desespero percorria cada celular do meu corpo enquanto eu olhava para minha mãe.

— Sim querida.




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Até o natal três beijo.

only you • concluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora