C A P Í T U L O - 46

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Jade Thirlwall

Camila estava grudada em mim enquanto caminhávamos até a cafeteria encolhidas dentro de nossos casacos, olhando desconfiadas para tudo ao nosso redor, como duas fugitivas da polícia. Entramos na cafeteria e não demorou muito para que eu visse meu irmão, era ele. No fundo eu tinha um pouco de medo que Camila estivesse certa, mas não, era Karl mesmo quem estava a minha espera.

--- É ele Camila. --- apontei para o meu irmão sentado numa mesa mais afastada olhahando apreensivo para os lados, ficando atônito quando seus olhos pararam em mim.

Meu coração disparou.

--- Tem certeza? --- ela sussurrou em meu ouvido e eu assenti. --- Vou me sentar logo ali. --- apontou para a mesa perto da janela. --- Qualquer coisa grite e eu chamo a polícia.

--- Não se preocupe Cami, está tudo bem.  --- sorri tocando seu ombro.

Camila foi até sua mesa sem tirar os olhos de mim, me fazendo rir um pouco. Respirei fundo e em passos lentos fui até o meu irmão mais velho. Ele estava de pé e me olhava com lágrimas em seus olhos, eu queria pular em seus braços e chorar, chorar como quando eu tinha seis anos e caía no chão, e corria para os braços do meu irmão mais velho. Karl sempre sabia como me acalmar.

Mas ao mesmo tempo, eu sentia vergonha de tudo o que fiz para a minha familia por causa de alguém como Cooper. Era difícil olhar em seus olhos por muito tempo, a vergonha me corroia dividindo um espaço enorme com a saudade.

Mesmo com o casaco grosso minha barriga de quatro meses já estava bem visível aos olhos alheios, e quando Karl parou seu olhar sobre minha barriga ele me encarou com espanto e decepção.

--- Você não vai dizer nada? --- perguntei tão  baixo que mal conseguia ouvir minha própria voz, assim que parei em sua frente.

Karl se sentou novamente e eu o acompanhei, sentando na cadeira a sua frente. Seus olhos cheios de lágrimas percorreram toda a pequena mesa aonde estavamos, ele parecia perdido, como se não acreditasse que eu estou bem na sua frente.

--- Janice me disse que você foi presa. --- seus olhos voltaram a econtrar os meus. --- O que foi que você se tornou por aquele homem? Você agora está esperando um filho dele, Jade.

Olhei para baixo envergonhada demais para focar em seus olhos.

--- Eu não fiz o que me acusaram, sou inocente e estou e estou esperando o julgamento que vai provar isso e devolver minha liberdade. --- disse baixo. --- Cooper era quem fazia tudo com uns amigos, eu só estava ali com ele, mas não por que eu o amava, mas por que tinha... Ainda tenho medo dele.

--- E por que não voltou pra casa, por que não ligou? Eu vinha te buscar. --- Karl estava exaltadado, indignado com o que tinha ouvido e eu o entendia muito bem. --- Por que acobertou tudo isso?

--- Ele me ameaçava, ele me batia... --- parei de falar segurando o choro. Respirei fundo ainda com o olhar baixo. --- Dizia que se eu fosse embora ele ia me achar e me trazer de volta... Eu tinha medo. 

--- Você não faz idéia do quanto nós te proucuramos Jade.

Voltei a olhar para o meu irmão, lutando contra a vergonha que estava sentindo.

--- Eu queria tanto voltar pra casa. --- funguei. --- Desculpe por ter agido daquele jeito, eu estava cega.

--- Nós avisamos tanto você. --- ele apoiou os cotovelos sobre a mesa e esfregou o rosto. --- Você não tinha que estar passando por nada disso, não tinha que estar presa a ele agora. Nós começamos a te proucurar depois do primeiro ano sem notícias nenhuma sua. Mamãe achou que você pudesse ter morrido ou coisa assim... Você tem noção do quanto suas atitudes influenciaram na nossa vida?

Karl estava fazendo eu me sentir pior do que antes, culpada e egoísta. Não rebati, apenas abaixei a cabeça e continuei calada. Lágrimas caiam sobre em minhas pernas mas eu ignorei, ouvindo tudo que ele tinha para me dizer.

--- Ele...Ele te machucou muito? --- Karl perguntou depois de um tempo em silêncio, deixando que apenas o som do meu choro e das pessoas conversando ao nosso redor se fizessem presentes.

Funguei última vez antes de olhar para ele. Eu queria poder dizer que não e diminuir toda a dor que ambos estamos sentindo, mas não dá, simplesmente não dá. Sem precisar dizer nada Karl percebe o que eu quero dizer e desvia o olhar deixando que suas lágrimas caíssem.

O silêncio voltou a se instalar e eu estava me sentindo desconfortável, enjoada, doida para estar nos braços de Perrie novamente, na nossa casa. Olhei para Camila que estava entretida com seu croissant e nem se quer olhava para mim. Karl olhava através da janela, observando a chuva que tinha se iniciado, parecendo perdido, magoado e culpado.

--- Deveria ter te prendido naquele quarto e não te deixado sair. --- ele disse baixo, secando o rosto. --- Deveria ter sido mais rígido com você.

--- Fez o melhor que pode. --- disse.

--- E o bebê... Você está grávida. Você vai ter um filho Jade.

--- Sim, eu vou. --- balacei a cabeça devagar. --- É um menino, Alexsander. --- sorri levemente e meu irmão me acompanhou.

--- É um belo nome. Mas e o Cooper? Ele sabe sobre o bebê, como você vai fazer pra cuidar dessa criança, você não pode sair daqui agora, não enquanto não for julgada. --- ele disse tudo muito rápido mexendo as mãos e eu comecei a pensar num jeito de contar sobre Perrie e eu.

É muita informação para pouco tempo, eu preciso ter jeito pra falar com ele.

--- Eu tenho uma namorada... --- Karl arregalou os olhos. --- Noiva na verdade. --- mordi o lábio inferior encarando meu irmão que estava completamente surpreso.

--- Você se separou do Cooper há quanto tempo Jade? --- Karl perguntou.

--- Quatro meses. --- ele abriu a boca para falar mas eu não deixei. --- Nosso relacionamento é recente Karl, eu amo ela e ela me ama também. Nós vamos nos casar depois que isso tudo acabar, vamos criar o Alex e meu filho não vai ter nada a ver com o Cooper, ele não terá contato ou o nome daquele homem.

--- Como conheceu ela?

--- Ela é minha advogada. --- respondi e meu irmão me olhou sério, como me repreendendo com seu olhar. --- Foi uma história complicada, mas tudo está se resolvendo agora.

--- Complicada como? --- indagou.

Contar para ele sobre como nosso relacionamento começou não é o ideial, Karl iria soltar uma enxurrada de críticas sobre o lar que eu eu possivelmente destruí. Conheço meu irmão há tempo o suficiente para saber que ele é rígido e não aceita esse tipo de coisa. Fiquei em silêncio por alguns minutos enquanto Karl me encarava esperando sua resposta .

--- Eu não estou aqui para me meter na sua vida, se você está com essa mulher é por que você gosta dela e tem certeza que é o certo. --- ele respirou fundo, percebendo que eu realmente não tinha uma boa explicação para dar. --- Afinal você já passou por muita coisa para se entregar a qualquer um. Mas me deixa te perguntar uma só coisa.

--- Pergunte.

--- Você realmente ama ela ou está fazendo isso tudo por gratidão, confundindo seus sentimentos?

Sorri sem mostrar os dentes olhando para a aliança em meu dedo, meu coração acelerou e eu não conseguia imaginar outra coisa que não fosse Perrie, não conseguia sentir outra coisa que não fosse amor, um amor forte. Sinto que não importa como ou em qual situação nós tivéssemos nos conhecido, eu me apaixonaria por ela e ela por mim.

--- Sem sombra de dúvidas Karl, eu amo aquela mulher.







only you • concluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora