Juramento de sangue(26)

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O rio que cortava a cidade efêmera não era um rio comum. O rio do meio como era conhecido passava pela cidade serpenteando entre as dunas. Delfir tinha contado para Haltr o porquê de o rio ter aquele nome: não era possível ver onde ele começava ou terminava, ele se estendia para além da cidade, indo até o deserto que de acordo com os lustsi não tinha fim. Como não podiam ver sua origem ou destino, o chamavam de rio do meio.

- Os lustsis podem chegar até o rio do meio através de qualquer outro que seja largo o suficiente.

Delfir estava explicando para eles como aquilo ia funcionar, os três estavam a beira do rio enquanto a anciã fazia alguns símbolos na areia usando seu dedo indicador.

- É uma dádiva de Iratir. Assim seu povo pode se reunir vindo de qualquer lugar do mundo. O rio funciona como um portal. É similar ao que os feiticeiros usam, mas se mantém sozinho, não precisa de termalina.

- Termalina?! - Haltr ficou surpreso de repente - Eu sabia que os feiticeiros e alquimistas usavam termalina para algo, mas não que era para portais. Eu cresci minerando termalina...

Delfir assentiu e continuou a explicação.

- É porque portais demandam mais energia do que qualquer feiticeiro seja capaz de prover. Somente usando a energia contida na termalina é que podem potencializar seus efeitos mágicos a ponto de conseguir se transportar por longas distâncias. O rio do meio é diferente, ele fornece a própria energia através do movimento da água.

- Como um moinho? - Perguntou Sieh.

- Sim. De certa forma. Além disso, não é preciso ser um feiticeiro ou trilhador para usá-lo, qualquer lustsi é capaz. A magia ocorre naturalmente, mas só se consegue vir para cá e voltar para o rio de origem. Para alterar isso é preciso entender a harmonia do rio. Por sorte de vocês, eu sou uma trilhadora. Está tudo pronto agora.

Delfir se afastou um pouco e mirou os desenhos complicados que tinham desenhado na areia a margem do rio.

- Enviarei vocês para o lugar que me pediu Sieh, mas uma ultima coisa antes de irem...

A anciã apanhou um punhado de areia e o deixou cair por entre os dedos, a cascata de areia ao invés de cair se transformou em um tecido fino. A anciã se virou de costas para eles e tirou o véu que lhe cobria o rosto, substituindo pelo feito de areia e então se virando para oferecer o que usava para Sieh.

- Use isso para cobrir o rosto. É tecido de verdade, não vai se desfazer em areia. Boa sorte... espero não estar cometendo um grave erro – Dizia a anciã de modo preocupado - Se algo der errado sabem que podem voltar para cá.

A anciã suspirou e meneou a cabeça como se em sinal de despedida e então colocou a mão sobre a areia, seu desenho começou a se mover, as linhas mudaram de lugar se combinando, entrando uma dentro da outra e formando novas figuras. Sieh amarrou o tecido sobre o próprio rosto e então encarou Haltr como se buscasse apoio. Haltr encarou de volta e tentou mostrar confiança. Sieh então pulou na água sem dizer mais nada.

- Obrigado por me curar! - Agradeceu Haltr apressado e então pulou na água também para não ficar para trás. A anciã respondeu alguma coisa, mas Haltr não conseguiu discernir.

 A anciã respondeu alguma coisa, mas Haltr não conseguiu discernir

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Entre a escuridão e a auroraOnde histórias criam vida. Descubra agora