A minha vida em folhas de papel

A verdade da tua mentira

No fundo da minha mente senti uma forte pancada, pancada esta que me atingiu fortemente no peito e o despedaçou.

Com impacto, os meus olhos arregalaram-se e choraram de aflição.

As pupilas estremeceram-me e o brilho claro do meu olhar estendeu-se no vazio e apagou-se.

O meu corpo estremeceu com o frio que me atingiu a pele e a tornou gélida, caí no chão duro da rua e rasguei os joelhos transformando a minha tonalidade clara em carne viva.

De repente, a boca abriu-se-me para soltar um grito agonizante, porém, a voz não se ouviu e com um estalo a minha mente ficou branca e os olhos fecharam-se-me de desmaio.

***

Desenhado numa imagem distante estavas tu, a sorrir-me de longe enquanto me colorias o coração cheio de cicatrizes.

Cada sorriso, cada palavra, cada olhar e cada gesto... aqueciam-me nas noites mais frias e alegravam-me nos dias mais escuros.

Sentia-te perto, mas estavas a uma distância inquebrável.

Desaparecias de um dia para o outro como uma sombra desaparece na escuridão, mas eu continuava a sonhar com o teu regresso e dava por mim à tua espera.

Salvaste-me do escuro... mas foste tu que trouxeste a escuridão de volta à minha vida.

***

Lentamente abri os olhos, olhei em volta e vi-me sozinha, levei tremulamente a mão ao meu rosto cansado, senti-o molhado de lágrimas e dirigi um olhar vazio ao céu.

O céu estava assustador, não havia estrelas, tal como não havia brilho nos meus olhos.

Os meus lábios tornaram-se salgados quando algumas lágrimas os molharam e pude sentir o gosto da dor.

Não conseguia levantar-me, as pernas não me obedeciam e o corpo queria tornar-se poeira naquele chão frio.

Os meus joelhos ardiam no vermelho vivo que começava a deixar o passeio sujo de desespero.

Na minha cabeça formava-se um nó devido à estalada da realidade na minha mente.

As recordações do teu amor fingido invadiram-me sem aviso e fizeram doer o peito que batia por ti fortemente uns minutos antes.

E foi então que me dei de conta que algo dentro de mim me cortava.

Como um espelho caído no chão, o meu coração quebrara-se em mil pedaços.

Todas as cicatrizes que havias curado estavam de novo abertas e a sangrar.

Não és a pessoa que conheci, que acreditei e que perdi.

Mentes, magoas-me e logo te arrependes.

E a tua mentira, foi a única coisa que sobrou, quando a verdade me invadiu e destruiu.

E porque um dia contigo eu era alguém, hoje sou apenas uma qualquer