Saudade

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Atravessa-me através do peito dor que doi com o passar do tempo, dor que me afoga num respirar de dificuldade e que com dificuldade me devorou. No chorar deste amor meu que é teu e no sorrir deste sentir que me motiva a suportar. Dói através do tempo ferida que abriu com o meu partir, arde num sentir que queima por dentro e me congela por fora, arde num chorar que secou e um respirar que, por dificuldade, parou.

Esta dor que sinto num desejar que o tempo não se alastre, derrota-me, pouco a pouco, porque ver-te distante não me permite amar-te totalmente. Talvez não possas agora ver que choro sem ti, chorando por ti num desespero que o meu corpo não aguenta e o meu coração não tolera. Queima e arde em brasa um sentir que de sentir dói, um sentir que de sentir magoa, um sentir que de sentir enlouquece, um sentir que de sentir mata.

O meu peito dói de engano que me enganou, quando julguei não doer.

Quem se importa se o tempo corre se não conseguimos alcança-lo?

Quem se importa se uma luz mais se apaga no céu quando o que mais desejamos é o escuro?

Eu importo-me.

Importo-me eu.

Eu mesma estou numa corrida contra o tempo que me magoa com a tua ausência, enquanto a minha mente luta um pouco mais até que o teu brilho me alcance.

Doi no peito a ausência do teu sentir que sinto eu de longe, ausência esta que me sufoca a voz e que em gritos de silêncio me prende a mente, onde o alastrar do tempo me tortura. Doi o eu ter-te deixado aos cuidados dela e dói o ela me ter perseguido na tentativa de me devorar. Doi a melodia que ela toca e dói o seu próprio calar.

Doi o sorrir dela que me faz chorar e dói o quão rápido ela se apoderou de nós. Doi sufocante a espera a que ela me obriga e, dolorosamente, dói a distância que ela colocou no nosso meio.

É isso que ela faz doer...

Sendo ela...

E só ela...

O nosso centro...

Com amor, saudade.

A minha vida em folhas de papelOnde histórias criam vida. Descubra agora