Morrendo

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Acordo de um sonho para a realidade. E esta embate-me contra o desespero que abrandara enquanto sonhava. Sinto a dor exceder-me no peito e com força e raiva, a realidade estala-me no rosto e obriga-me a calar a ansiedade.
Como uma tempestade que passara e no final não deixara nada mais que destruição...
Como um tornado que causara simplesmente o caos e desaparecera levando tudo...
Como a vontade de sorrir que morrera e as lágrimas ocuparam o seu lugar no meu rosto... Como um tudo que há tão pouco tinha e agora um nada que sempre tive.
O destino observa-nos com aquela cara de quem nos tentou juntar... mas culpa-nos por não tentar-mos o suficiente..
Sem ar tento gritar na esperança que alguém lá de longe me ouça, mas o barulho do silêncio e a dor do vazio apagam-me a voz e obrigam-me a calar...
O meu peito bate forte... forte mas sem forças... e eu exausta choro. O meu corpo treme no frio e o vento grita-me nos ouvidos enquanto a minha cabeça me espanca vezes e vezes sem conta com uma e outra lembrança que surgem e não me permitem sarar...
E enquanto o meu peito sangra e chora, as minhas mãos apertam vagarozamente o gatilho esperando o impacto que poria fim à dor... mas o impacto não veio, tal como o gatilho não existia, mas que a minha mente desejava existir.
Coloco as mãos na garganta na tentativa de a sufocar, na tentativa de calar os gritos de desespero que silenciosamente no silêncio ecoam... mas falta-me a coragem.
A fraqueza consome-me e sozinha enfrento a agonia... a agonia que não me quer por fim, mas que o fim já me alcançou...

A minha vida em folhas de papelOnde histórias criam vida. Descubra agora