A minha vida em folhas de papel

Falsa reputação

Só com conversas ficamos pela metade, se já estou cansada sei que não foi da minha vontade. Fiquei pendurada quando o dia virou madrugada, e eu durmo melhor com a cabeça descansada.

Nunca vou esquecer as coisas e os momentos que vivi contigo, porque se falo bem de ti é por que um dia te vi como um porto abrigo.

Só mentes em promessas, não sei porque é que ainda fico. Dói-me porque se um dia eu for sei que não te levarei comigo.

Mais uma luta, mais uma luta, uma luta mais. Não quero nada porque no fim sei que nada muda, quero apenas certezas de que isto ainda resulta. Porque se não durar sei que não sou eu quem tem a culpa. De culpa tu me acusas e de culpada eu fico com a culpa. Sem esforço nenhum de mim desconfias e exiges de mim tudo o que a mim não és capaz de dar. De culpa sou eu acusada e de culpa não tenho eu a culpa. Queria que te pudesses ver nos meus olhos depois de eu ter visto o meu reflexo no teu olhar. Falas de amor mas não me sabes amar, falas de respeito mas não me sabes respeitar, falas de comunicação mas nem comigo sabes comunicar, falas de confiança e não és capaz de em mim confiar. O tempo que por nós passou, num estalar de dedos se tornou pó e com a força do ar da madrugada fria o pó virou nada. De mim falas como se de uma qualquer eu me tratasse e de mim te envergonhas pela certeza que tens de que eu não jogo consoante o papel. Um papel que a mim propuseste e que eu bem aceitei e hoje começo a arrepender. Exiges de mim felicidade mas não suportas ver-me feliz. Exiges de mim tudo mas não és capaz de me dar nada. Depois de tudo o que aconteceu, o teu passado ainda te persegue e está a começar a perseguir-me a mim. Quero apenas certezas de que isto ainda resulta. O anel com o qual o meu fino dedo abraço deixa de me parecer tão importante depois da pouca importância que tu sempre lhe deste e eu nunca remarquei. Hoje do meu dedo o solto, e deixo apenas no meu fino dedo a leve marca do pequeno anel que outrora o abraçava. Deixo apenas que o meu fino dedo sinta o vazio do objeto cintilante que o abandonou, e deixo que na minha mente se repouse na verdade de que nenhuma puta usa aliança...