Viajamos até Hudson Oaks, onde demos uma parada em um posto de gasolina. Me sentia como se o corpo estivesse duro, e dolorido por causa da viagem. E olha que tinha sido apenas uma viagem pequena.
A moto ainda não precisava abastecer, então fomos direto para a loja de conveniência.
- Pegue apenas o que iremos precisar — eu disse para Mia.
- Eu sei, eu sei — disse Mia, mas ela já estava de olho em um corredor de bebidas.
Peguei um pacote de salgadinhos, e um suco. A outra gulosa queria comprar um monte de balas, doces e ainda um achocolatado.
- Mia, não — eu disse.
- Não sou criança — disse Mia. Mas parecia.
- Está agindo como uma. Pegue apenas esse achocolatado, e um salgado se quiser — eu disse — Vamos, não temos dinheiro e nem tempo para isso.
- Que merda... — Mia obedeceu, com cara emburrada. Deve ter sido mimada demais em Dallas.
Pagamos e depois saímos. Comemos na frente da conveniência antes de pegarmos a estrada de novo. Comer um monte de salgadinhos não era muito bom, e deixei metade do saco no lixo. Da próxima vez, eu comeria um salgado assado mesmo.
Continuamos a viagem, parando hora para abastecer, hora para fazer necessidades. Já era sete horas, e ainda faltava duas horas de viagem para Hobbs. Fizemos uma viagem direta, sem paradas dessa vez. Era chato não aproveitar a viagem e observar os campos, junto com algumas pequenas montanhas durante a estrada, mas eu não podia perder tempo.
Entramos no Novo México, e chegamos à Hobbs umas nove da manhã. Fomos até um motel próximo, e ficaríamos ali até o dia seguinte. No motel, nem precisei me preocupar com apresentar documentos. Era uma velhinha amigável, que quanto viu duas moças cansadas, apenas pediu o dinheiro, nos dando dez dólares de desconto, dando apenas U$30 para pagar. Queria que todos os atendentes fossem assim.
Quando chegamos no quarto, a primeira coisa que fiz foi me deitar na cama.
- Que viagem... — queria mesmo era dormir e só acordar amanhã cedo. Mas a fome não deixaria.
- E olha que dirigi a maior parte do caminho — Mia se deitou do meu lado — Então assim que é um motel? Não achei que seria tão confortável.
- Nem eu. Mas até que são sim — eu disse. Senti um braço passando pela minha barriga — Nem vem.
- Vamos, eu te ajudei a fugir — disse Mia. Ela estava me abraçando, enquanto eu tentava afastá-la — Sei que você gosta de mim, bem lá no fundo. Até ficou me olhando tomar banho.
- Nao fiquei, você que me olhava — eu disse — Até mesmo na hora de dormir. Sabe o quanto é desconfortável sentir algo te observar o tempo todo? Como se estivesse preste a me agarrar a qualquer hora?
- Mas você nunca disse nada. Então gosta das olhadas — ela aproximou o rosto do meu cabelo, e cheirou — Bom. Muito bom...
- Pode parar — afastei ela, me levantando da cama — Não te trouxe comigo para ficar de gracinha, e sim para me ajudar, além de eu não ter tido escolha na hora. Então, vamos apenas manter uma distância amigável, certo?
- Ok... chata — disse Mia. Ela se levantou também — Vou ir para o banho primeiro, já que não é mais coletivo.
- Só não demora — eu disse. Ela fechou a porta, enquanto voltei a me deitar.
Não liguei a televisão, com medo do que eu veria a seguir. O noticiário estava na minha cola, junto com o resto da polícia. Só esperava que o próprio FBI não me perseguisse junto.
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Viagem Americana
RomancePara fugir de seu pai e de sua família tradicional, Sophie Edward foge com uma moto em direção ao Canadá. Ela deverá sair do estado de Louisiana, atravessar a Costa Oeste e finalmente atravessar a fronteira, rumo à casa de sua avó. No caminho, ela e...