Direto para Phoenix, demos uma passada por lá no dia seguinte. A viagem até que não tinha sido longa, e nós paramos bem menos que antes. O clima lá era muito mais quente que o Novo México, além da característica principal do Arizona é ser um estado semi-árido, mas Phoenix ficava exatamente no meio de um deserto, e a temperatura não era das mais confortáveis. Parecia mais o inferno.
Mas a cidade tinha seus pontos fortes. A maioria das pessoas eram de origem hispânicas e latinas, com o espanhol como maio parte da língua falada, o que era interessante para um país de origem inglesa. Havia vários museus interessantes sobre essa origem populacional, e também um Jardim Botânico do Deserto. Queria poder aproveitar mais essas coisas, mas eu não podia perder muito tempo ali.
Eu e Mia paramos em uma cafeteria. Precisávamos de uma pausa, para depois seguirmos para nosso próximo destino: Las Vegas.
- Essa cidade é quente como o inferno — comentou Mia, quando nos sentamos — Pelo menos, aqui tem ar-condicionado. E então, nosso próximo ponto é...?
- Las Vegas, eu sei — respondi. Ela estava animada para ir na tal cidade, mas eu não sabia o por quê — E nem pense que vamos perder muito tempo lá, e é só por uma noite que ficaremos. Entendeu bem?
- Nem mesmo em um cassino? — perguntou Mia. Olhei seriamente para ela — Estou brincando. Mas disseram que é linda à noite, então podemos dar uma volta por lá só um pouco?
- Ok... mas só um pouco — eu disse. Mia era como uma criança, que não sabia se comportar em um local. Uma garçonete foi nos atender.
- Bem-Vindas. O que vão querer? — ela nos ofereceu um cardápio. Havia muita coisa que parecia boa. Lanches, sucos.. E tudo caro. Um lanche podia custar até U$20 o preço máximo, e o olhar de uma certa criança já dizia que queria tudo do cardápio, e já iria pedir.
- Eu quero... Ai! — a chutei antes que pedisse o mais caro.
- Traga dois café para nós, por favor — eu disse — E dois salgados assados.
Ela pegou os cardápios e saiu.
- Louca, por quê você fez isso? — perguntou Mia, emburrada.
- Por que eu não sou burra. Sabia muito bem o que você iria pedir, e te impedi — respondi.
- Mas eu estou morrendo de fome — disse Mia — Não comemos direito à dias, por sua causa. Isso já está me matando. E já sinto minhas roupas ficarem largas em mim, de tanto que estou emagrecendo.
- Ninguém pediu para vir — eu disse, friamente. Mia já estava começando a reclamar da viagem que ela mesma quis ir. Mas ver a cara dela de tristeza e pidona dava um pouco de dó — Tá bom. Se conseguirmos chegar a San Francisco, e tivermos dinheiro sobrando, vamos pedir uma pizza em um motel de lá. Pode ser?
- Se eu viver até lá... — disse Mia — Se você me deixasse comer outra coisa, eu reclamaria bem menos.
- Que outra coisa? — perguntei. Ela não tinha me pedido nada, até onde me lembrava.
- Adivinha. Tem a ver como você inteira — disse Mia. Ri de deboche, não acreditando que ela está realmente me falando aquilo na cara dura. Já percebi isso há muito tempo, mas era a primeira vez que me falasse diretamente.
- Ok, vou te mandar a real: por que? — perguntei — Sempre teve várias garotas perto de você, conversando com você, e vivendo com você. Mas você me escolhe, mesmo eu te apontando uma arma da primeira vez que nos conhecemos, sempre te ignorei e até te rejeitei uma vez. Por quê você insiste nisso? Sinceramente, até aquela garçonete seria mais fácil que eu.
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Viagem Americana
RomansaPara fugir de seu pai e de sua família tradicional, Sophie Edward foge com uma moto em direção ao Canadá. Ela deverá sair do estado de Louisiana, atravessar a Costa Oeste e finalmente atravessar a fronteira, rumo à casa de sua avó. No caminho, ela e...