Capítulo 19 - Costa Oeste

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Novamente, vagando pelo país. Agora, diretamente das estradas da costa oeste. Paramos em uma cidade chamada Eureka, onde Mia contou meu cabelo de novo, comprando uma maquininha de cortar cabelos e tesoura em uma loja.

- Sabia que nós, lésbicas, somos chamadas de tesouras? — perguntou Mia.

- Não. Sério? — perguntei. Mia sorriu — Por quê?

- Amor, não sabe mesmo? — perguntou Mia. Ela ria da minha cara enquanto cortava — Pensa naquela nossa posição especial.

Tentei pensar, mas não me lembrava.

- Não entendi — eu disse, por fim. Mia começou a rir — Mia, fala logo, garota.

- Quer saber? Esquece — disse Mia. Fiquei curiosa agora.

- Conta — eu disse. Ela fez que não — Se não contar, vai ficar uns cinco motéis sem me ver nua de novo.

- Não seja malvada. Você que é lenta — disse Mia. Mas ela ainda ria.

- Mia!

***

Depois de Eureka, atravessamos a fronteira rumo à Brookings, uma cidade do Estado de Oregon. Não via a hora de chegarmos logo em Seattle, para finalmente irmos para Vancouver.

Em Brookings, paramos para descansar. Cidades costeiras eram mesmo pequenas, por incrível que parecia. Mas era lindo a ver a praia todas as vezes que eu olhava para a esquerda. Os motéis eram mais caros, US$65 por casal ou noite. Queria ter pego o dinheiro de dois meses de trabalho, mas deixei lá em San Francisco.

E falando naquela cidade, as notícias já corriam.

"Na noite de Sexta-feira, houve uma paralisação na cidade de San Francisco. A polícia cercou todas as pontes e saídas da cidade, em busca da fugitiva Sophie Edward. As autoridades afirmaram que um policial foi baleado no braço, e está no Hospital San Francisco. Novas forças policiais, incluindo o FBI, estão na busca por Sophie Edward. Cidadãos de toda costa oeste, a força policial informa que o nível de perigo de Sophie Edward passou para Risco Nacional, e deve ser encontrada imediatamente."

- Merda... Você teve que atirar, não é? — eu disse.

- Não tive escolha, Sophie — disse Mia — Ou então, seríamos presas logo na cidade.

- Agora temos que ser muito cautelosas. Não podemos parar até chegarmos em Vancouver —  eu disse — Apenas uma noite, ficaremos de cidade em cidade. E se perdermos tempo demais, iremos ser presas. Não podemos passar mais de 12 horas aqui, entendeu?

Mia assentiu, e foi em direção à porta do quarto.

- Aonde vai? — perguntei.

- Precisamos nos disfarçar mais. Seu cabelo curto não vai mais funcionar direito — disse Mia — Irei para uma loja aqui perto, para comprar tintas para cabelo.

Pintar o cabelo, era isso. Mia tinha bons planos em mente.

Cinco horas depois

Ridículo.

Nunca tive um cabelo tão ridículo quanto o que eu tinha agora. Mia comprou quatro cores: azul, rosa, laranja e vermelho.

O meu cabelo foi totalmente pintado de azul, e ela fez uma mecha rosa, como uma curva. E no dela, pintou totalmente de laranja e uma mecha vermelha. Por que ela me dava as pitoresco cores enquanto o cabelo dela ficava mais radiante?

- Ficou linda, querida — disse Mia — Agora estaremos totalmente desconhecidas, tanto do público quanto da polícia.

- Você não se preocupa porque não é você com esse penteado ridículo — eu disse — O seu está mil vezes melhor. E para onde vamos? Desfilar em um Evento de Otakus?

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