Capítulo 15 - Nem Tudo São Flores

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Precisei apenas de dois meses para ver que, mesmo sendo duro, uma vida pode ser boa.

Agora sou Valentina Campus, uma garota de 18 anos que trabalha como fotógrafa em um jornal da cidade de San Francisco. Convivo com três mulheres; Hannah, Violet e Mayara (Mia); sendo que a última é minha namorada.

Todos os dias, sem contar os fins de semana, eu chegava às 18:00h, junto com Violet. Hannah já esperava por nós, e fazia o jantar. Mia era quem chegava sempre mais tarde, e às vezes pegava o turno da noite como garçonete de um restaurante chinês e era quem trabalhava mais, apenas para ter o mesmo ganho que as outras.

E como consequência, todas ficavam exaustas no fim do dia. Mas nós fim de semana, poderíamos aproveitar bem mais. Saímos para shopping, parques e até shows. Ou então, ficávamos em casa, conversando e dando atenção para nossas namoradas.

Nesses meses, percebi que Violet e Mia pareciam gêmeas. Elas têm o mesmo costume folgado, de dar atenção e de serem ousadas, além de beberem e mesmo assim conseguirem ter uma conversa, mesmo que estranha.

Recebia 200 dólares por fotografia, e só conseguia tirar uma ou outra por dia, e tinham que ser extremamente boas e precisas, ou então nem aceitavam. Eu queria muito mesmo era uma vaga na equipe do jornalismo, e assim eu receberia muito mais por mês, mas era complicado eles aceitarem.

- Não liga para isso. Logo irão aceitar — disse Violet. Estávamos em um ônibus, pois ninguém tinha um carro. E a moto estava totalmente guardada na garagem, mas sempre recebendo atenção para não ter nada errado, ou se as coisas piorarem — Mas então, gostou de trabalhar como fotógrafa?

- É incrível — eu disse. Tudo envolvia perspectivas, sobras, detalhes, e principalmente ângulos certos. Nunca imaginei que eu gostaria tanto de fotografar — Antes eu tinha a maior dúvida do que escolher de faculdade, mas agora eu escolheria de fotografia. Mas o problema mesmo é essa câmera, ela é muito ruim — tirei a câmera do bolso, que comprei por 150 dólares, era digital mas era bem ruim, além de ter pouco armazenamento e não tirar fotos em alta resolução. Até uma câmera de celular seria melhor que aquilo.

- Espero que esteja guardando o suficiente então — disse Violet — Falando em dinheiro, as contas estão maiores. Temos que economizar muito agora, ou então não conseguiremos pagar mais. E pensar que teríamos esse problema de novo...

- Vai dar certo. Damos um jeito — eu disse. Das minhas reservas, eu estava tentando não gastar aquele dinheiro que tinha antes. Tinha sobrado um pouco mais de 18 mil, e não queria gastar aquilo a menos de fosse necessário. Ou se precisasse fugir com pressa.

Sim, eu tinha o pensamento de que, cedo ou tarde, alguma vai acontecer. Como eu trabalhava em um jornal, sabia das notícias e de como ía a busca por mim. Desde o mês passado, houveram apenas citações sobre o caso, mas nada concreto. Eu espera que tivessem se esquecido completamente de mim.

Além de deixar a moto sempre em ótimo estado, lavei todas as roupas minhas e de Mia, e deixamos as malas lá dentro. Se fôssemos fugir, pelo menos estaríamos prontas.

Chegamos em casa, onde, por incrível que parecia, Mia estava lá. Estava deitada no sofá, e já havia tomado banho. E também, estava de mal humor.

- Querida, chegou cedo — eu disse. Ela olhou para mim, e depois voltou os olhos para a televisão. Estava assistindo programa culinário, algo meio que bem incomum. Ela deu uma fungada, e vi que estava com raiva — Que foi? Aconteceu algo.

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