I should never be jealous

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– Jungkook! Tenha cuidado, não vá cair daí! – Escutei a voz da minha mãe vinda lá de baixo, mas fingi que não ouvia, porque queria tentar chegar à parte mais alta da árvore que escalava. Era incrível a vista dali de cima. O vento balançava meus cabelos pretos e me fazia ter vontade de guardar aquela sensação para sentir mais tarde, quando voltasse para a casa. Dali de cima, eu podia ver quase toda a cidade, até porque o parquinho onde estávamos era em um dos lugares mais altos. Olhei para baixo e vi Jin sentado no balanço, com a mamãe o empurrando. Ele aproveitou que eu estava longe para tê-la só para ele, pois sabia que eu não poderia impedir de onde estava. Meu irmão tinha onze anos, enquanto eu tinha apenas seis. Ele não precisava tanto da mamãe quanto eu, então porque tentar roubá-la de mim?

Iria começar a descer da árvore, ainda com os olhos fixos na minha mãe e meu irmão, mas parei quando vi que ela pegava o telefone. Minha mãe sorria, empurrando Jin com uma das mãos e falando algo com alguém no telefone. De repente, seu sorriso foi desaparecendo e ela se afastou, parando de balançar Jin, que a olhou confuso.

Pude ver que abaixava o telefone, com os lábios entreabertos. O brilho de lágrimas traçaram duas linhas em seu rosto.

– Mamãe!– Desci da árvore muito rápido, quase caindo no processo. Jin já estava abraçado à minha mãe quando me aproximei do balanço, correndo. Ele era quase da altura dela. Ambos choravam, se consolando. Apenas fiquei os olhando de baixo, até que Jin abriu um dos braços, para que eu os abraçasse também.

– O que aconteceu?– Olhava de um para o outro, mas eles se entreolharam. Minha mãe se ajoelhou na minha frente, segurando minhas mãos gordinhas e infantis.

– Filho, você sabe que o papai está lutando pelo nosso bem, não sabe?– Começou. Eu sabia que meu pai estava na guerra, pois ele era um herói e lutava por nossa segurança, por toda a Coreia do Sul. Assenti devagar. – O papai estava lutando e nós estávamos esperando por ele, mas teremos de ser fortes agora, Jungkook. Ele... – Ela voltou a chorar, me abraçando. Senti o cheiro do seu perfume, que eu bem conhecia. Toquei seus longos cabelos pretos, que caíam por suas costas. Levantei os olhos, vendo Jin me encarar, com tristeza.

– Jungkook, nosso pai não vai voltar mais. Ele morreu.– Falou ele, esfregando as mãos nos olhos para secar as lágrimas e abaixou, abraçando a mim e a mamãe. Todos estavam tristes, a mamãe estava triste e eu precisava protegê-la agora. Estávamos sozinhos e eu precisava protegê-la.



"10 anos depois"

– Boa noite, mãe. – Inclinei-me no sofá para beijar sua testa e sorrir para ela. Peguei minha câmera semi-profissional, que era presente de Jin, e minhas folhas de desenho para levar ao quarto. Ainda era cedo para dormir, mas queria me deitar logo e ficar mexendo no celular por mais tempo.
– Boa noite Jungkook, eu te amo.– Ela me lançou um beijo assoprado, virando-se no sofá,  quando eu já estava no pé da escada.
– Eu também te amo.– Respondi com um sorriso de canto e subi as escadas. Pequenas rugas apareciam no canto de seus olhos e seus cabelos, antes completamente negros, começavam a serem pintados com alguns fios brancos. Ela me perguntava vez ou outra se estava ficando velha e se deveria começar a pintar os cabelos, mas eu dizia que estava linda e idêntica a como eu me lembrava.

Coloquei os papéis sobre a mesa de cabeceira assim que entrei no quarto, sentando-me na beirada da cama em seguida. Comecei a ver as fotos que havia tirado aquele dia na escola, onde todos me conheciam como "fotógrafo". Eu gostava de ver o mundo através da lente da câmera e depois de registrar várias coisas durante a semana. Então, quando chegava em casa, eu escolhia uma delas para desenhar, a mais bonita.

Dois TonsOnde histórias criam vida. Descubra agora