I should never have thought him so lovely.

833 150 31
                                    


— Mamãe?— Minha voz ecoou pela casa, permitindo assim que todos os cantos fossem alcançados por ela e minha mãe pudesse me escutar. Ela estava tão feliz nesses últimos dias, desde que Dong Sun veio jantar aqui com o Tae. Talvez seja porque no fim do jantar, quando eles foram embora, eu lhe disse que tinha gostado do Taehyung, que seria fácil conviver com ele. Desde aquele último sábado, ela vinha me perguntando se eu queria encontrar com ele, ir na casa dele, jogar vídeo game com ele… Quando ela cismava com algo, não tinha solução.

Agora, quando eu dissesse que havia aceitado o pedido do Dong Sun de ir dormir em sua casa, Sun Hee ficaria radiante. Estava tentando me esforçar, porque percebi que minha mãe realmente gostava dele e porque eu queria inspecioná-lo um pouco mais. Se ela gostava do homem, era ainda mais difícil me livrar

— Jungkook? Já estava quase indo atrás de você! Por que demorou tanto? O que é isso no seu nariz?— Minha mãe apareceu na porta da cozinha, com os cabelos longos e levemente grisalhos presos em um coque. Eu achava elegante aquelas suas mechas brancas e bem definidas e, para mim, não tirava nada em sua jovialidade. Coloquei a mochila perto dos sapatos para pegá-la depois e abracei minha mãe pelos ombros, encostando o queixo em sua cabeça. Nem havia percebido o quanto eu tinha crescido em tão pouco tempo.

— Eu estava com o V. Apenas… me machuquei e ele fez um curativo para me ajudar. Quando saí da escola, Dong Sun me deu uma carona até aqui.— Sun Hee, que antes abraçava a minha cintura, soltou-me devagar, levantando a cabeça para me olhar nos olhos. Podia ver seu rosto levemente rosado por eu ter citado o nome do namorado.

— E-ele está lá fora?— Sorri de canto ao perceber um leve tremor em sua voz e,discretamente, ela encarou as próprias roupas cobertas pelo avental rosa. Confesso que ficaria irritado por ela não ter dado atenção ao fato de que eu havia levado um soco no nariz. Entretanto, como isso envolvia o V, preferi que ela ignorasse.

— Não. Ele apenas me trouxe e depois foi embora, porque precisava levar o V para casa pelo que eu percebi.— A mulher pareceu respirar aliviada, com um pequeno sorriso, talvez feliz por eu estar me envolvendo com o outro filho do Dong Sun e com ele próprio.— Mãe...— Comecei, sentando-me no sofá.— O Dong Sun me chamou para ir na casa dele hoje e passar a noite lá e eu aceitei. Imaginei que a senhora não iria se importar.

Um silêncio se abateu sobre a sala, tanto que tive que me virar no sofá para ver a expressão da minha mãe. Ela estava boquiaberta, com um sorriso se abrindo aos poucos em seu rosto. De repente, ela simplesmente começou a pular, correndo até mim e me dando outro abraço. É, eu queria vê-la feliz assim mais vezes. Senti-me um pouco mal por ter dado uma de rebelde e ciumento, mas tentaria lutar contra aquilo, com a condição de que ela fosse me amar mais do que amar a ele.

— Realmente fez isso por mim, Kookie? Você é o melhor filho do mundo.— Acariciou meus cabelos, com um sorriso enorme. Às vezes eu sentia como se eu fosse o pai e ela a adolescente apaixonada.

— É. Eu também gostei de conversar com o Taehyung e com o… V.— Por que hesitei tanto em falar o nome dele? Apelido na verdade. Parecia-me secreta aquela “coisa” que tínhamos, se é que não era coisa da minha cabeça.

— Que bom, meu filho. Fico feliz que tenha arranjado outros amigos além do Hoseok, já que só vi você falando com ele em todos esses anos. Agora, vá tomar um banho,  arrumar suas coisas e depois almoçar. Eu faço questão de levá-lo à casa do Dong Sun.— Sun Hee levantou-se, andando ainda meio saltitante. Bem, talvez essa seja uma boa chance de falar mais com o Taehyung. OK, eu também queria conhecer o V longe do âmbito escolar, talvez vê-lo mostrar um pouco mais da gentileza que demonstrou na enfermaria.

Subi as escadas, tirei a câmera da mochila cuidadosamente, colocando-a sobre a cômoda, e fui para o banheiro.

Ao ligar o chuveiro, tentei deixar a minha mente vagar enquanto a água molhava meus cabelos e escorria pelo meu rosto, mas apenas uma coisa vinha até minha cabeça: V. Droga, pensei que depois que ele parasse de me ignorar eu pararia de pensar tanto nele. Porém, eu tinha novas cenas agora para pensar: Em seu rosto furioso ao ver que o Mok me machucou e tentou me beijar; Na expressão compenetrada quando cuidava do meu corte; A forma com que mordeu o lábio inferior ao se surpreender com a minha sinceridade fora do comum; Seu olhar intenso…

Dois TonsOnde histórias criam vida. Descubra agora