Unidos por uma pastilha(ou não)

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O espaço comum entre o dois se tornou algo necessário. Do contrário do que se espera, na maioria das histórias e grandes romances, onde a distância se torna ácida e tóxica e nisso se dá aquele súbito e intenso beijo, os dois apenas se encaravam. Era um acordo silencioso.

Ninguém iria avançar.

Mas a energia ali era tão intensa, que nenhum dos dois se permitia arrancar os olhos um do outro.

“Faço meditação. Repito um mantra diário, tomo o  remédio receitado pelos psiquiatras e me consulto regularmente. De fato, o Presidente Joe faz um ótimo trabalho nos livrando dos males da sodomia, me sinto muito melhor. Me sinto normal”

Ouvindo aquelas palavras, Frank se deu conta – realmente, do que estava acontecendo ali. Sentiu aquela coisa se remexer dentro dele. A mesma que sentiu por Jason quando o viu pela primeira vez perambulando naquele parque. A mesma coisa que não continuou muito tempo dentro do seu peito, mas que ali estava se mostrando muito vitalícia. Parecia que estava se encrustando por toda sua pele, se perpetuando dentro do seu organismo.

Era errado.

E era Gerard ali.

Não era qualquer um.

Não poderia envolver ele no perigo. Já bastava Jason.

Sua mão ainda estava ali, próxima a sua. Transferindo aquela energia perigosa e contraditoriamente atraente.

Gerard fez menção de falar algo. Frank permanecia petrificado. Há quanto tempo estavam naquela situação constrangedora?

-Me diz aí Fronks, tu é viado né?

E todo clima fora quebrado por essa pergunta.

Iero revirou os olhos. Gerard destruiu toda a significância daquele momento surreal e intenso.

Pigarreou e pediu para que ele desse partida no carro. Way esbanjava uma cara convencida e um sorrisinho divertido nos lábios. Frank passou a observar suas mãos envoltas no volante, se sentindo desconfortável.

Primeiro: havia um regime muito serio em Florença. Pessoas sumiam depois do quinto respaldo, e nunca mais eram vistas. Alguns diziam que eram mandados para Montes Nobres – Cidade no extremo norte do país, conhecido pelos Alpes e pelas casas nas montanhas, os Hotéis de esqui e pela grande quantidade de empresários estranhos e existiam rumores de Máfia por lá também.

Segundo: não podia dizer à ele que era gay. Ou quase gay. Ou era bissexual? Enfim, gostava de pessoas e não se preocupava muito em se autointitular alguma coisa. Não podia confiar em Gerard. Ele tinha umas nuances machistas e despretensiosas, piadas sem noção e um comportamento imprevisível e compulsivo. O que garantia se dissesse “oh sim sou viado mesmo e estou querendo ter sua língua enfiada na minha garganta ou quem sabe em outro lugar mais pra baixo” e no dia seguinte uma trupe de agentes do Governo não batessem à sua porta?

Terceiro: Gerard Way. Apenas isto. Ao tempo em que parecia uma pessoa divertida e desencanada, era desregulado e imprevisivelmente espalhafatoso.

-Me diz, vai. Gosta de dar ré no quibe?

-Mas o que?! – Frank começou a ficar nervoso no banco do passageiro. – Vem cá, de onde é que você veio pra falar desse jeito? Não te deram educação?!

-Você é um daqueles babacas com preconceito contra pessoas nascidas em Mors? – falou ao que dirigia o seu carro em alta velocidade pela estrada de terra no meio daquele nada. Seus olhos bateram numa moça que andava meio desnorteada no que poderia ser considerado o meio fio daquela via. – Vamos parar.

Conventional Weapons || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora