Gerard dirigia em alta velocidade pela estrada irregular. A cada metro, uma nova quicada agitava seus ácidos estomacais, fazendo galos do tamanho de uma bola de baseball surgirem no topo da cabeça de seus passageiros.Todos estavam espremidos de modo que beirava à pegação, e talvez esse fosse um dos principais motivos para o desconforto geral.
Bob não conseguiu desfazer a carranca e Feels não parava de chorar de saudade de sua ex-esposa. Ray estava estranhamente anestesiado, com a cabeça enfaixada e as mãos juntas, imaginando que no meio daquela escuridão, algum tipo de civilização alienígena mantinha uma pirâmide coberta de vegetação, que também era algum tipo de antena que ativava com aproximação. E então seriam abduzidos e dúzias de coisas estranhas seriam implantadas nos seus cólons.
Um gemido medroso escapou dos seus lábios.
Mas Gerard disse que era seguro. Segundo ele, a fazenda da sua família ficava lá no cu do mundo, então seria perfeitamente plausível que se abrigassem lá até saberem o que diabos iriam fazer.
A noite ainda estava firme no céu, e Feels havia implorado para que os faróis seguissem desligados, mas Way disse que seria impossível atravessar a vegetação daquele jeito. Da última vez que ele esteve ali não havia tanto mato, era dia e sua namoradinha com anemia da época estava muito ocupada. Tinham que tomar todos os cuidados possíveis para não chamarem atenção, mas aquele era um mal necessário no momento.
Way até que estava calmo. Sua bunda doía de um jeito que o fazia lembrar dolorosamente de Frank e sua boca estava seca. A última vez que tinham visto água fora na baía de Urach, naquela fuga desastrosa, onde Bob levou um tiro na panturrilha que sangrava como um petit gatot de framboesa. E ele definitivamente não teria corrido na direção do mar se soubesse que Ray não sabia nadar e sinceramente achava que ele só conseguiu ser salvo porque seu cabelo fez seu corpo boiar.
Depois de alguns minutos derrubando pequenas árvores, era possível enxergar na densa escuridão noturna um faixo de luz que incidia em forma de cone, cegando quase todo mundo.
Um barulho muito, muito feio ecoou por todos os arredores anunciando uma aproximação. Aquilo poderia ser considerado um grasnado, uma sirene ou um apito de qualidade muito duvidosa. Não era possível distinguir de onde exatamente vinha e exatamente por causa disso o grupo ficou apreensivo.
Exceto Gerard, que depois de muito tempo esboçou seu psicótico sorriso de dentes amarelos.
Uma onda de latidos começou a reverberar quando uma grande porteira cor rosa neon pôde ser vista de dentro do carro. O alívio de seus companheiros foi audível ao que uma silhueta alta e magra parecia destravar o portão e uma onda de cachorros orelhudos davam saltos de boas vindas.
Finalmente estavam em um lugar seguro.
Quando adentraram e saltaram capengamente do veículo, pairando no meio do mar de rabos abanando, viram a figura de Michael. Gerard já havia falado sobre ele para seus amigos e ele era exatamente o esperado. Ele usava uma calça larga listrada e um suspensório. Seu cabelo estava partido e lambido para o lado, como se ele tivesse feito imersão dentro de um pote industrial de gel. Era possível ver a dureza de seus mamilos delicados contra a camiseta branca. Lá atrás dele, um grupo de pessoas acenava da soleira.
Ray enfiou os dedos no pelo de um dos cachorros, acariciando. Ele quase pôde sentir a dopamina retornando ao seu corpo. Era uma dúzia de cachorros exatamente iguais: orelhudos e de pelo caramelo.
Um dos cães estava eufórico nos pés de Gerard, tentando agarrá-lo e lambendo sua perna coberta pela calça. Ele se agachou, o cachorro se deitou todo arreganhado e Way esfregou sua barriga e seus peitinhos.
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Conventional Weapons || Frerard ||
FanfictionDois policiais são obrigados a trabalharem juntos depois de migrarem para o departamento de homicídios. Frank, um homem que não respeita as leis Anti-homossexuais empregadas pelo Governo e Way um cara com sérios problemas de compulsão por palavrões...