ESPECIAL DE NATAL

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Nota: acho q eu cheguei um pouco atrasada.



Os saltos batiam de maneira irritante no asfalto. Toc toc toc toc. Sua peruca chanel loira balançava com o vento que passava. Sua mão esquerda segurava a alça da bolsa tão rosa quanto seu casaco, no qual a mão direita era mergulhada no bolso.

Foi até o telefone público e digitou o número que tirou do bolso, anotado em um papel branco.

-Alô. Eu tenho uma denúncia para fazer.

***

Do contrário do que se espera, a Capital não neva em época de Natal. Urach, por ser perto da praia, vira um verdadeiro inferno.

E era exatamente por isso, que Gerard estava pelado perto da geladeira. Ele se abanava com um prato de plástico e falava coisas desconexas por estar quase desidratado. Só que desta vez, suas janelas indiscretas estavam devidamente cobertas por cortinas.

Já Frank, ajudava Jamia com o seu cabelo, fazendo um alisamento com uma prancha nada barata e um calor de sensação térmica de quarenta graus. Ela iria viajar para casa dos pais, e como os dois estavam meio que "de mal", ele preferiu não ir.

-Anda logo com isso Frank, preciso ir para o aeroporto logo! – Ela brada preocupada.

-Espera, eu estou quase terminando! Tenha paciência, se não eu queimo sua testa com isso! – Ele disse, passando a prancha na penúltima mecha de cabelo dela.

-Queima pra você ver! Eu te queimo de volta, e não vai ser com essa prancha!

Bem, todos ficam estressados na véspera de Natal. Inclusive a pessoa que está escrevendo isso aqui.

***

Mas do contrário do que se espera de um feriado, o departamento de homicídios não fecha. Na verdade, é impressionante o talento que a sociedade tem para promover tragédias em feriados. E isso dava nos nervos de Feels.

Ainda mais depois daquela ligação. Geralmente as pessoas ligavam para a central telefônica da polícia, mas naquele dia em especial resolveram deixar ele ainda mais preocupado. Por algum motivo – que se mostrou bem sério, um anônimo ligou diretamente para o número da sua sala, que apenas as pessoas do próprio departamento sabiam.

"-Alô. Tenho uma denúncia para fazer"

Oras, poderia ser um trote. Mas os detalhes... Ah os detalhes, davam um toque de veracidade aos fatos.

E era exatamente por isso que estava esperando seus dois policiais preferidos. Como sabia que Gerard não fazia porra nenhuma da vida além de deixar os outros babando de raiva, sabia que não demoraria muito para chegar. Entretanto, Frank parecia sempre estar atrasado e dando satisfações para sua esposa, que a cada dia que passava parecia estar cada vez mais ciumenta e desconfiada.

Alguém bateu na porta.

-Pode entrar. – Disse calmamente, pensativo. Suas mãos estavam nos bolsos, e seu cabelo tinha gel demais, fazendo seu sutil topete parecer de mentira.

Um jovem chamado Bob emergiu na porta, ficando entre ela e o portal. Ele era esquisito, calado e sempre estava com uma cara homicida de quem gostava de snuff movies. Era meio difícil desvendar se ele era alguém legal ou ruim.

-Rastreei o telefonema. Ele foi feito de um estacionamento aberto. Num daqueles restaurantes que ficam perto do caís de Urach... Hm... Cubicles. É, essa rede famosa aí de restaurantes.

-Comida boa a de lá. Muito boa...

Silêncio.

Bob olhou para o chão. Feels pensava em mais alguma coisa para dizer, mas seus próprios sapatos pareciam ser mais interessante. Tipo, ele queria falar mais, porém aquele cara era meio amedrontador e...

Conventional Weapons || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora