CAPÍTULO 18

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Uma semana se passou e lá estava eu, no casamento de Lucas com Patricia. Eu ainda não acreditava que tudo aquilo era real, mas eu estava lá, disposta a enfrentar qualquer armadilha daquela cobra.

- Você tá linda! - Lucas disse entrando no cômodo que foi me destinado.

- O que você tá fazendo aqui? Você deveria tá no altar! - Disse.

- Já tô indo, só vim te ver antes. - Ele disse e sorriu fraco.

- Lucas você quer mesmo casar com ela?

- Eu preciso. Ela tá grávida!

- E daí? Você pode apenas assumir a criança e pronto! - Disse me enchendo de esperança novamente.

- Eu vou casar... Eu gosto da Patricia! - Lucas disse.

- Vai logo então! - Disse com o semblante imóvel, sem demonstrar nenhum sentimento.

- Sophia...

- Não Lucas, tá tudo bem, de verdade. Eu desejo que você seja muito feliz com ela, você merece. - Disse e o abracei. - Agora vai!

Depois de algum tempo lá estávamos nós, no meio da cerimônia, tudo acontecendo normalmente até a desequilibrada da Patricia propôr um discurso dos padrinhos e madrinhas, começando por mim. Óbvio que esse teatrinho todo era apenas pra mim.
"Tudo bem! São só algumas palavras" disse para mim mesma antes de pegar o microfone e chamar toda a atenção da igreja para mim. Disse algumas coisas que vinheram na minha cabeça sem seguir uma linha de raciocínio, até porquê eu não tive nenhum aviso prévio.

- É o último aviso: O Lucas consegue beber uma dose quase letal de chocolate-quente, foi o que eu descobri em um passeio pra ver as estrelas, e ele decidiu que uma noite regada a chocolate-quente seria muito legal. - Todos riram. - Sabe quando uma pessoa tá tão mal que te manda mensagem de madrugada falando que o papel higiênico acabou e você fala "não, não é possível", pois acredite: é possível. - Rimos mais uma vez e aproveitei para ganhar fôlego e pensar no que dizer.

- Escolher... Escolher a pessoa com quem você quer dividir a sua vida é uma das decisões mais importantes que qualquer um pode fazer, sempre!

Não consegui controlar minha voz embargada.

- Porque quando dá errado deixa sua vida cinza, e às vezes... às vezes você nem nota. Até acordar numa manhã e perceber que meses se passaram. Nós dois sabemos o que é isso Lucas.
Sua... amizade, trouxe um colorido novo a minha vida e esteve presente nos momentos mais difíceis e eu sou a pessoa mais sortuda do mundo por essa dádiva. Espero ter sabido dar valor, mas talvez não tenha dado... Porquê às vezes você não vê que a melhor coisa que já te aconteceu está alí, bem de baixo do seu nariz. Mas tudo bem. - respirei e limpei minhas lágrimas. - É, tudo bem! Porquê eu percebi que não importa onde você esteja, ou o que esteja fazendo... ou com quem esteja; Eu vou sempre, com toda força, verdadeiramente, completamente amar você!

Não consegui segurar as minhas lágrimas, chorei por alguns segundos até me lembrar do que realmente estava acontecendo e ver os semblantes preocupados e o silêncio de todos alí presentes.

- Como uma irmã ama um irmão e... uma amiga ama um amigo. Eu guardarei nossos sonhos em segredo Lucas, por mais loucos e estranhos que eles possam ser. - Limpei minhas lágrimas. - Então, por favor, eu proponho uma salva de palmas, uma salva de palmas a noiva e ao noivo.

Todos contribuiram com suas palmas menos Patricia que me fuzilava com os olhos. Eu estava acabada emocionalmente, mas tive que aguentar firme até a parte do "Você aceita fulanx como seu/sua legitmx esposa/marido".

- Lucas Olioti de Souza, você aceita Patricia Benicío Ribeiro como sua legítima esposa?

Lucas me olhou ignorando todos os outros olhares que estavam voltados para ele.

- Lucas? - O padre disse.

Ele fitava os meus olhos e eu podia sentir o seu nervosismo, eu estava soando. Era como um pedido de socorro.

- Lucas Olioti de Souza aceita Patri...

- Não!

Meu coração batera mais forte, foi lindo escutar o "Oh" dos convidados em uníssono, como um coral bem ensaiado. Era como se todos já estivessem preparados para aquilo.

- Co-como não meu amor? Repete por favor padre! - Patricia disse.

- Não, não e não! - Lucas disse e saiu correndo pelo meio da igreja até atravessar a porta.

Todos se levantaram e a sessão de cochichos começou. Não pensei duas vezes e fui atrás de Lucas. Cheguei ao jardim da igreja onde Lucas estava ajoelhado e de cabeça baixa.

- Tá frio aqui fora! - Disse.

- Então volta lá pra dentro! - Ele disse.

- E que o homem mais gato daquela igreja saiu correndo, daí eu não ví mais graça em ficar lá. - Disse.

- Isso não tá certo Sophia!

- O que não tá certo é você se casar sem amar. - Disse e me sentei ao seu lado. -Lucas, olha nos meus olhos e diz que não sente mais nada. Diz que vai me chutar... Eu te amo demais Lucas... Fala na minha cara, olhando nos meus olhos. - Disse fitando seus olhos com a voz embargada.

Lucas não disse nada, apenas me beijou. Eu esperei aquilo por tanto tempo. Foram tantas noites ansiando aquele beijo, meus lábios pedindo pelos dele, meu coração pedindo pelo dele.

- Caralho, mas nem eu fingindo tá grávida você esqueceu essa esquisita aí Lucas! - Patricia disse com uma arma na mão.

- O que? Fingindo? Você tá brincando né? - Lucas disse se levantando.

- Você que tá brincando, como você prefere uma bruaca dessa daí do que eu? Eu sou perfeita Lucas. EU.SOU.PERFEITA, bem melhor que essa ridícula.

- Por que tanto ódio de mim Patricia? Você sempre me odiou e eu nunca entendi o real motivo. - Disse.

- Ah, nunca entedeu o motivo? Será que é porque você sempre tomou o que é meu?

- Do que você tá falan...

- Começou pelo troféu de melhor aluna do ano, depois foi o Carlinhos...

- Espera... O Carlinhos? Do nono ano?

- Esse mesmo!

- Você é louca garota!

- Eu até suportei quando descobri que sua mãe robou o meu pai da minha mãe, mas a gota d'água mesmo, foi quando você roubou o Gabriel de mim. Eu amava ele e todos da faculdade sabiam Sophia. E desde então a minha vida é dedicada a te fazer sofrer, a fazer você passar por tudo que eu passei.

- Patricia, você é a menina mais bonita que eu conheço, pode ter qualquer cara. Você acha mesmo que eu seria capaz de roubar alguém de você? - Disse enquanto via Lucas dando alguns passos lentos.

- Não, não sei. Eu sei que eu te odeio e que você sempre fez questão de acabar com a minha vida! - Ela disse e apontou a arma para mim.

- A gente pode simplismente fingir que nada disso aconteceu, você volta pro Rio e tudo fica bem. Se você atirar em mim você vai presa. Você é formada garota, tem emprego fixo, uma boa renda vai viver sua vida.

- Pra você é tão simples né? - Ela disse e levou o dedo ao gatilho.

Sim, eu tenho certeza que ela seria capaz de atirar. Ainda bem que em pequenos passos Lucas conseguiu chegar perto dela e sem ela perceber tomar a arma. Às vezes as pessoas alimentam um ódio inexistente e nem nos damos conta, talvez seja inveja, carência, não sei. Sei apenas que não fiquei feliz em ver Patricia sendo levada pela policia.

E SE EU PUDESSE CONTAR AS ESTRELAS?Onde histórias criam vida. Descubra agora