CAPÍTULO 11

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Ficamos por mais um tempo apreciando as estrelas e depois Lucas me deixou em casa, dormi cedo pois no outro dia teria reunião com todos os fotógrafos de Renê. Iza me contara que Gabriel tinha começado a trabalhar lá (pra minha infelicidade) também, porém temporariamente.

- Eu convoquei todos vocês aqui pra dizer que vai ter um evento do Youtube amanhã e independente de suas agendas pessoais quero todos lá! - Renê disse logo depois que todos os presentes fizeram silêncio.

Enquanto ele e os outros fotógrafos acertavam as agendas fiquei observando um quadro que estava na parede a minha frente. Não era nada mais do que um contorno de um corpo humano que usava um terno e um ponto de interrogação em seu rosto. Aquilo deveria representar alguma daquelas campanhas tipo a "Quem é você na empresa" ou "Seja a diferença", mas por algum motivo aquela imagem me fascinou de uma forma inexplicável. Seus traços finos e grossos em algumas partes me faziam apreciar cada detalhe, parei para pensar em quem eu realmente era, no que estava acontecendo dentro de mim.

- Pode ser Sofi?

- An?

- A gente pode transferir aquele ensaio do menino pra quarta que vem? - Renê disse aparentemente repetindo.

- Cla-claro!

- Ai, odeio gente sonsa! - Patricia sussurrou baixo.

- Ai, odeio gente talarica! - Disse e senti Iza apertar meu braço.

- Nem comecem meninas. No mais é isso. Logo menos vocês receberam o endereço do local e a função de cada um no evento, boa tarde! - Renê disse e saiu.

Todos sairam da sala, mas por algum motivo eu não conseguia parar de fitar aquele quadro.

- Sofi, só vou no banheiro e a gente vai pra casa tá? - Iza disse e saiu.

- Beleza!

"O que faz você ser alguém?" - Pensei.
"Seus pensamentos? Você é você com seus pensamentos ou seus pensamentos são você?"

- Dubito, ergo cogito, ergo sum. - Disse baixinho para mim mesma.

"Duvido, logo penso, logo existo." O filósofo Descartes disse quando quis saber se realmente existia. Calma, eu não sou a louca da filosófia, ví isso em algum livro e achei interessante.

- Oi Sofi! - Gabriel disse adentrando a sala.

- Tchau Gabriel. - Disse levantando.

- Espera, eu só queria me desculpar, quer dizer... Eu acho que nosso amor resiste a uma pulada de cerca sabe?

- Você é ridiculo cara! - Disse e tentei sair até Gabriel impedir minha passagem.

- Espera, desculpa. Eu, eu me expressei mal. Poxa Sofi, será que a gente não pode encarar isso apenas como um obstáculo?

- Não Gabriel, a gente não pode porquê não é um obstáculo. É o limite, você acha que isso foi a única coisa idiota que você fez comigo né?

- Sofi, se você tá falando daquele dia, eu já disse que tava bebâ...

- Não interessa, eu não queria e você me obrigou. Eu... eu deveria te processar seu canalha! - Disse perdendo o controle das minhas lágrimas.

- Olha Sofi, eu sei que eu errei mas "processar"? Desculpa, mas eu era seu namorado, não fiz nada do que não era meu por direi... - Dei um tapa no rosto de Gabriel antes dele terminar a frase.

- Seu idiota, eu te odeio! - Disse enquanto batia nele com toda a minha força.

A essa altura eu não me importava mais com o que as pessoas iriam pensar ou em segurar as lágrimas, eu só queria matar aquele idiota.

E SE EU PUDESSE CONTAR AS ESTRELAS?Onde histórias criam vida. Descubra agora