CAPÍTULO 24

542 38 0
                                    

E assim fomos para o segundo dia de "lua-de-mel" que começou ridículamente com uma ligação das Entidades das Onze e Meia, eles queriam confirmar a minha volta, disse que sim, que voltaria dentro de dois dias, como o combinado.

- Tá afim de ir pra Orlando daqui dois dias? - Perguntei logo depois que encerrei a chamada.

-  A única coisa na qual eu tô afim tá bem aqui na minha frente! - Lucas disse com a cara meio amassada e sorriu.

- Pois é, essa coisa vai pra lá! - Disse.

- Vamos então! - Lucas disse com a maior naturalidade possível.

- Sério?

- Sim ué!

- Tão fácil assim?

- Eu já fiquei longe de você tempo de mais, agora pra qualquer lugar que você for eu vou atrás. - Ele disse e sorriu mais uma vez.

- Eu te beijaria, se você não estivesse com bafo. - Disse e sorri de volta.

Entrei no banheiro para escovar os dentes, mas continuei falando com Lucas com a voz mais elevada

- Nos filmes eles beijam mesmo assim! - Lucas disse ainda do quarto.

- Nos filmes eles são nojentos. - Disse.

- Então você tá dizendo que o Noah Centineo é nojento? - Ele disse surgindo na porta do banheiro com um sorriso no rosto.

- Eu não disse isso! - Disse com a boca cheia de creme dental.

- Isso foi nojento, mas também foi um "iti malia"! - Lucas disse segurando minhas bochechas e beijou uma delas.

Passamos a tarde jogando conversa fora, brincando, fazendo planos sobre o futuro e nos perguntando como alguém pode gostar de tomate

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Passamos a tarde jogando conversa fora, brincando, fazendo planos sobre o futuro e nos perguntando como alguém pode gostar de tomate. Mas antes do pôr-do-sol anunciar o fim do dia nós estávamos na parte de trás da casa, alguns metros além da piscina e alguns metros antes da areia da praia sentados num balanço feito especialmente para crianças, mas nós não nos importávamos.

- Não gosto de peixes! - Lucas disse fitando o mar enquanto balançavamos maduramente no balanço infantil.

- Quem diabos não gosta de peixes? Tipo, eles... só tão lá nadando Lucas! - Disse e ri.

- Quando eu tinha oito anos um peixe me mordeu e desde então não gosto deles. - Ele disse e riu sem graça.

Gargalhei e depois afirmei que estava rindo com respeito.

- Eu queria saber o que você tava fazendo pra conseguir que um peixe te mordesse. - Disse ainda rindo um pouco.

- É melhor deixar pra lá. - Ele disse e riu.

- Eu também não era uma criança muito normal. Comecei a me fascinar pelas estrelas, galáxia, universo e coisas do tipo simplismente pra contestar minha mãe.

- Que? Pode começar a contar. - Lucas disse gargalhando.

- Bom, o ano era dois mil e seis, eu tinha dez anos, era inverno e minha avó estava no hospital. Eu não entendia direito o que estava acontecendo com ela, mas entendi quando minha mãe me falou que ela havia falecido mas que se tornaria uma estrela que sempre ficaria no céu me vigiando e cuidando de mim. Daí eu disse para mim mesma "estrelas não são pessoas, estrelas são... estrelas!" e disse para minha mãe que era inviável uma pessoa se transformar em uma estrela, mas ela continou defendendo a tése dela, lembro dela falando com tanta naturalidade quanto alguém que explica a transformação de uma lagarta em crisálida. Foi aí que eu fui pesquisar para provar para minha mãe que estrelas não são pessoas que foram para o hospital sem um motivo aparente. E foi aí que eu descobri que estrelas eram na verdade gases e vários restos intergaláticos.

- Eu não sei o que dizer! - Lucas disse rindo.

- Não precisa dizer nada. Aliás precisa sim, conta como você começou a gostar de Astrologia. - Disse.

- Bom, eu via algumas curiosidades na internet às vezes e depois conheci uma certa garota que amava o universo, daí me aprofundei no assunto pra não passar vergonha. - Ele disse e riu.

- Interessante! - Disse e ri.

Ficamos jogando conversa fora e balançando até os últimos raios solares se perderem no horizonte. Era bom ver Lucas apreciando aquela vista, ele olhava fixamente para o rosa no céu e o castanho de seus olhos por vez ficara mais claro.

- Vamos entrar? - Disse interrompendo os pensamentos distantes de Lucas.

- Vamos!

Fomos de mãos dadas até a cozinha, comemos pipoca, mais tarde tomamos banho e já prontos para dormir resolvemos assistir um filme.

- Tá, qual filme? - Ele perguntou enqunato estava em pé de frente a tevê com o controle na mão.

- Não sei. - Disse sentada no sofá abraçando minha perna direita.

- Diz qualquer um aí!

- Você pediu pra dormir duas noites comigo né? - Perguntei.

- Aham! - Ele disse e se virou para a tevê a procura de um filme.

- E disse que seria no sentido mais inocente da expressão né?

- Aham! - Ele concordou ainda de costas para mim.

- Pois é! Estamos na terceira noite. - Disse me levantando e abracei Lucas por trás.

- Sabe que eu nem queria assistir filme? - Ele disse se virando para mim.

- Muito menos eu!

Lucas arremessou o controle em direção ao sofá e eu pulei em seu colo.

Naquele momento eu não queria pensar em nada, mas era impossível não lembrar da nossa última vez, impossivel não lembrar do que acontecera no dia seguinte.

Tomei o controle dos meus próprios pensamentos e me forcei a esquecer aquilo, me forcei a aproveitar o momento, coisa que eu não fazia a muito tempo.

E SE EU PUDESSE CONTAR AS ESTRELAS?Onde histórias criam vida. Descubra agora