CAPÍTULO 20

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Ficamos no esconderijo por um tempo e entre beijos e mais beijos as Entidades das Onze e Meia me ligaram estragando meu momento Anitta(no clipe "Não perco meu tempo"), eles queriam saber se eu poderia voltar mais cedo que o planejado. Pensei um pouco e disse que não dava. Queria passar esse tempo com Lucas, pelo menos até decidir o que realmente iria fazer.

- Do trabalho? - Lucas perguntou.

- É, as Entidades das Onze e Meia! - Disse já me preparando para o pedido de uma explicação.

- An?

- Izabele e eu chamamos eles assim porquê eles só me ligam por volta das onze e meia pra passar o relatório do dia. - Disse.

- Ah. Entendi! - Lucas disse rindo.

- Acho que já tá na nossa hora né?

- É, vamos!

Lucas e eu passamos por aquela trilha mal feita e sínuosa dentre o matagal, na qual já era batida e manjada para nós.

Ele me deixou em casa e antes de fechar a porta do carro fui surpreendida com uma leve puxada em meu braço.

- Tá afim de iluminar a lua com o nosso amor amanhã? - Ele disse e sorriu.

- Talvez! - Disse e também sorri.

- Vou entender isso como um sim. Não vai ser no mesmo lugar e a gente vai voltar só daqui dois dias. - Lucas disse com a maior naturalidade possível.

Ele falou como se estivesse contando de quando foi comprar pão na padaria da esquina.

- O quê? - Disse.

- É isso aí!

- A gente vai pra onde?

- Boa noite princesa. - Ele disse e fechou a porta do carro.

- Lu-lucas... - Ia dizer algo, mas desisti quando vi o carro entrando na pista.

"O que será que esse doido tá tramando agora?" Era o meu único pensamento enquanto entrava em casa.

- CONTA TUDO! - Iza disse assim que abri a porta.

- Tudo o que? - Disse e coloquei meu molho de chaves na mesinha de centro.

- SOPHIA VOCÊ TIROU O BOY DO CASAMENTO DELE, FEZ A NOIVA DELE SER PRESA POR PORTE ILEGAL DE ARMA E SUMIU COM ELE, E AGORA VEM COM "TUDO O QUE"? - Iza berrou.

- Ai, calma! A gente voltou. - Disse e pensei o que seria "voltar" se a gente nunca teve nada.

- AI MEU DEUS, MEU CASAL! - Iza berrou novamente.

- Na verdade, eu não sei! A gente nunca teve nada, então, não sei.

- Como assim nunca tiveram nada, tá doida?

- Sei lá, a gente tava junto, mas não queríamos entrar na roda-gigante...

- Roda-gigante?

- É, um dia eu te explico! - Disse e fui tomar banho.

Um banho era o que era mais que necessário naquele momento, não foi fácil como pareceu. Vocês acham que é fácil estar emocionalmente fudida e ainda ter que aguentar aquele showzinho todo? Sem contar no que aconteceu depois né? Achei que iria morrer... E sobre "voltar" com Lucas... Não foi uma decisão sensata, quero dizer... Eu aceitei porquê sabia que era aquilo que meu coração queria, que eu queria. Mas ainda dói, por mais que eu saiba que nada foi como eu pensei... Ainda dói.

Terminei meu banho e ainda de toalha me abaxei e peguei a caixinha de baixo da cama(sim eu levei, eu a levava para todos os lugares). Peguei um poema que tinha feito ainda em Orlando, quando eu não sabia de toda a verdade. Eu precisava relembrar o que senti pra talvez... Conseguir entender o que eu estava sentindo.

"A rosa em seu vaso de vidro revela sua base, mas nunca sua raiz, já o girassol não sabe o que diz

Em vasos perfeitos e cheios de curvas a rosa fica cada vez mais divina
E em todo esse show a girassol fica por trás da cortina

A rosa e seu vaso de vidro
Finge que não mas está em busca de um cupido
Ela mostra sua base, mas nunca sua raiz
Já a girassol nem sabe o que diz

Todos querem a rosa, todos a desejam
Eu apenas ergo-me aos céus e peço que me vejam
Desejando que você me visse parada alí
Com todas as minhas forças eu pedi

Será se eu fosse uma rosa você me veria?
Será se eu fosse mais bonita você me levaria?
Eu sei que você não me vê, mas alguém espera por você

Eu era apenas uma girassol engraçada
Não era o suficiente pra você!"

Lembrei-me bem do que senti quando escrevi cada palavra daquele poema: totalmente insignificante, não só com Lucas, mas em toda minha vida. Nunca tive uma boa autoestima, mas naqueles dias eu me sentia o pior dos seres.

Peguei outro papelzinho de dentro da caixinha de papelão.

"Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado - não autoral"

Lembrei que logo depois que escrevi esse poema que já havia lido em algum lugar, pesquisei a palavra "amor" no google, sem nenhum contexto, apenas "amor". Lembro que vi um trecho de um livro e o mesmo dizia que o amor era apenas um estado, sim, um estado. Um estado no qual você e outra pessoa teram que batalhar muito para conseguir conquista-lo.

Lembrei de uma aula que tive no nono ano em que um professor pediu para a turma explicar o que era o amor. Em meio a respostas prontas e corajosos que tentavam explicar o sentimento-amor eu tentava achar uma forma de responder a pergunta.

Como é estar na roda-gigante? Como é sentir o frio na barriga?

"O amor não é um sentimento, e sim um estado, professor!" - Era o que eu precisaria falar.

O amor é um estado. Um estado bom, que nos faz sentirmos bem, nós faz ficarmos felizes e querer compartilhar essa felicidade, nós faz ficar eufóricos, reluzentes, deslumbrantes, nos faz querer descrever a sensação, nos faz sentir um frio na barriga. Logo o amor é a própria roda-gigante, e quem está amando está na roda-gigante, e em cada cabine há uma história diferente.

Fomos pegos pela roda-gigante Lucas!

Fomos pegos pela roda-gigante Lucas!

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