O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?
Julieta Batista
Eu não sou mesmo uma pessoa de muita sorte, o azar é meu companheiro fiel não é possível uma coisa dessas. Eu só fui limpar o estábulo por ordens do meu pai, não sabia que iria ter alguém ali aquela hora. Nunca tem. Depois de molhar o homem que estava lá, eu tentei me desculpar mas o mesmo foi muito grosseiro. Nunca o vi por aqui, será que é o filho dos patrões? Meu pai disse que ele vai tomar posse de tudo isso, então muitas coisas poderiam mudar.
Não que faça alguma diferença para mim.
Sou uma menina que sabe muito pouco da vida, muitas vezes falo errado, escrever eu sei mas não é nada primoroso pelo contrario. Eu ajudo meus pais como eu posso, eu vendo bordados e artesanatos que minha mãe Mercedes mesmo faz. Eu vou para a cidade que fica um tempinho daqui, sempre quando meu pai vai para a cidade fazer alguma coisa. Aqui não existe só a fazenda Nogueira, existem outras e uma delas é ao lado de onde vivemos.
A fazenda Belo Recanto é administrada por dois irmãos, que se dão muito bem com a família Nogueira e consequentemente andam muito por essas terras. Gostaria de dizer que minha vida é só ajudar meus pais, mas não ela é muito mais complexa que isso.
-Filha o que tá fazendo aqui? - minha mãe me questiona assim que chego em casa. - Não era pá tá fazendo o que seu pai pediu?
-Era... - falo pensativa. - Aconteceu uma coisa e ai vim mais cedo.
-Que coisa?
-Nada demais mãe. - falo não querendo contar a verdade.
-Sei... - me olha desconfiado. - Bom eu vou terminar de lavar essas roupas, você fica de olho no ensopado?
-Fico mãe.
Nossa casa é super humilde se me perguntarem como é tomar banho de chuveiro, não saberei responder, pois aqui em casa não tem. Seu Amadeu e dona Carmem só pessoas horríveis, nos tratam como se fossemos pessoas com doenças contagiosas, seu filho Matheus não fica muito atrás ele é o diabo em pessoa. Minha mãe me contou que eles tem outro filho e agora pensando melhor será que aquele que encontrei mais cedo não é ele? Bom vou ter tempo para descobrir, já que será o mesmo que vai cuidar de tudo isso agora.
-Bu! - eu pulo de susto.
-Que diacho Tito, já disse que não gosto que me assuste. - brigo com ele.
-E sabe que não ligo.
Tito é filho do meu pai ou seja, meu meio irmão. Quando minha mãe se casou com meu pai, ele já tinha o Tito que na época morava com a mãe. Hoje ele tem sua própria família e trabalha e mora na fazenda Belo Recanto. Com seus vinte e oito anos é o cara mais responsável que conheço, ele é um amor de pessoa.
-Não devia estar trabalhando? - pergunto.
-E estou. - fala. - Vim aqui a mando do patrão, preciso conversar com seu Eugênio.
-Vai ficar pá come?
-Vou nada, tenho muita coisa pá fazê ainda. - ele me dá um beijo no rosto. - Depois eu volto.
-Vai com Deus.
-Amém!
Eu termino de fazer o ensopado e logo estamos eu, minha mãe e meu pai na pequena mesa de madeira almoçando. Meu pai é um homem muito bruto na maioria das vezes, me pergunto o que minha mãe viu nele. Bom o amor faz isso com ás pessoas, pelo menos é o que acho. Nunca me apaixonei na vida, não sei o que é gostar e ser beijada de forma carinhosa...
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Julieta - Série Paixões Perigosas - Livro 4
RomancePLÁGIO É CRIME! Julieta Batista, vinte anos, mora numa pequena casinha na fazenda aonde seu pai trabalha. A fazenda Nogueira é muito conhecida por seus gados e cavalos de puro sangue, uma família rica e esnobe que trata seus empregados como cachorro...