Quando o Lourenço mandou a mensagem com o endereço da irmã, a Bia já estava de pé e de banho tomado.
Uma coisa em que ela era perita, era conquistar mãe de namorado ou, naquele caso, irmã mais velha. Ela escolheu um vestido comportado, azul-claro indo até logo acima dos joelhos, prendeu o cabelo num rabo de cavalo no alto da cabeça e deixou a maquiagem no mínimo dos mínimos, rímel e um batom rosa clarinho.
A Bia subiu as escadas do prédio da década de 50, muito bem conservado, em Copacabana, onde a Mariana e a Alexa também moravam, pontualmente na hora em que o Lourenço disse para ela chegar, carregando uma musse de frutas vermelhas comprada na sua doceria preferida, confiante e segura de que o domingo seria tranquilo.
Só que não.
O almoço foi um desastre.
— Bia! — A Alexa a recebeu na porta com dois pulinhos e o Lourenço mal teve tempo de pegar a caixa com a sobremesa da sua mão antes que ela fosse envolvida num abraço entusiasmado. — Que bom que você veio. Eu sabia! Naquele dia na casa do Lôro, do jeito que ele te olhava, eu sabia que a gente ia se ver de novo.
— E pelo menos hoje, a gente tá livre do arroz do seu irmão — a Bia implicou olhando por cima do ombro da Alexa e encontrando a expressão divertida do Lourenço observando as duas.
— Verdade. A Mari cozinha super bem. — A Alexa tentou puxar a Bia para dentro do apartamento, mas o Lourenço tinha outras ideias e empurrou a caixa com a musse nas mãos dela.
— Vai guardar isso. Agora é a minha vez.
Ele se aproximou com o olhar intenso, e o corpo da Bia formigou da cabeça aos pés. Tudo o que eles tinham dividido na noite anterior, a conversa, as confidências e o sexo, tanto o alucinado quando ela chegou quanto o profundo depois, criou uma nova camada de cumplicidade entre eles, e a sensação de estar mais próxima e ligada a ele do que nunca, era deliciosa.
— Você tá linda — ele murmurou antes de beijá-la.
Foi um beijo inocente, só lábios, porque aquela não era a hora, nem ali o lugar, de excessos, mesmo assim nenhum dos dois parecia disposto a parar.
— Aaaawww. — A voz da Alexa quebrou o clima.
O Lourenço se afastou com uma risada.
— Você ainda tá aí?
— Desculpa. É que vocês são tão bonitinhos juntos. Mas já tô indo. Geladeira, né? — Ela levantou a caixa, a Bia confirmou com um aceno de cabeça e ela foi embora.
— Vem. — O Lourenço colocou a bolsa da Bia em cima de um móvel perto da porta, entrelaçando os dedos com os dela e a levando por um curto corredor para dentro do apartamento.
Entre o entusiasmo da Alexa e a intensidade do Lourenço, teria sido fácil não perceber que a dona da casa não tinha ido conhecê-la, mas um pequeno frio ensaiou tomar o estômago da Bia com a ausência da Mariana. Ela afastou a inquietação, porque devia haver um bom motivo, como estar mexendo alguma panela que ia desandar se ela parasse, e se concentrou no homem que levantou do sofá quando eles entraram na sala.
Ele era baixinho, calvo e dono de uma barriguinha proeminente.
— Então é verdade? O Lôro namorando? O que deve ter de mulher se descabelando por aí, não tá no gibi — ele disse com uma voz fina que combinava perfeitamente com ele.
O Lourenço ignorou a tentativa de brincadeira sem graça e o apresentou.
— Esse é o Toninho, dono do bar onde eu trabalho e namorado da Mari.
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Mau Amor [Concluído]
RomanceQuem nunca se enganou com uma pessoa? Aceitou primeiras impressões só para descobrir que não era nada daquilo? Ou será que era? Bia está longe de ser uma princesa, mas quando o príncipe encantado aparece em sua vida, ela resolve lhe dar uma chance...