Capítulo 29

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Quando o Lourenço mandou a mensagem com o endereço da irmã, a Bia já estava de pé e de banho tomado.

Uma coisa em que ela era perita, era conquistar mãe de namorado ou, naquele caso, irmã mais velha. Ela escolheu um vestido comportado, azul-claro indo até logo acima dos joelhos, prendeu o cabelo num rabo de cavalo no alto da cabeça e deixou a maquiagem no mínimo dos mínimos, rímel e um batom rosa clarinho.

A Bia subiu as escadas do prédio da década de 50, muito bem conservado, em Copacabana, onde a Mariana e a Alexa também moravam, pontualmente na hora em que o Lourenço disse para ela chegar, carregando uma musse de frutas vermelhas comprada na sua doceria preferida, confiante e segura de que o domingo seria tranquilo.

Só que não.

O almoço foi um desastre.

— Bia! — A Alexa a recebeu na porta com dois pulinhos e o Lourenço mal teve tempo de pegar a caixa com a sobremesa da sua mão antes que ela fosse envolvida num abraço entusiasmado. — Que bom que você veio. Eu sabia! Naquele dia na casa do Lôro, do jeito que ele te olhava, eu sabia que a gente ia se ver de novo.

— E pelo menos hoje, a gente tá livre do arroz do seu irmão — a Bia implicou olhando por cima do ombro da Alexa e encontrando a expressão divertida do Lourenço observando as duas.

— Verdade. A Mari cozinha super bem. — A Alexa tentou puxar a Bia para dentro do apartamento, mas o Lourenço tinha outras ideias e empurrou a caixa com a musse nas mãos dela.

— Vai guardar isso. Agora é a minha vez.

Ele se aproximou com o olhar intenso, e o corpo da Bia formigou da cabeça aos pés. Tudo o que eles tinham dividido na noite anterior, a conversa, as confidências e o sexo, tanto o alucinado quando ela chegou quanto o profundo depois, criou uma nova camada de cumplicidade entre eles, e a sensação de estar mais próxima e ligada a ele do que nunca, era deliciosa.

— Você tá linda — ele murmurou antes de beijá-la.

Foi um beijo inocente, só lábios, porque aquela não era a hora, nem ali o lugar, de excessos, mesmo assim nenhum dos dois parecia disposto a parar.

— Aaaawww. — A voz da Alexa quebrou o clima.

O Lourenço se afastou com uma risada.

— Você ainda tá aí?

— Desculpa. É que vocês são tão bonitinhos juntos. Mas já tô indo. Geladeira, né? — Ela levantou a caixa, a Bia confirmou com um aceno de cabeça e ela foi embora.

— Vem. — O Lourenço colocou a bolsa da Bia em cima de um móvel perto da porta, entrelaçando os dedos com os dela e a levando por um curto corredor para dentro do apartamento.

Entre o entusiasmo da Alexa e a intensidade do Lourenço, teria sido fácil não perceber que a dona da casa não tinha ido conhecê-la, mas um pequeno frio ensaiou tomar o estômago da Bia com a ausência da Mariana. Ela afastou a inquietação, porque devia haver um bom motivo, como estar mexendo alguma panela que ia desandar se ela parasse, e se concentrou no homem que levantou do sofá quando eles entraram na sala.

Ele era baixinho, calvo e dono de uma barriguinha proeminente.

— Então é verdade? O Lôro namorando? O que deve ter de mulher se descabelando por aí, não tá no gibi — ele disse com uma voz fina que combinava perfeitamente com ele.

O Lourenço ignorou a tentativa de brincadeira sem graça e o apresentou.

— Esse é o Toninho, dono do bar onde eu trabalho e namorado da Mari.

Mau Amor [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora