Capítulo 42

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A Bia entrou no apartamento com a chave que o Lourenço lhe deu depois da noite da surra.

Pra você não ter que ficar parada na frente do prédio mais tempo que precisa, foi a justificativa que ele deu ao lhe estender o chaveiro com um B cor de rosa. E porque ela não precisava tocar o interfone, ela quase sempre o pegava dormindo quando chegava na casa dele pela manhã.

Não que ela se importasse. Acordá-lo era uma das melhores partes da sua semana.

Ela deixou a sapatilha perto da porta, entrou na cozinha e largou a chave junto com as sacolas em cima da pia. Além de ter passado na padaria, ela também tinha providenciado tudo o que precisaria para fazer o arroz, inclusive a peneira para lavá-lo.

Nas férias em Friburgo, ela tinha pedido a avó para ensiná-la o básico para se virar na cozinha e tinha aprendido a fazer arroz, omelete e macarrão com molho de tomate. Molho pronto, mas valia. Ela não tinha chegado perto de um fogão depois de voltar para o Rio, mas, com certeza, seu arroz ficaria melhor do que o do Lourenço. Tarefa nem um pouco difícil.

Ela colocou a bolsa no encosto do sofá a caminho do quarto, e encontrou o namorado dormindo de bruços, o lençol o cobrindo até a cintura e as mãos enfiadas embaixo do travesseiro. O cara só precisava estar desacordado, sem camisa, no mesmo ambiente que a Bia e seu coração disparava e sua pele se cobria de arrepios. A visão do rosto tranquilo e descansado fez seu peito se apertar. Antes de o dia acabar ela ia pôr várias ruguinhas de preocupação naquela testa, mas, primeiro, ele merecia uma retribuição pelo passeio do dia anterior.

A Bia tirou a roupa, levantou o lençol e se espremeu na pontinha da cama. Ele virou de lado e a puxou para ele.

- Humm... - ele gemeu baixinho e deslizou a mão pelas suas costas até chegar ao bumbum, que ganhou um apertão gostoso. Ele sorriu, sem abrir os olhos. - Só pode ser um sonho.

- Então, não acorda. - A Bia enfiou a mão pela frente do moletom dele. Ele ainda não estava pronto, mas ninguém estava com pressa.

Eles trocaram beijos e carinhos preguiçosos e ele enrolou os cabelos da Bia na mão, a levando onde ele queria. Ela perdia a cabeça quando ele tomava o controle daquela maneira, a obrigando a dar a ele exatamente o que ele precisava, andando na linha fina que separava a força da delicadeza.

Ela foi espalhando pequenos beijos pelo caminho do peito e barriga, parou por um segundo, tirou o moletom dele, e continuou descendo até envolvê-lo com os lábios. Ele pulsava quente na sua língua e o gemido que ele deu, longo, parecendo um animal, fez tudo se expandir dentro dela. Os olhos dos dois se encontraram, e ainda era incrível ver como ela conseguia colocar aquela expressão de prazer meio louco e selvagem no rosto dele.

Controlando seus movimentos, o Lourenço usou sua boca como ele quis, enquanto a Bia se fartava do gosto, do cheiro, do calor, até que ele a puxou para cima, com um grunhido.

- Eu quero gozar dentro de você - ele murmurou com os lábios roçando nos dela e envolveu os seios delicados com as mãos.

- Toma cuidado? - Ela pousou as mãos por cima das dele. - Tá dolorido.

- Eu tomo cuidado.

Cumprindo a promessa, ele deslizou as mãos pela pele sensível, na carícia mais suave do mundo. A Bia gemeu com o toque que era muito e pouco ao mesmo tempo, que lhe dava dor e prazer misturados, e quando ele trocou as mãos pelos lábios, ela deixou de existir nesse mundo e eles fizeram amor, completamente entregues um ao outro, sem imaginar o que esperava por eles.

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O Lourenço voltou do banheiro com o rosto lavado, os dentes escovados e se deitou com Bia, para aproveitarem o restinho de tempo sozinhos, antes de a Alexa chegar.

- Eu passei na padaria. - A Bia se encostou no peito do namorado.

- Você quer tomar café agora? - Ele fez menção de voltar a se levantar, mas ela o impediu.

- Daqui a pouco, eu não tô com muita fome.

Ele segurou o rosto dela com as duas mãos, a testa franzida.

- O que foi? Você nunca recusa café da manhã.

Ela tinha várias coisas para contar e começou pelo que ia chatear menos o Lourenço.

- Eu saí com a Vivi, ontem, e a gente brigou. Eu odeio ficar brigada com ela.

- Por minha causa? - O Lourenço apertou os lábios numa linha fina.

- Foi porque ela não suporta quando eu escondo as coisas dela. - A Bia minimizou. Ele não era burro, ele percebia que a Vivi não gostava dele, mas a Bia não ia falar aquilo em voz alta. Por bem ou por mal, a prima ia ter que aprender a conviver com ele, porque o Lourenço estava na sua vida para ficar. - E ela insiste em me empurrar pro Diego e...

- Peraí. - Ele sentou. - O seu playboy tá nessa história também?

- Tá - ela confirmou e, de repente, seu peito se apertou com tanta força que se ela não falasse, ela ia explodir. - Eu te conto tudo depois, eu juro. Mas tem outra coisa, muito mais importante...

- Calma, Bia. - Ele a abraçou. - Você tá tremendo. Fica calma. Você sabe que pode me contar qualquer parada, né?

A Bia engoliu o choro e procurou no tom de voz carinhoso, a coragem para seguir em frente, mas antes que ela abrisse a boca, alguém bateu na porta.

- Merda! - o Lourenço xingou. - Eu sabia que a Alexa ia chegar mais cedo por sua causa.

Ele pegou a calça de moletom e se vestiu.

- Tudo bem. - A Bia sentou na cama. - A gente conversa mais tarde.

- Se você quiser, ela espera na sala e a gente fala agora?

A campainha disparou a tocar, sem parar.

- Não precisa. - A Bia deu um sorriso que ela não sentiu. - É até melhor, depois.

- Deixa eu abrir a porta pra essa maluca, então.

A Bia vestiu a calcinha e estava com a mão na camiseta, quando várias vozes masculinas começaram a gritar na sala.

Seu coração pareceu explodir dentro do peito e ela imaginou o Dezinho e os comparsas dele dentro do apartamento e, com o corpo tremendo ainda mais do que antes, ela passou a camisa pela cabeça e braços o mais rápido que pôde, porque ser encontrada por eles, praticamente nua, com uma cama à disposição, era uma péssima ideia. Ela agarrou o short, mas não teve tempo de vesti-lo.

Dois homens invadiram o quarto com duas armas apontadas para ela.

Mas não eram os traficantes.

Os homens usavam uniforme da polícia.

Mau Amor [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora