A Bia entrou no apartamento com a chave que o Lourenço lhe deu depois da noite da surra.
Pra você não ter que ficar parada na frente do prédio mais tempo que precisa, foi a justificativa que ele deu ao lhe estender o chaveiro com um B cor de rosa. E porque ela não precisava tocar o interfone, ela quase sempre o pegava dormindo quando chegava na casa dele pela manhã.
Não que ela se importasse. Acordá-lo era uma das melhores partes da sua semana.
Ela deixou a sapatilha perto da porta, entrou na cozinha e largou a chave junto com as sacolas em cima da pia. Além de ter passado na padaria, ela também tinha providenciado tudo o que precisaria para fazer o arroz, inclusive a peneira para lavá-lo.
Nas férias em Friburgo, ela tinha pedido a avó para ensiná-la o básico para se virar na cozinha e tinha aprendido a fazer arroz, omelete e macarrão com molho de tomate. Molho pronto, mas valia. Ela não tinha chegado perto de um fogão depois de voltar para o Rio, mas, com certeza, seu arroz ficaria melhor do que o do Lourenço. Tarefa nem um pouco difícil.
Ela colocou a bolsa no encosto do sofá a caminho do quarto, e encontrou o namorado dormindo de bruços, o lençol o cobrindo até a cintura e as mãos enfiadas embaixo do travesseiro. O cara só precisava estar desacordado, sem camisa, no mesmo ambiente que a Bia e seu coração disparava e sua pele se cobria de arrepios. A visão do rosto tranquilo e descansado fez seu peito se apertar. Antes de o dia acabar ela ia pôr várias ruguinhas de preocupação naquela testa, mas, primeiro, ele merecia uma retribuição pelo passeio do dia anterior.
A Bia tirou a roupa, levantou o lençol e se espremeu na pontinha da cama. Ele virou de lado e a puxou para ele.
- Humm... - ele gemeu baixinho e deslizou a mão pelas suas costas até chegar ao bumbum, que ganhou um apertão gostoso. Ele sorriu, sem abrir os olhos. - Só pode ser um sonho.
- Então, não acorda. - A Bia enfiou a mão pela frente do moletom dele. Ele ainda não estava pronto, mas ninguém estava com pressa.
Eles trocaram beijos e carinhos preguiçosos e ele enrolou os cabelos da Bia na mão, a levando onde ele queria. Ela perdia a cabeça quando ele tomava o controle daquela maneira, a obrigando a dar a ele exatamente o que ele precisava, andando na linha fina que separava a força da delicadeza.
Ela foi espalhando pequenos beijos pelo caminho do peito e barriga, parou por um segundo, tirou o moletom dele, e continuou descendo até envolvê-lo com os lábios. Ele pulsava quente na sua língua e o gemido que ele deu, longo, parecendo um animal, fez tudo se expandir dentro dela. Os olhos dos dois se encontraram, e ainda era incrível ver como ela conseguia colocar aquela expressão de prazer meio louco e selvagem no rosto dele.
Controlando seus movimentos, o Lourenço usou sua boca como ele quis, enquanto a Bia se fartava do gosto, do cheiro, do calor, até que ele a puxou para cima, com um grunhido.
- Eu quero gozar dentro de você - ele murmurou com os lábios roçando nos dela e envolveu os seios delicados com as mãos.
- Toma cuidado? - Ela pousou as mãos por cima das dele. - Tá dolorido.
- Eu tomo cuidado.
Cumprindo a promessa, ele deslizou as mãos pela pele sensível, na carícia mais suave do mundo. A Bia gemeu com o toque que era muito e pouco ao mesmo tempo, que lhe dava dor e prazer misturados, e quando ele trocou as mãos pelos lábios, ela deixou de existir nesse mundo e eles fizeram amor, completamente entregues um ao outro, sem imaginar o que esperava por eles.
ᴒ ᴒ ᴒ ● ᴒ ᴒ ᴒ
O Lourenço voltou do banheiro com o rosto lavado, os dentes escovados e se deitou com Bia, para aproveitarem o restinho de tempo sozinhos, antes de a Alexa chegar.
- Eu passei na padaria. - A Bia se encostou no peito do namorado.
- Você quer tomar café agora? - Ele fez menção de voltar a se levantar, mas ela o impediu.
- Daqui a pouco, eu não tô com muita fome.
Ele segurou o rosto dela com as duas mãos, a testa franzida.
- O que foi? Você nunca recusa café da manhã.
Ela tinha várias coisas para contar e começou pelo que ia chatear menos o Lourenço.
- Eu saí com a Vivi, ontem, e a gente brigou. Eu odeio ficar brigada com ela.
- Por minha causa? - O Lourenço apertou os lábios numa linha fina.
- Foi porque ela não suporta quando eu escondo as coisas dela. - A Bia minimizou. Ele não era burro, ele percebia que a Vivi não gostava dele, mas a Bia não ia falar aquilo em voz alta. Por bem ou por mal, a prima ia ter que aprender a conviver com ele, porque o Lourenço estava na sua vida para ficar. - E ela insiste em me empurrar pro Diego e...
- Peraí. - Ele sentou. - O seu playboy tá nessa história também?
- Tá - ela confirmou e, de repente, seu peito se apertou com tanta força que se ela não falasse, ela ia explodir. - Eu te conto tudo depois, eu juro. Mas tem outra coisa, muito mais importante...
- Calma, Bia. - Ele a abraçou. - Você tá tremendo. Fica calma. Você sabe que pode me contar qualquer parada, né?
A Bia engoliu o choro e procurou no tom de voz carinhoso, a coragem para seguir em frente, mas antes que ela abrisse a boca, alguém bateu na porta.
- Merda! - o Lourenço xingou. - Eu sabia que a Alexa ia chegar mais cedo por sua causa.
Ele pegou a calça de moletom e se vestiu.
- Tudo bem. - A Bia sentou na cama. - A gente conversa mais tarde.
- Se você quiser, ela espera na sala e a gente fala agora?
A campainha disparou a tocar, sem parar.
- Não precisa. - A Bia deu um sorriso que ela não sentiu. - É até melhor, depois.
- Deixa eu abrir a porta pra essa maluca, então.
A Bia vestiu a calcinha e estava com a mão na camiseta, quando várias vozes masculinas começaram a gritar na sala.
Seu coração pareceu explodir dentro do peito e ela imaginou o Dezinho e os comparsas dele dentro do apartamento e, com o corpo tremendo ainda mais do que antes, ela passou a camisa pela cabeça e braços o mais rápido que pôde, porque ser encontrada por eles, praticamente nua, com uma cama à disposição, era uma péssima ideia. Ela agarrou o short, mas não teve tempo de vesti-lo.
Dois homens invadiram o quarto com duas armas apontadas para ela.
Mas não eram os traficantes.
Os homens usavam uniforme da polícia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mau Amor [Concluído]
RomanceQuem nunca se enganou com uma pessoa? Aceitou primeiras impressões só para descobrir que não era nada daquilo? Ou será que era? Bia está longe de ser uma princesa, mas quando o príncipe encantado aparece em sua vida, ela resolve lhe dar uma chance...