Ia piorar muito antes de melhorar.
A Bia estava tentando aceitar e se conformar.
A primeira mudança foi no corte do, já escasso, tempo que ela e o Lourenço tinham para ficar juntos. O dono da academia tinha aceitado o outro cara no lugar do Lourenço, e ele, que contava com o emprego até o fim do mês, foi para a rua antes do que esperava. Os dias livres poderiam ter significado mais encontros, mas entre seu horário na faculdade e o tempo em que ele estava correndo atrás de outro trabalho, era raro eles arrumarem uma horinha para se verem durante a semana.
O Lourenço tinha garantido que depois do tal acordo, não havia risco de um ataque como o daquele sábado à noite se repetir, mas, até ele se afastar por completo daquela complicação, ele não queria a Bia em Copacabana de madrugada. Então, eles só tinham os sábados e domingos, durante o dia.
Antes, aquele era o tempo que eles reservavam para os encontros fora da cama. Agora, eles nem tentavam mais. A saudade acumulada pela separação, combinada com o susto que levaram, gerou o fenômeno de ser impossível ficar perto um do outro sem querer arrancar as roupas e se fartar de beijos, carinhos, sussurros, risos e a simplicidade de se estar ao alcance da mão.
Além do mais, eles precisavam aproveitar, porque uma segunda mudança iria causar uma reviravolta ainda maior no relacionamento deles.
Só com o salário do bar, o Lourenço não tinha como se manter morando sozinho e já tinha avisado na imobiliária, mais duas semanas e ele ia devolver as chaves do apartamento. Depois de voltar a morar com as irmãs, a chance de os dois terem uma cama à disposição deles cairia praticamente a zero. Mesmo se a Bia e a Mariana passassem a se dar bem de um dia para o outro, a Bia não se sentiria à vontade se trancando no quarto com o namorado sabendo que as cunhadas estavam a apenas uma porta fechada de distância.
A ideia de ir a um motel com o Lourenço a enchia de arrepios, não aquele gostoso, cheio de expectativas, mas do tipo, eca, quantas pessoas já fizeram isso nesse lençol? Aí sim, eles não teriam alternativa a não ser voltar aos cinemas, passeios e outros programas.
Aquele era o terceiro final de semana do namoro exclusivamente diurno e, no caminho para Copacabana no sábado pela manhã, aquela era apenas uma das tempestades agitando a cabeça da Bia.
Tinha também o fato de que ficava cada vez mais difícil continuar disfarçando em casa que a causa do fim da sua tristeza e sua recuperação milagrosa não tinham nada a ver com o Lourenço. Principalmente para a Vivi, que era esperta demais e estava desconfiada dos seus sumiços durante os fins de semana. Ela tinha jogado várias indiretas e era uma questão de tempo até a Bia, que nunca foi uma grande mentirosa, se enrolar e entregar o jogo.
O problema era que a Bia queria o Lourenço afastado de qualquer coisa que tivesse a ver com venda de drogas para contar à família que eles tinham voltado a namorar. Não porque ela não confiasse no namorado, mas ela queria olhar nos olhos do Fred e da prima com toda a sua sinceridade ao contar que o Lourenço não tinha mais nada a ver com nada que fosse ligado a nenhuma atividade criminosa.
E a culpa daquele atraso todo era do Toninho.
Ele estava dificultando a entrada do outro cara no bar, com medo de estar se comprometendo com uma pessoa com quem ele não tinha nenhum poder de chantagem, como ele fazia com o Lourenço e a ameaça de sujá-lo com a irmã. E o dono do bar tinha feito uma exigência, ele queria o dobro da comissão para aceitar alguém novo. O tal do mestre achou a nova condição absurda. E o Lourenço continuava preso naquela situação inconveniente, tentando fazer com que as duas partes chegassem a um acordo que parecia cada dia mais difícil de se concretizar.
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Mau Amor [Concluído]
RomanceQuem nunca se enganou com uma pessoa? Aceitou primeiras impressões só para descobrir que não era nada daquilo? Ou será que era? Bia está longe de ser uma princesa, mas quando o príncipe encantado aparece em sua vida, ela resolve lhe dar uma chance...