Capítulo 40

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Ia piorar muito antes de melhorar.

A Bia estava tentando aceitar e se conformar.

A primeira mudança foi no corte do, já escasso, tempo que ela e o Lourenço tinham para ficar juntos. O dono da academia tinha aceitado o outro cara no lugar do Lourenço, e ele, que contava com o emprego até o fim do mês, foi para a rua antes do que esperava. Os dias livres poderiam ter significado mais encontros, mas entre seu horário na faculdade e o tempo em que ele estava correndo atrás de outro trabalho, era raro eles arrumarem uma horinha para se verem durante a semana.

O Lourenço tinha garantido que depois do tal acordo, não havia risco de um ataque como o daquele sábado à noite se repetir, mas, até ele se afastar por completo daquela complicação, ele não queria a Bia em Copacabana de madrugada. Então, eles só tinham os sábados e domingos, durante o dia.

Antes, aquele era o tempo que eles reservavam para os encontros fora da cama. Agora, eles nem tentavam mais. A saudade acumulada pela separação, combinada com o susto que levaram, gerou o fenômeno de ser impossível ficar perto um do outro sem querer arrancar as roupas e se fartar de beijos, carinhos, sussurros, risos e a simplicidade de se estar ao alcance da mão.

Além do mais, eles precisavam aproveitar, porque uma segunda mudança iria causar uma reviravolta ainda maior no relacionamento deles.

Só com o salário do bar, o Lourenço não tinha como se manter morando sozinho e já tinha avisado na imobiliária, mais duas semanas e ele ia devolver as chaves do apartamento. Depois de voltar a morar com as irmãs, a chance de os dois terem uma cama à disposição deles cairia praticamente a zero. Mesmo se a Bia e a Mariana passassem a se dar bem de um dia para o outro, a Bia não se sentiria à vontade se trancando no quarto com o namorado sabendo que as cunhadas estavam a apenas uma porta fechada de distância.

A ideia de ir a um motel com o Lourenço a enchia de arrepios, não aquele gostoso, cheio de expectativas, mas do tipo, eca, quantas pessoas já fizeram isso nesse lençol? Aí sim, eles não teriam alternativa a não ser voltar aos cinemas, passeios e outros programas.

Aquele era o terceiro final de semana do namoro exclusivamente diurno e, no caminho para Copacabana no sábado pela manhã, aquela era apenas uma das tempestades agitando a cabeça da Bia.

Tinha também o fato de que ficava cada vez mais difícil continuar disfarçando em casa que a causa do fim da sua tristeza e sua recuperação milagrosa não tinham nada a ver com o Lourenço. Principalmente para a Vivi, que era esperta demais e estava desconfiada dos seus sumiços durante os fins de semana. Ela tinha jogado várias indiretas e era uma questão de tempo até a Bia, que nunca foi uma grande mentirosa, se enrolar e entregar o jogo.

O problema era que a Bia queria o Lourenço afastado de qualquer coisa que tivesse a ver com venda de drogas para contar à família que eles tinham voltado a namorar. Não porque ela não confiasse no namorado, mas ela queria olhar nos olhos do Fred e da prima com toda a sua sinceridade ao contar que o Lourenço não tinha mais nada a ver com nada que fosse ligado a nenhuma atividade criminosa.

E a culpa daquele atraso todo era do Toninho.

Ele estava dificultando a entrada do outro cara no bar, com medo de estar se comprometendo com uma pessoa com quem ele não tinha nenhum poder de chantagem, como ele fazia com o Lourenço e a ameaça de sujá-lo com a irmã. E o dono do bar tinha feito uma exigência, ele queria o dobro da comissão para aceitar alguém novo. O tal do mestre achou a nova condição absurda. E o Lourenço continuava preso naquela situação inconveniente, tentando fazer com que as duas partes chegassem a um acordo que parecia cada dia mais difícil de se concretizar.

Mau Amor [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora