Um pijama confortável, sua cama e um livro interessante eram o fim perfeito do dia perfeito da Bia, mas claro, era bom demais para ser verdade.
Ela deu um gritinho de susto quando a porta do seu quarto abriu de repente e a Vivi entrou como um furacão.
— Não! — A Bia fechou o livro com força. — Eu te avisei que eu não vou sair!
— Hoje é sábado. — A Vivi puxou a colcha de cima da Bia. — Depois que você fizer cinquenta anos vai ter tempo de sobra pra ficar em casa no sábado à noite. E você não vai me fazer ter vindo aqui à toa, vai?
Não é que a Bia tivesse virado uma reclusa porque não podia se encontrar com o Lourenço, mas seu dia tinha sido tão especial que não merecia terminar com ela indo num lugar onde ela não estava a fim de ir.
— Você veio porque quis. — A Bia puxou a coberta para cima dela novamente.
— Anda, vai? Faz séculos que a gente não faz nada juntas, e o Marcelo descolou uma mesa na área VIP daquela boate nova que eu te falei.
— A gente saiu na semana retrasada.
— Isso foi no mês passado. — A Vivi abriu a porta do guarda-roupa da Bia e tirou dois vestidos lá de dentro. — Você quer o preto ou o vermelho?
— Que por acaso, foi na semana retrasada. — A Bia ignorou o vestido vermelho que a prima jogou em cima da cama sem esperar sua resposta. — Eu tô cansada.
— Pra mim, parece um século. — A Vivi se agachou na frente dos sapatos. — A sua mãe disse que você passou o dia todo fora. Pra sair com as suas amigas da faculdade você não fica cansada, né?
E pronto. A Vivi sabia exatamente quais botões apertar para fazê-la se sentir culpada. Se a Bia tivesse saído com as amigas da faculdade, não ia cair na chantagem da prima, mas ela tinha passado o dia com o Lourenço, que era seu ponto fraco no momento, no que dizia respeito à Vivi.
— A preta ou a prateada? — A prima segurou duas sandálias.
— A prateada machuca menos meu pé. — A Bia aceitou a derrota e levantou.
A Vivi a ajudou com a maquiagem, o cabelo e os acessórios.
— Você fica com um peitão nesse vestido — a Vivi comentou, fechando um colar com a corrente comprida, o pingente indo descansar no vão entre os seios da Bia, como se ela precisasse de mais alguma coisa para chamar a atenção do decote avantajado.
— É melhor eu trocar? — ela colocou a mão por cima do peito.
— De jeito nenhum. — A Vivi empurrou a mão dela e lhe entregou a bolsa. — Vamos.
Elas passaram na sala de televisão para dar tchau para os seus pais.
— Ganhei! — o pai da Bia disse, levantando os braços.
— Tia, tia... — A Vivi balançou a cabeça decepcionada. — A senhora devia saber que apostar contra mim, é derrota na certa.
— Eu sei, mas o Edson foi mais rápido e se eu também apostasse que você ia conseguir tirar a Bia de casa, não tinha graça. — Sua mãe riu, recebendo seu beijo enquanto a Vivi se despedia do seu pai.
— Claro que tinha, todo mundo ganha e todo mundo fica feliz.
Elas trocaram, e a Bia foi dar um beijo no pai enquanto a Vivi beijava sua mãe.
— Não tem problema. — A mãe trocou um olhar rápido com o marido, o rosto levemente vermelho. — O que a gente apostou, ninguém vai sair perdendo.
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Mau Amor [Concluído]
RomanceQuem nunca se enganou com uma pessoa? Aceitou primeiras impressões só para descobrir que não era nada daquilo? Ou será que era? Bia está longe de ser uma princesa, mas quando o príncipe encantado aparece em sua vida, ela resolve lhe dar uma chance...