Não foi difícil achar a rua e o prédio. O desafio foi o painel do interfone cheio de botões. Em seu estado de embriaguez na chegada, e no desespero da hora de ir embora, a Bia não fazia a menor ideia do número do apartamento do Lourenço.
Um botão. O que tiver que ser, será.
Ela fechou os olhos e apertou qualquer um. Uma voz masculina, e desconhecida, atendeu.
— Eu tô procurando o Lourenço? — a Bia perguntou.
— O Lôro?
— Isso.
— 504 — a voz informou e o portão eletrônico destravou.
Ela pausou por um segundo segurando a porta entreaberta, ir ou não ir? Mas ela já tinha chegado até ali e subiu as escadas com passos firmes. Ela ia entregar a pintura, agradecer e dependendo da reação dele, e da conversa, talvez convidá-lo para almoçar. O pior que podia acontecer era ele dizer não. Pelo menos, ela ia voltar para casa sabendo que tinha tentado e poderia esquecer de vez que ele existia.
Apesar do auto incentivo, as mãos dela suavam frio ao tocar a campainha. A porta abriu e revelou uma moça morena, mais ou menos da sua idade.
— Oi? — Ela sorriu, simpática e curiosa.
Você é mesmo uma idiota, Biatriz. Como você esqueceu que você foi só mais uma e que ele faz isso sempre?
Claro que ele não estava sozinho.
— Desculpa. Eu toquei no apartamento errado. — A Bia começou sua retirada estratégica e estava abrindo a porta de metal que levava às escadas quando ouviu passos apressados.
— Não! Peraí, Bia! — Alguém segurou o braço dela e a virou.
Ela deu de cara com um Lourenço afoito e atordoado e que, aos poucos, foi abrindo um sorriso.
A Bia achou que se lembrava dele pela foto. Como ela estava enganada...
Ao vivo e de perto, ele era muito mais. Mais alto, mais forte, mais bonito e todos os pelinhos do braço dela se levantaram com o contato da mão grande que a segurava com suavidade. Ela só conseguiu se manter impassível por causa da moça parada na porta dele, acompanhando atentamente a cena no corredor.
— Desculpa — a Bia repetiu, se xingando por dentro por ter se metido naquela situação constrangedora. — Eu não devia ter vindo sem avisar. Quer dizer, eu não podia avisar porque eu não tenho o seu telefone. Eu não devia ter vindo.
— Fica, de boa. — Ele escorregou os dedos pelo braço delicado até segurar a mão dela, como se estivesse com medo de outra fuga.
— Eu não quero atrapalhar.
— Você não tá atrapalhando. — Ele acompanhou o olhar que ela deu na direção da moça. — Eu e a minha irmã estamos tentando cozinhar. Você pode ficar e almoçar com a gente, se você quiser.
Os pés da Bia só se desgrudaram do chão e o acompanharam até a porta depois que ela ouviu a palavra 'irmã'.
— Alexa, minha irmã caçula. Essa é a Bia.
— Oi, Bia. — A Alexa a cumprimentou com dois beijinhos. — Vai ser um prazer ter você pro almoço, mas se prepara, a comida tá ficando uma gororoba.
— Mentira. — O Lourenço deu uma cotovelada de leve ao passar pela irmã, que talvez fosse para ser discreta, mas que a Bia percebeu. — O frango assado que eu comprei tá beleza, e a sua salada também tá ficando ótima, o problema é o arroz. — Ele olhou para a Bia. — Você sabe fazer arroz?
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Mau Amor [Concluído]
RomanceQuem nunca se enganou com uma pessoa? Aceitou primeiras impressões só para descobrir que não era nada daquilo? Ou será que era? Bia está longe de ser uma princesa, mas quando o príncipe encantado aparece em sua vida, ela resolve lhe dar uma chance...