Prólogo

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    Com apenas três meses, fui abandonado por minha mãe à beira de um riacho qualquer próximo há um arraial que se localizava no interior de Minas Gerais, cuidaram de mim por alguns dias e logo após me colocaram em um orfanato no Vale do Matutu em MG - onde passei dezoito anos de minha vida - Quando a camareira me encontrou dentro de um cestinho na porta do orfanato, ela encontrou junto comigo um colar de prata escrito "King" que carrego comigo em meu pescoço até hoje.
    Jean Stevenson King foi o nome de meu pai, um medico milionário do Rio de Janeiro, rodeado por mulheres, fama e fortuna. Quando completei meus 15 anos, Jean King morreu, deixando seus bens para seu queridinho filho, meu irmão Peterson Jean King, já eu sinceramente nunca precisei do dinheiro de meu pai, não precisava de meu pai - que hoje se encontra embaixo de nossos pés, apodrecendo com os vermes que comem seu corpo - não precisava do meu irmão, e não precisava de minha mãe.
   Helena Susan mais conhecida como minha mãe, hoje mora na grande São Paulo, junto de seu marido Henrique Haril, um médico milionário. Ela tem gêmeos e um Golden Retriver chamado Scott. Engraçado para uma mulher que abandonou um de seus filhos com três meses de idade na beira de um riacho, hoje tenha uma vida feliz sendo mãe de gêmeos. Jean King e Helena Susan podem ter sido cruéis a ponto de abandonar uma criança, mas não fazem ideia do buraco negro que criaram dentro de mim ao decorrer de todos esses anos.
     Cresci no orfanato "Pequenas Estrelas", passei dezoito anos de minha vida enfurnado naquela prisão. Era um prédio antigo, Por fora suas paredes era amarelas e por dentro amareladas de poeira e infiltrações, não ficaria surpreso se
desabassem no próximo vento que soprasse forte em sua direção. Eu detestava aquele lugar, o mofo nas paredes me trazia  enjoou, as cores nas paredes me lembravam da sopa horrível que o cozinheiro nos servia nas noites frias de inverno. Eu dividia quarto com um garoto que sofria de esquizofrenia, mas devido a sua doença ele não ficou muito tempo conosco, e acabou sendo transferido pra uma clínica para se tratar e nunca mais eu o vi, desde então eu não dividia quarto com mais ninguém. Passava noites em claro tentando entender o motivo pelo qual me abandonaram nesse inferno que chamam de orfanato, a única pessoa que conversava comigo era a camareira que me encontrou no portão, e minha única e melhor companhia eram os meus livros, eu passava horas lendo e relendo vários livros. Quando fiz 18 anos saí do orfanato e fui morar em uma republica no estado do Rio de Janeiro, eu odiava aquela cidade, odiava seu barulho, odiava as pessoas, odiava tudo. Eu apenas fui para lá por um motivo: Vingança.
    Moro em um bairro afastado do Rio de Janeiro, junto com mais quatro caras, Henrique, Esh, Edd, e Matheus. Não temos muito contato direto, às vezes saímos para beber e pegar prostitutas no meio das avenidas, mas nunca passamos disso, cada um vive a sua vida e sem perguntas. Passo o maior tempo do meu dia no colégio - ou melhor, na biblioteca do colégio - apesar de odiar essa vida, odiar a cidade, e odiar a universidade, a única forma que terei de ter vingança contra a vida de meu irmão é entrando para a mesma faculdade que ele. Faço literatura na UFRJ e ele faz medicina, sempre o vejo andando pelos corredores junto com o time de futebol, esperando a hora certa para começar a minha vingança.
    Meu quarto é como uma espécie de covil, em cada parede há cada pedacinho de meu plano, meu lugar secreto, nada nem ninguém, jamais poderá entrar aqui. Meu pai já pagou por todos seus pecados e só Deus ou qualquer força maior que exista no mundo sabe o que fazer com ele, mas eu mesmo farei meu irmãozinho e minha mãe pagarem pela vida horrorosa que me deram.

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