O Plano

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   Então ela me ajuda a levantar e me leva para casa, para a nossa alegria a casa estava vazia, eu não queria ter que dar explicações para os garotos agora porque meu corpo estava machucado e nem como eu havia parado nessa roubada. Ela pega o kit e passa álcool por todos os cortes. Toda vez que o álcool entrava em contado com a minha pele um ruído de dor saia sozinha pela minha boca, todo o meu corpo latejava de dor e eu não conseguia me mexer
  - Fique quieto, tenho que limpar - diz Naara
  - Ande logo - imploro
   Quando ela termina de limpar o sangue e de passar o álcool ela pega a agulha e a linha e começa a costurar os machucados abertos, eu tentava pensar em outra coisa e ignorar a dor, mas eu não conseguia, a dor estava dominando o meu corpo inteiro.
  - Eu não aguento mais - digo
  - Beba isso - Naara tira do bolso duas balinhas
  - Como você consegue isso? - pergunto
  - Peterson sempre me dava por proteção, isso droga
qualquer um em dois minutos
    Como a droga e em menos de dez segundos sinto meu corpo se relaxar, eu sentia as agulhadas mas eu não sentia a dor das feridas e nem o álcool. Quando Naara terminou, me colocou  na cama, assim que acordei Naara estava ao meu lado me olhando dormir, sua respiração era calma e seus olhos estavam fixados nos meus.
   - Obrigado por me ajudar, me perdoe por tudo que aconteceu, mas Naara nós não vamos ficar juntos
   - Mas por quê? - ela pergunta com os olhos cheios de lágrimas
  - Não tem como eu te explicar, não fique chateada. Não nascemos um para o outro, somos de vidas e de famílias diferentes, eu nunca me perdoaria se algo te acontecesse.
   - Nada vai me acontecer se eu estiver com você - ela diz limpando as lágrimas
  - Sinto muito Naara, mas não vou permitir que você se machuque por mim.
  - Mas eu te amo! - ela fala segurando minhas mãos
  - Sinto muito, não sinto mais nada por você
  - Mas ontem você disse que me amava
  - Disse aquilo para te proteger - Menti.
  Seus olhos se encheram ainda mais de lágrimas e meu coração se parte ao dizer aquelas palavras, mas eu precisava protegê-la de minha família, eu nunca me perdoaria se algo acontecesse com ela por minha culpa, seria demais para mim.
   Uma semana já havia se passado, minha avó havia me chamado para a primeira reunião em que fosse decretada a minha oficial entrada para os Susan
  - Que orgulho de você meu filho
  - Obrigado mamãe - forcei um sorriso
  - Você tem certeza? É um caminho sem volta - pergunta Peterson
  - Você tinha? - respondo
   Desvio o olhar dos olhos de Peterson e vou em direção à mesa de minha avó que estava com a chapa quente em mãos, pronta para tatuar o símbolo em meu braço. Era como um ritual de pacto com os Susan, a partir do momento em que eu fosse tatuado eu faria parte deles e teria que jurar fidelidade e companheirismo a eles até a minha morte e assim o fiz
  - Repita essas falas querido - diz minha avó apontando para o quadro em minha frente
  - Eu Joel King, juro fidelidade e honestidade aos Susan até o dia da minha morte. Prometo ser fiel e cuidar de cada um dos nossos
  - Você não precisa fazer isso - diz Peterson
  - A partir de agora eu sou um Susan, por sangue e por marca - continuo dizendo as palavras ignorando Peterson
   Então ela tatua com a chapa quente o símbolo Susan  em minha pele - aquela porra doía mais do que milhões de chicotadas ao mesmo tempo - Assim que ela retirou a chapa e jogou água por cima a dor aliviou, mas até hoje ainda sinto minha pele queimar às vezes, Peterson diz que é normal mas nada disso é normal, começa pelo fato de minha própria família ter tentado me matar e agora eu querer mata-los
  - Você não precisava ter feito aquilo - diz Peterson sentando ao meu lado na sala
  - Eu precisava, não posso deixar que matem Naara, não posso perdê-la também.
  - Então você escolheu virar um assassino
  - Você também fez essa escolha
  - E você não sabe como eu me arrependo, você não sabe como é ser um Susan, você não conhece os nossos rituais e nem a metade dos nossos segredos
  - Então me conte, sou um de vocês agora.
  - Joel, você fez a pior escolha da sua vida! Isso aqui é um inferno
  - Não deve ser tão ruim
  - Ou você faz o que mandam, ou você paga.
  - Eles não podem me matar, tenho a chave do cofre. Eu estou com o dinheiro do papai, e contanto que não encostem em Narra estou disposto a pagar qualquer preço
  - Eles não querem o seu dinheiro Joel, eles querem o seu coração pregado na parede da sala de estar deles. Assim que descobrirem onde você guarda a chave, além de te tomar tudo o que restou do papai com você, vão te tirar a sua vida e você não vai ter nem tempo de perceber o que aconteceu.
  - Não se nos acabarmos com eles primeiro
  - Você ficou maluco, os Susan são muitos, nós somos dois!
  - Mas nós podemos acabar com a vovó, ela manda em tudo. Se dermos um jeito nela, todos vão nos escutar.
  - Isso é uma péssima ideia, a vovó é intocável. Vamos morrer tentando
  - É a nossa única opção Pet.
  - Então qual o plano?
  - Não tem plano
  - Está prestes a lutar contra a maior gangue do Rio sem um plano?
  - Sim! - afirmo
  - Você é perturbado
  - Você não me conhece irmãozinho
  - Não Joel, você que não conhece os Susan.
  - A melhor forma de derrotar o inimigo é se juntando a ele
  - Pode contar comigo

EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora