No dia em que conheci Narra, eu não me importava com sua existência, éramos colegas de sala sim e eu já a conhecia sim, mas Naara era como qualquer outra para mim. Quando ela começou a forçar uma amizade comigo eu nunca imaginei que hoje acordaria ao seu lado, durante todos os meses que ficamos juntos eu lutei para protegê-la e por causa disso Marina e minha avó estavam mortas hoje. Sei que a vovó era culpada por tudo, mas ela e Marina não mereciam o final que tiveram - acho que ninguém merece morrer por algo de errado que fez, deve pagar perante a lei de acordo com o feito, mas a morte nunca deveria ser a solução - Naara era pra mim a pessoa mais importante em todo o mundo, eu não sabia mais se podia confiar em minha família, ao meu lado só estavam Peterson e Naara. Eles eram especiais demais para mim e nós sabíamos que sempre poderíamos contar uns com os outros. Na noite passada, Peterson havia se machucado gravemente e a culpada de tudo isso já havia pagado pelos seus atos, se eu soubesse que o ritual era terrível assim eu nunca permitiria que Peterson, Marina ou qualquer um de nós participássemos daquilo. Eu vivia em meio a uma família de monstros e estava me tornando um monstro também! Eu não podia manter Naara ao meu lado, eu a amava e queria tê-la comigo há todo momento mas se isso me custasse sua vida eu preferiria tê-la longe para o resto da minha vida.
Eu realmente achava que não conseguiria viver sem ela, eu achava que o mundo sem ela não tinha chão, eu pensava que a vida sem ela não fazia sentido. Para mim Naara era a base da minha vida, era como se ela fosse a água do meu corpo, minha energia e minha força, eu só queria estar vivo com ela e por ela, eu pensava que sem ela a vida não fazia sentido.
Acordei com Naara se mexendo na cama, ela parecia estar tendo um sonho pois sua respiração estava alta, seu corpo estava arrepiado e seu coração acelerado, eu podia sentir.
- Loirinha você está bem? - perguntei
- O que aconteceu? - ela acorda
- Você estava um pouco aflita
- Foi só um sonho
- Estou aqui com você
- Bom dia meu amor - ela sorri e me da um beijo - Queria poder ficar assim para sempre - digo
- Eu também
Realizamos um pedaço do desejo, Naara e eu ficamos o resto da manhã deitados na cama vendo filmes e séries na Netflix, quando estávamos juntos eu esquecia da vida lá fora, esquecia que eu tinha uma família maluca, esquecia como a minha vida era maluca! Quando eu estava com Naara o tempo parecia parar e era como se nos dois fôssemos às únicas pessoas restantes no planeta, eu realmente encontrava paz quando quanto estava com ela.
Peterson entrou pela porta do quarto, ele estava com uma camisa preta e uma bermuda branca.
- Detesto atrapalhar, mas precisamos ir Joel
- Claro
- Eu vou com vocês - diz Naara segurando em meu braço
- É claro que não, ficou maluca?
- Eu não fiquei nada! Eu vou com vocês sim
- Não vai não, é pro seu bem
- Joeeel... - a interrompo
- Não, nada de Joel. Estou te protegendo
Ela faz a mesma carinha de cachorro que caiu do caminhão novamente
- Sem essa de usar seu charme comigo, eu te amo demais mas é para o seu bem
Dou um beijo em seus lábios e acompanho Peterson até o lado de fora da casa. Por uma coincidência Edd e Esh estavam chegando do trabalho assim que saiamos
- Olá amigos
- Oi - eles respondem juntos
- Amigão, como estão você e o Brad? - perguntei
- Exclui ele da minha vida de vez
- E você está bem com isso?
- Melhor que nunca
- Ótimo! - sorri
- Me perdoe por entrar em seu quarto
- Já faz tanto tempo que eu nem lembrava mais, mas tudo bem.
Ele sorri e entra para a casa, o dia estava escuro, eram apenas duas horas da tarde e pareciam ser seis horas, as nuvens estavam carregas d'água e o sol parecia não brilhar naquela tarde
- Me desculpe por não ter te contado mais detalhes do ritual, é meio que uma regra - disse Peterson
- Foi um susto, mas tudo bem!
- Eu te enganei me perdoe!
- Tudo bem!
- O tio Joe me mandou mensagem - disse Peterson - Você respondeu?
- Não! Eles querem as nossas cabeças pregadas na parede da sala pelo que fizemos com a vovó
- As cabeças que serão pregadas nesta noite serão a deles
Eu tinha um fuzil prezo em minhas costas e uma pistola no bolso, Peterson tinha uma Ak nas costas e no bolso ele tinha uma Glock, nossa intenção no meio disso tudo era acabar logo com isso mesmo que custasse a vida de todos os nossos familiares, eu não achava justo ter que matá-los para pagarem por seus pecados mas se isso me custasse à vida de Naara, assim seria. Eu não tinha piedade da vida de nenhum deles, eram todos assassinos malucos e perturbados da cabeça, eu teria vergonha de dizer que fazia parte daquela família. Quando chegamos à casa dos Susan, Haril estava do lado de fora e assim que avistou a moto de Peterson gritou para que o
tio Joe viesse nos encontrar
- Filhos da puta descarados, mataram a minha mãe!
- Esse não era o plano desde sempre? - falei sorrindo
- De nada tio Joe, todos sabíamos que você queria ser o rei Susan. Parabéns agora você conseguiu o que queria - falei
- Não seja tão burro Joel, eu queria acabar com você! Meu plano sempre foi ter a sua cabeça pregada na parede, você é um insolente mesmo.
- Vai ter que me pegar primeiro
- Não pouparei esforços, sua hora irá chegar Joel
- Pode vim quente que estamos fervendo - disse Peterson fazendo um sinal estranho com a mão
- Vamos embora cara - dou um tapa em suas costas e saímos
Eu não tinha medo de Joe e nem das suas ameaças, não tinha medo de nenhum dos Susan e não tinha medo de morrer, meu maior medo sempre foi perder Naara. O dia estava começando a escurecer e Naara e Peterson me chamaram para sair, fomos lanchar e depois ficamos conversando na praça da zona sul.
- Como você conheceu a Roberta? - ela pergunta
- Em um bar, ela é garçonete
- E você estava gostando dela?
- Bom... não! Eu nunca te esqueci pra falar a verdade - ela sorri e Peterson revira os olhos
- Até aqui eu tenho que segurar velha - resmunga Peterson
- Quando eu te conheci, nunca pensei que diria isso mas - tirando uma caixinha com duas alianças do bolso eu falei - você quer namorar comigo Naara?
- Mas é claro que eu quero! - o sorriso em seu rosto era inexplicável, eu faria de tudo para ver esse lindo sorriso todos os dias, nós beijamos e colocamos as alianças uns nos outros.
- Sinto muito pela Marina, Pet - digo
- Eu também, mas não é a primeira vez que a vovó mata o meu amor
- Eu me mataria se algo acontecesse com você - digo abraçando Naara
- Nada vai acontecer comigo e eu não vou a lugar nenhum.
De repente escutamos um disparo e todos na praça começam a correr de um lado para o outro, varias motocicletas pretas começaram a invadir a praça e uma delas estavam atirando para cima, todos estavam de capacetes mas com os coletes Susan. As motos fizeram algum tipo de sincronia em nosso redor, dando varias e varias voltas aos nossos lados. Uma das motos para em meio ao círculo e Joe e a Helena descem da moto
- Entregue a moça, ou vocês irão pagar - diz Joe apontando para Naara
- Vocês não vão encostar nela
- Agora Joel! - ele exige
- Só por cima do meu cadáver, a vovó me prometeu que não
machucaríamos ela
- Minha mãe está morta, quem manda aqui agora sou eu! - ele coloca a mão no bolso e tira sua Glock. - mãos ao alto! Todos os três
Peterson e Naara levantam a mão rapidamente e eu fico normal, ninguém me diz o que fazer
- MÃOS AO ALTO JOEL - Joe berra
- Ninguém me diz o que fazer! - pego minha pistola e dou um tiro em seu ombro
Ele solta a Glock e a deixa cair no chão junto com seu corpo, ele solta um berro de dor e cria forças para sentar no chão
- Filho da puta! - ele berra
- Ninguém me diz o que fazer!
- Peguem a menina! - ele ordenou
Dois caras vem em minha direção, Naara estava logo atrás de mim e Peterson ao meu lado
- Corre loirinha, não pare de correr!
Entrego a ela a minha pistola e pego a Glock que Joe havia deixado cair no chão, os caras tentam acompanhar Naara mas Peterson e eu nocauteamos os dois, ambos só tinham tamanho mas mal aguentaram um soco.
- Meu braço! - Joe berrava no chão
- Tem sorte de eu não te ter te matado - ele cospe
- Filho, olha no que você se tornou! Ontem mataram sua avó e hoje você quer matar o seu tio? - diz a Helena chorando
- Cale a boca! Você não vai me convencer a acreditar em você de novo. Vocês são todos vermes imundos, o papai tinha toda razão! - aponto a arma para a sua cabeça - Nunca mais mexam com a gente!
Quando eu ia disparar a arma, alguém chega por trás me enforcando, seus braços eram largos e fortes e eu conseguia fugir, o braço apertava cada vez mais a minha garganta e quando minha respiração estava começando a diminuir escutamos outro disparo, então o cara me solta e eu caio em forças no chão - era o meu padrasto Haril - Naara havia atirado em uma de suas pernas e ele também estava se torcendo de dor no chão. Quando olhamos para o lado Naara estava com uma arma na mão apontada para todos nós!
- Não faz isso Naara, vá embora! - grito
- Não! Isso tem que acabar!
- Naara! - Peterson grita
Ela dispara outro tiro só que dessa vez em minha mãe, que também é atingida no braço. Naara estava parada a menos de vinte metros de nós e quando ela termina de acertar o braço de minha mãe vejo Haril pegando a Glock de minha mãe e disparando contra o corpo de Naara, tentei impedir mas já era tarde demais. A bala atingiu o seu pescoço e foi fatal, acertou em cheio a veia de seu pescoço, assim que a bala atingiu, Naara caiu feito uma pedra no chão.
- Naaaoo! - gritei e corri para socorrê-la
Na minha cabeça Naara não havia morrido, para mim a bala só havia causado um desmaio! Após o disparo de Haril todos os Susan fugiram e Peterson e eu a levamos para o hospital. Naara permaneceu por mais de seis horas na mesa de cirurgia e durante oito horas nós não tivemos nenhuma notícia de como ela estava,
Peterson e eu estávamos bem, só tínhamos alguns arranhões e alguns sangramentos em nossos rostos, mas eu não sentia nada, o único sentimento que aflorava em mim durante todo aquele período de oito horas aguardando a cirurgia era de desesperado, eu andava de um lado pro outro me culpando pelo ocorrido - Se eu não tivesse voltado com ela, se eu tivesse deixado às coisas como estavam, Naara estaria viva agora e eu não precisaria passar por esse desespero, o que eu mais temia estava acontecendo.
Peterson, Edd e Esh estavam em luto comigo, todos eles eram muito amigos de Naara. Ela era uma pessoa maravilhosa, era amiga de todos e conversava com todo mundo, não tinha uma pessoa no campus inteiro que não se dava bem com Naara, ela era fofa e irradiava alegria e energias positivas, Naara estava sempre sorrindo e parecia ter uma vida perfeita. Quando ela estava na mesa de cirurgia tudo que eu fazia era pensar positivo e pensar que no dia seguinte eu estaria acordando ao seu lado novamente
- Joel Stevenson King? - chamou a médica
- Sou eu? - levanto rapidamente da cadeira e vou em sua direção
- Tenho uma notícia boa e uma ruim
- Qual é a ruim? - pergunto
- Ela tem grandes chances de não sobreviver, a bala acertou sua veia que dá acesso ao seu coração! Conseguimos retirar a bala, mas se ela sobreviver, talvez ela fique muda para sempre
- E qual a notícia boa?
- Talvez ela sobreviva e fique 100% mas as chances são mínimas
- Eu posso vê-la?
- Agora não será possível, mas assim que puder eu lhe aviso - Obrigado
Quando me viro e vou em direção aos meninos meus olhos já estavam cheios de lágrimas e meu coração estava partido. Naara realmente tinha poucas chances de sobreviver, e se ela sobrevivesse viraria um vegetal, o que eu mais temia havia acontecido, eu já não tinha família, não tinha ninguém e agora eu havia perdido também a única garota que me amou de verdade a não ser Lina. Eu estava sem forças, eu não me lembrava o que era sentir aquela escuridão desde quando conheci Naara, ela era muito especial e eu a amava demais, eu não acreditava que havia perdido ela também. Eu estava destinado a ser um desgraçado para o resto da vida!
- Ela vai ficar bem
Os meninos tentavam me consolar com palavras bonitas e positivas, mas eu só conseguia pensar que eu iria perdê-la, eu nunca mais verias os seus olhos brilhantes e seu sorriso conquistador, eu nunca mais sentiria o gosto doce e macios de seus lábios, eu nunca mais sentiria o conforto de dormir em seus braços e nunca mais sentiria o calor de seu corpo.
- Eu já volto! Se Naara acordar, digam a ela o quanto eu a amo
- Aonde você vai Joel?
- Terminar o que eu já devia ter terminado há muito tempo
Saio sem responder mais nenhuma pergunta, os três ficam no hospital e eu volto para a casa da vovó, haviam dois guardas parados na porta e ambos tentaram impedir a minha entrada, mas antes que eles pudessem se mover em minha direção atire contra o ombro dos dois e ambos caíram no chão. Quando entrei pela porta da sala, os gêmeos estavam sentados no sofá jogando videogame, a casa estava silenciosa o que não era normal
- Vocês dois! - gritei apontando a arma para a cabeça dos dois - cadê o Joe?
Ambos apontaram para o andar de cima com medo de que eu disparasse a arma contra eles, abaixei a arma e subi, quando cheguei à sala da vovó minha mãe estava ajudando Joe a curar a ferida em seu braço que eu havia deixado noite passada
- Se afaste dele mãe - digo apontando a arma para os dois sem hesitar em nenhum instante
- O que está fazendo filho? - ela pergunta desesperada
- O que eu já devia ter feito há muito tempo! Vocês mataram Narra, ela era o amor da minha vida e agora eu não tenho mais ninguém - falei entre prantos, eu não estava pensando direito na hora, eu não estava raciocinando bem. A única coisa que eu queria naquele momento era vingança, eu era o culpado pela morte de Naara, eu era culpado! O desespero já tinha tomado conta do meu corpo e sem pensar eu disparei um tiro contra o meu tio, a bala acertou em cheio o seu cérebro e ele caiu duro no chão na hora, minha mãe gritava de desespero e dor, me xingava de todos os nomes e falava coisas horríveis para mim.
- Se quiser eu te mato também, mas não me culpe por ser assim, toda a culpa disso é sua Helena! - Me viro e saio da casa
Quando cheguei ao hospital novamente, Peterson e Edd estavam soluçando de tanto chorar, o médico havia relatado o horário do óbito de Naara. Ela não havia resistido à cirurgia e a bala havia acertado em cheio a sua artéria. Assim que os meninos me contaram, eu pensei que estavam brincando ou que tudo aquilo era um sonho, mas semanas e semanas se passaram e a cada dia o meu coração sentia mais e mais a sua falta. Ela sem dúvidas era o meu grande amor! Durante todos esses anos eu venho procurando um jeito de me reencontrar ou de me reerguer mas nada é capaz de me fazer feliz novamente! Naara era a minha única razão para querer viver, e agora sem ela a minha vida não fazia sentido. Eu a amei, amei tão intensamente que nada nem ninguém importava para mim mais do que Naara, eu a amava mais do que eu amava a mim mesmo.
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Escuridão
JugendliteraturJoel foi abandonado quando criança em um riacho próximo ao interior de Minas Gerais. Havia apenas uma pessoa em quem ele confiava de verdade, ela se chamava Lina - a camareira do orfanato onde ele morava - Quando Lina morre, Joel usa todas as suas f...