O Jogo

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   Quando acordei na manhã seguinte fui até a cozinha tomar café, Edd estava dormindo novamente em cima de seus livros escolares. Eu tinha pena dele, ele estudava bastante, mas logo ele séria um médico bem importante. Mas era muita pressão, ele passava horas no telefone com o pai tendo que ouvir suas broncas, e Edd era o cara mais compromissado com os estudos que eu conhecia, suas fichas escolares eram totalmente limpas, seu histórico escolar era perfeito, Edd nunca havia faltado um dia letivo de faculdade, ele ia até em aulas extras e monitoria, além de passar noites estudando ele também era zagueiro do time de futebol. Decidir deixá-lo descansar, além do mais haveria o grande jogo em que todos esperam pelo ano todo, é uma espécie de campeonato, várias universidades disputam um troféu besta, que só dá nome à universidade mas parece importante para ele. Peguei leite e umas torradas e voltei para o meu quarto. Quando cheguei na UF, Lina e Brad estavam conversando e quando me aproximei eles se calaram.
     - Olha Naara, foi mal. Eu fui muito babaca em te comparar com a Lina.
    - Olha, eu não sou ela.
    - Eu sei que você não é eu nunca quis que fosse. Mas te ver todos os dias me lembra a ela e como ela era importante para mim
    - Acho que você deveria me dar uma chance, para você conhecer a verdadeira Naara.
   - Eu gostaria muito
    Seria difícil, eu não a suportava, ela era chata e insistente, mas ela parecia tão contente. Eu não poderia nega-la um pedido desses.
   - Você vai ao jogo?
   - Só vou pelo Edd, ele merece nosso apoio. - Então a gente se encontra lá
   - Combinado
    Quando a aula terminou encontrei Edd lendo a apostila de anatomia no gramado do pátio, ele realmente estava de esforçando demais, ele precisava de uma respirada ou ele acabaria morrendo de tantos forçar seu cérebro.
   - Cara, para com isso, Você vai acabar doente! - disse me sentando ao seu lado
   - Tenho prova de anatomia esse fim de semana, não posso esquecer uma vírgula.
   - Edd, você tem que jogar, você precisa descansar. - Eu sei, eu consigo fazer os dois!
   - Tá tudo bem? Você parece estranho.
   - Tá sim, eu só estou cansado - sua expressão estava mesmo cansada, ele parecia não ter tido uma boa noite de sono a dias.
  - Você precisa descansar, me dá isso! - peguei a apostila de suas mãos e guardei em minha mochila - te devolvo após o jogo de hoje à noite, você precisa se sair bem, esse jogo equivale à metade de sua nota bimestral.
   - Tudo bem, eu vou me concentrar no jogo.
  Quando as aulas acabaram Edd me acompanhou pelo caminho de casa, geralmente eu ia para casa sozinho e ele ficava estudando, ou treinando com o time de futebol, mas ele realmente havia escutado meu conselho para que ele descansasse. Quando chegamos em casa, Edd foi direto para o quarto sem dizer uma palavra, o cansaço estava pesando tanto por cima de seus ombros que Edd mal conseguia falar conosco. Fui para o meu quarto continuar na escrita do meu livro, passei algumas horas digitando e digitando até que o capítulo realmente tivesse perfeito. Quando meu relógio despertou, tomei uma ducha e me arrumei para o jogo, peguei a camisa preta com o numero 14 de Edd atrás, coloquei uma calça e fui para o estádio me encontrar com Naara, Edd havia saído mais cedo com Brad, eles teriam um Pré-jogo e todos teriam que participar. Assim que entrei no estádio, encontrei Naara e Peterson conversando na arquibancada, Naara estava muito bonita, com o numero um na camisa e com o seu nome escrito atrás, ela estava com o cabelo preso e um short. Peterson estava com o uniforme do time com seu numero um também e com suas chuteiras brilhantes. O estádio da universidade ainda não estava lotado, faltava uma hora para o inicio do jogo, mas já havia um bom tanto de pessoas.
    Quando Joel me viu, sua expressão mudou totalmente e Naara se virou para ver o que Peterson estava olhando, assim que ela me viu um sorriso largo se abriu em seu rosto e logo ela veio me abraçar.
   - Você chegou
   - Nunca pensei que diria isso, mas amigos são pra isso.
   - Sim, o Edd e o Brad precisam do nosso apoio.
   - Posso te fazer companhia?
   - Mas é claro, guardei um lugar para você.
   Assim que nos aproximamos de nosso assentos Peterson levanta e corre em direção ao campo, seu nariz ainda estava vermelho pelo soco que dei em seu rosto ontem e o roxo em meu olho estava acabando de sumir, acho que acabo de me arrepender de não ter matado-o ontem.
   - Qual o seu palpite para o jogo de hoje? - perguntou Naara, ela parecia empolgada o bastante, mas também parecia nervosa.
   - Acho que levamos o segundo lugar está noite.
   - Temos que levar o primeiro, os meninos se orgulhariam tanto.
   - A nossa marcação não é tão boa quanto à do time adversário, o goleiro deles é considerado o oitavo melhor dos campeonatos entre universidades.
   - Mas e o nosso?
   - O nosso ta lá em vigésimo terceiro ou quarto
   - Eu não entendo nada de futebol, mas isso deve ser ruim.
   - A nossa zaga e nossos atacantes são fracos, se Peterson jogasse no ataque e Brad na zaga, ai sim daria certo.
   - Edd é o que
   - Sagueiro também
   - Mart é o goleiro se não me engano e o restante joga no meio de campo e no ataque
   - Você entende mesmo
   - Não sou muito fã, mas entendo o esquema de jogo.
  Quando o arbitro apitou para o inicio do jogo, Peterson da partida tocando a bola para Karl, que dribla um dos adversários e acaba tocando para Edd, quando Edd se aproxima da pequena área ele chuta em direção ao goleiro, mas um dos jogadores adversários cabeceia a bola para escanteio.
   - Ai meu Deus - diz Naara, ela realmente estava nervosa, ela não estava entendendo nada direito, mas a adrenalina corria pelo seu corpo, quando a bola foi jogada para escanteio Naara até se arrepiou, ela parecia ansiosa para o resultado final.
   - Calma, foi só escanteio.
   - Eu fico nervosa com campeonatos assim.
   - Fica calma - pego uma de suas mãos e entrelaço meus dedos nos dela. Sua mão estava gelada, Naara estava mesmo nervosa, pois estava fazendo um calor de vinte e cinco graus. Ela pareceu se confortar enquanto eu acariciava sua mão, mas a tensão em seus dedos voltou novamente quando os jogadores do time adversário se aproximaram da nossa pequena área, o primeiro tempo deveria ficar zero a zero e no segundo tempo seria a decisiva. Assim que o jogador chuta a bola em direção ao gol o goleiro cata e tampa para Peterson no meio do campo, ele saí correndo com a bola na direção contrária e a torcia toda começa a gritar seu nome.
   Havia um casal de jovens atrás de nos que estavam gritando e levantando cartazes e faixas com o nome de Peterson, cada vez em que ele se aproximava da bola, não só o casal, mas a maioria da torcida gritavam o seu nome. O estádio estava lotado, não havia uma cadeira vazia, haviam vendedores de refrigerante e cachorro quente passando de banco em banco e havia também próxima à entrada principal um senhor vendendo pipoca.
   Quando a bola voltou novamente aos pés de Peterson, ele a dominou driblou três caras em sua frente e quando se deparou era ele a bola em seus pés e o goleiro a frente, a torcida inteira gritava e proclamava seu nome, Peterson seria bobo demais se perdesse a oportunidade do gol que estava a sua frente. Assim que ele se aproximou um pouco mais ele chutou no cantinho marcando assim o primeiro gol do campeonato, o goleiro tentou uma defesa, mas seu pulo não foi alto o bastante para uma defesa perfeita. Após o gol Peterson saiu correndo em direção à arquibancada para a comemoração do gol, em disparada o Leão mascote do time saiu correndo para o meio do campo e começou uma dança engraçada, o pessoal não parava de gritar seu nome e Peterson comemorava e fazia coração para todos na arquibancada, o Leão subiu na arquibancada e animou ainda mais a torcida fazendo com que todos gritassem ainda mais por Peterson.
    Após mais alguns minutos de jogo o time adversário também marca um gol, e a torcida do outro lado também vai a loucura, várias pessoas gritando e comemorando o empate que agora seria definitivo, após cinco minutos de acréscimos, l o arbitro apita e fim do primeiro tempo.
   - Estou nervosa,
   - Não fique. É só um jogo bobo
   - É a final do campeonato, é o ultimo jogo de Edd antes de se formar, não é um jogo bobo é importante para ele.
   - Se perdemos hoje, ficamos em segundo lugar, uma medalha de bronze não é tão ruim.
   - Mas um troféu de ouro é muito melhor
   - Vai ficar tudo bem, eles conseguem.
   A abraço para tentar acalma lá, nunca tinha a visto tão. nervosa e ansioso.
   Quando o arbitro anuncia o inicio do segundo tempo, o time adversário inicia com a posse de bola e eles correm em direção a nossa pequena área e em questão de segundos a bola estava dentro da rede do gol, em menos de um minuto de jogo o time adversário já havia nos passado, estávamos realmente em desvantagem, a marcação, o goleiro e os zagueiros do time adversário eram melhores que o nosso. Ainda tínhamos o restante do jogo para virar a partida, mas toda vez que nos aproximávamos da área, ou nossa bola era jogada para escanteio, ou o goleiro catava.
Em um momento no meio do segundo tempo o juiz anunciou uma falta dentro da nossa área para o nosso time, um dos jogadores do time adversário foi tentar da uma caneta em um dos nossos jogadores e acabou chutando a canela do jogador do nosso time, foi realmente sem querer, mas isso fez com que a cobrança do pênalti fosse nossa, o treinador escolheu Peterson para bater o pênalti, mas ele fracassou, a bola bateu na trave e o goleiro deu um tapa nela para que ela fosse para fora.
    Quando finalmente o arbitro anunciou o fim do segundo tempo, nosso time ganhou a medalha de segundo lugar e o time adversário foi o grande vencedor, eles mereceram a vitória, sua defesa estava melhor e bem mais preparada do que a nossa pelo menos não iríamos voltar de mãos vazias para casa, bom pelo menos eu pensava assim.
    Naara não parecia muito feliz, suas expressões estavam tristes ela parecia decepcionada com a nossa posição em segundo lugar, ela me abraçou para um reconforto e logo depois me dirigiu algumas palavras.
    - Você tinha razão, os meninos não estavam preparados o bastante. Não imaginei que o nosso time adversário tivesse uma marcação tão boa
   - Sim, agora vamos. Vou te levar para casa, finais de jogos sempre dão confusão.
Assim que saímos vimos dois caras discutindo no portão do estádio, não estava acontecendo nada de mais, só estavam dois loucos bêbados gritando, mas eu não queria arriscar, não poderia correr o risco de deixar Naara exposta a tanto perigo em plena noite no Rio de Janeiro, a guiei até o meu carro e a levei para casa.
   - Obrigada pela carona Joel
   - Não tem problema algum, sempre que precisar pode contar comigo.
   O sorriso em seu rosto era suave e calmo, todo o nervosismo do jogo já pareciam ter passado, a calma em seu olhar parecia com que nada tivesse acontecido, ou ela realmente estava bem ou ela despistava muito bem.
   - Você quer entrar? Podemos pedir uma pizza ou sei lá, conversar um pouco.
   - Acho que já esta ficando tarde, preciso ir. Amanhã nos vemos na UF
   - Joel eu... Preciso conversar com você
   - Aconteceu alguma coisa?
  - Não aconteceu, está acontecendo. - Eu não entendi loirinha
   - Olha, eu não sei o que está acontecendo, me perdoe pelo que eu vou dizer, mas... Acho que me sinto atraída por você
   Para tudo, eu deveria estar ficando louco. Naara Souza havia acabado de dizer que estava se sentindo atraída por mim? O que ela viu em mim? Eu nunca dei confiança a ela, nunca fiz nada por ela, a única coisa que fiz foi ser legal com ela. Não sei se devo admitir, mas Naara também causava um efeito sobre mim, nunca pensei que eu gostaria tanto de ter uma pessoa como ela por perto, durante todo esse tempo pensei tanto em Lina e em acabar com Peterson por causa dela, que acabei não percebendo que talvez Naara fosse o meu recomeço.
   - Você tá falando serio?
   - Me perdoe foi ridículo o que eu acabei de dizer, deveria ter ficado quieta.
   - Não, eu gostei de saber. Você também é muito especial para mim Naara, quando estamos juntos eu sinto paz, sei que quando estou com você eu realmente me sinto eu mesmo. Não sou o Joel antigo, mas um novo Joel.
   - Sempre me senti atraída por você, desde o primeiro dia em que te vi, mas você parecia não gostar de mim. No começo eu tentei pelo menos ser sua amiga, mas agora eu não consigo mais esconder isso, deve estar tão na cara. Me desculpe sei como você é reservado, devo estar da cor de um pimentão agora.
    - Fica tranquila, eu sinto o mesmo por você. Acho que eu sempre senti também, mas no fundo eu tinha medo. Não sabia como você se tornaria tão importante para mim, eu nunca imaginei que teríamos essa conversa, mas que bom que me contou.
    O sorriso em seu rosto era enorme, Naara parecia muito feliz por ter acabado de escutar minhas resposta. Realmente quando eu estava com Naara eu não pensava em Lina, Naara me trazia uma paz imensa, eu gostava do tempo em que passávamos juntos e gostava de ficar olhando para o sorriso dela.
    Após alguns segundos de silêncio, nos dois nos  encarávamos olho a olho, Lina estava com a expressão calma e as bochechas rosadas de vergonha, nunca havia visto ela tão tímida. Para que o silencio de segundos fosse cortado eu a beijei, seus lábios eram quentes e macios. Quando nos beijamos a sensação que eu tive foi que nos tínhamos sido teletransportados para o céu e estávamos voando por entre as nuvens. Naara era uma menina maravilhosa, não só de aparência, mas também de caráter e inteligência. Naara realmente não era como Lina, Naara me fazia sentir especial, como se eu fosse o seu mundo e ela fosse o meu. Naara era uma menina especial e eu não poderia perdê-la.
   - Joel, eu... - Naara começa, mas eu a interrompo.
  - Não diga nada - volto a beija-la, mas dessa vez mai dessa vez suavemente, nossos lábios se tocavam lentamente e em sintonia. Eu não queria admitir para mim mesmo, mas Naara causava sim um efeito sobre mim, e eu realmente estava me apaixonando por ela.

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