A garçonete

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  Quando cheguei à universidade no dia seguinte, Naara estava sentada no gramado escrevendo em um pequeno caderno apoiado ao seu colo, o sol batia em sua pele fazendo com que refletisse. Ela parecia concentrada e eu não queria atrapalha-la mas a saudade estava batendo forte demais em meu peito, quando ela olhou em minha direção desviei o olhar pera que ela não notasse o meu desespero para abraçá-la, mas a tentativa foi falha. Logo ela se levantou e veio em minha direção, sorrindo e saltitando como sempre - mesmo após o nosso término, Naara nunca havia se distanciado e nem ficado chateada comigo em momento algum.
  - Oi Joel - ela me abraçou
  - Oi
  - Senti sua falta! - ela disse olhando em meus olhos
  - Não posso fazer isso.. - disse a deixando para trás.
    Eu não podia pôr a vida de Naara em risco, eu nunca me perdoaria se algo acontecesse com ela. Quando me afastei vi Naara e mais duas garotas conversando - por mais que ela me fizesse falta eu sabia que não morreria de saudade e nem ela, por mais que doesse, eu sabia que sentiria falta quando terminei, mas era melhor para os dois. - Quando as aulas terminaram Edd estava me esperando na portaria do colégio, encostado em seu GT-300.
  - Oi cara - digo dando um toque em sua mão
  - Vim resgatar o meu melhor amigo
  - Como? - perguntei
  - Não te vejo há séculos, sinto sua falta
  - Tem acontecido muitas coisas nesses últimos dias
  - Então você pode me contar tudo, vamos! - disse ele entrando no carro
  - Para onde vamos? - perguntei acompanhando-o e entrando no carro
- Vamos logo
Ele me levou  em direção à Zona Sul da cidade. Brad
estava sentado no banco de trás do carro, estava extremamente focado em seu celular que mal notou a minha presença.
   - Oii amigão, mal vi que você estava aí - disse Brad me dando um tapa no braço
  - Oi cara, o que faz de tão importante? - perguntei
  - Eu... eu estou conversando com a minha chefe, o sermão aqui tá frenético - ele gagueja.
    Porém eu ignoro, não estava a fim de saber de suas complicações, já me bastava as complicações que tinha em minha vida. Depois de uma hora no trânsito, Edd enfim estaciona o carro em frente a um bar vermelho.
  - Um bar?
  - Faz tempo em que não bebemos juntos
  - Eu não to muito a fim de beber não
  - Vem logo cara! - disse Edd já saindo do carro.
    Quando saí, Edd jogou a chave do carro em minha direção para que eu o trancasse, quando terminei fui em direção à entrada do bar. A casa estava cheia, havia vários jovens se embebedando, várias moças bonitas implorando para serem notadas no centro do bar e vários homens só se importando com a bebida de seus copos e com o futebol que estava passando na televisão, afinal era final do campeonato mundial
e a maioria dos jovens estavam ali por este motivo.
  - Uma cerveja por favor - pedi me dirigindo a garçonete
   - Claro - ela sorri e se afasta rapidamente do balcão. Era uma mulher alta e morena, ela tinha olhos  claros e um sorriso conquistador. - Você vem sempre aqui? - perguntou a garçonete me entregando a cerveja acompanhada de um copo de vidro
  - Não, é minha primeira vez - respondo
  - Seja bem vindo então senhor... King? - ela pergunta olhando para o cordão pendurado em meu pescoço
  - Meu nome é Joel, muito prazer!
  - O prazer é meu Joel, sou a Roberta
  - Obrigado pela cerveja - digo estendendo o dinheiro para ela
   - Não precisa, essa é por minha conta - ela sorri e se afasta quando um cliente ao lado à chama
  - O que tá fazendo? - perguntou Edd
  - Comprando cerveja
  - Você estava paquerando ela
  - Claro que não...
  - Mas e a Naara?
  - Terminamos há quatro dias
  - Então você pulou a fase de negação?
  - Do que adianta sofrer? Não vamos conseguir ficar juntos
  - Vocês são perfeitos juntos Joel
   - Eu também pensava assim...
   Edd não sabia do ocorrido, ele não sabia que agora eu era um Susan, não sabia que eu estava à protegendo, eu sabia que éramos perfeitos juntos, só eu sabia o quanto eu a amava, só eu sabia como a nossa distância era difícil pra mim e como eu sentia falta dela.
   - Eu preciso ir - disse Brad se despedindo e indo embora
  - Tá tudo bem? - perguntei
  - Eu não sei ele está estranho, há uma semana não
conversamos direito, ele fica o dia todo no celular. Acha que devo me preocupar? - perguntou Edd já um pouco preocupado
  - Não, relaxa! É só uma fase..
   Quando a garrafa se esvaziou pedi para que Roberta me trouxesse mais uma bem gelada
- Aqui está senhor King!
- Por favor, me chame de Joel! Traga mais um copo e se sente conosco - sorri
- Eu adoraria, mas não posso me envolver em período de serviço com meus clientes.
- E fora daqui? - perguntei
- Acho que posso abrir uma exceção para você Joel - ela sorriu
- Te pego amanhã então? - perguntei
   Ela tirou do bolso um bloco e uma caneta, anotou seu número telefônico e me entregou
- Me liga e a gente combina - ela piscou pra mim e saiu
- A Naara não vai gostar nada disso - disse Edd se afundando na cadeira e tomando o resto de cerveja que havia sobrado no copo
- Relaxa amigão, nós não temos mais nada. Sei que ela vai entender.
   Assim que cheguei em casa corri para o chuveiro, precisava urgentemente de uma ducha geladinha. Enquanto isso Edd preparava o jantar, era como se fôssemos uma família, Edd era a mãe que sempre preparava as refeições, Matheus e eu éramos os filhos que sempre lavavam a louça e colocavam o
lixo para fora, Esh se encarregava de manter a casa limpa e Henrique era o pai que nunca fazia nada, só ficava o dia todo sentado no sofá coçando a barriga e jogando vídeo game.
   Quando voltei para o meu quarto, meu computador estava logado em meu email, e havia uma mensagem de destacando. Era um email de Brad.

"Preciso de um conselho, a Naara não me atende! Por favor me ligue assim que puder."

  - Muito bonito Brad, Naara não te atende e eu sou a segunda opção. - falei sozinho
   Assim que liguei Brad atendeu desesperado
  - Por favor, preciso de ajuda!
- O que aconteceu Brad?
- Traí o Edd
- VOCÊ FEZ O QUE? - gritei
- Preciso contar pra ele
- Claro, agora. Por que fez isso Brad?
- Foi o calor do momento!
- Não foi Brad, Edd me contou que já faz uma semana que vocês não se falam direito
- Não quero ouvir sermão agora, preciso de ajuda!
- Você é um filho da puta! Edd confiou em você, você tem que contar para ele.
- Eu vou, só preciso de tempo
- O tempo está correndo, ou você conta ou eu conto. - desliguei a chamada e joguei o celular na cama
   Quando olho para frente, minha calça estava pendurada no cabide, vi o papel que Roberta havia me entregado mais cedo no bar e decidi ligar para ela
"Olá, você ligou para oberta Braga. No momento não estou podendo falar, ligue mais tarde ou deixe o seu recado após o sinal"
" Oi oberta, é o oel Posso te buscar amanhã noite m beijo pra você, se cuida" - desligo a mensagem.
   Quando terminamos o jantar, Matheus e eu ficamos encarregados de lavar a louça, eu ensaboava e enxaguava e ele secava e guardava a louça, assim que terminamos fomos tirar o lixo e depois ele foi para a casa da namorada e eu voltei para o meu quarto. Roberta havia deixado uma mensagem de voz para mim e me empolguei ao ver o celular apitando.
"Oi oel, pode sim Nos vemos amanhã então. Beijo"
   No dia seguinte fui buscá-la aproximadamente umas dezessete horas da tarde, havíamos combinado de nos encontrar no mesmo bar do dia anterior. Ela estava com os cabelos ondulados, um short preto e uma blusa de alcinha azul.
  - Oi Joel! - ela disse entrando no carro
- Oi Roberta - A comprimento com um beijo no rosto e sigo em direção a uma das praças mais bonitas da zona sul.
- Que lindo - disse Roberta ao ver o centro da praça
- Gosto de lugares tranquilos como esse
    Saímos do carro e sentamos à um banco próximo ao chafariz. Roberta me contou que também gostava de lugares mais tranquilos como eu, ela também era amante da literatura, ela iria se formar no final do próximo ano em história
- Geralmente os caras me levam para lugares mais
barulhentos
- Não gosto dessas coisas, sou um cara respeitador e bem conservado, gosto de conhecer bem as pessoas com que me relaciono.
- Você é muito legal Joel, como não tem uma namorada?
  Quando ela termina a pergunta, vejo Naara passeando com um cachorro na praça acompanhada de um garoto ruivo, eles estavam vindo em nossa direção. Naquele momento a tensão tomou meu corpo, como ela se sentiria ao meu ver com outra garota? Agi sem pensar e quando vi estava beijando Roberta. Mas tentar fazer com que ela não nos visse juntos foi uma tentativa falha, quando me afastei de Roberta Naara me olhou com um olhar de decepção e tristeza, e quando olhei novamente ela estava correndo em direção contrária para fora da praça
- O que foi isso? - ela perguntou
- Me perdoe, eu me precipitei
- Não, foi ótimo!
   Então ela me beija novamente. Sua boca era doce como uma Halls de morango e macia como uma pluma
  - Vem comigo - sorri
  A levo em direção à parte oeste da praça onde havia um grande lago que dava para ver o pôr do sol, o sol estava se pondo e as nuvens estavam desaparecendo, do outro lado pra praça já podíamos enxergar o brilho da lua em sua fase crescente, mas isso não a impedia de brilhar, era uma tarde perfeita e minha companhia era mais ainda.
  Me doeu ao ver Naara com outro cara hoje, mas já que eu estava seguindo em frente ela tinha esse direito também. Roberta era uma morena linda, apesar do meu extremo amor por loiras, Roberta se destacava entre elas. Ela tinha um sorriso lindo no rosto, ela veio de uma família pobre que morava na favela, durante o dia ela trabalhava para ajudar a mãe a cuidar dos irmãos e durante o dia ela ficava na faculdade cursando história.

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