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Depois de alguns instantes me deparei com um clarão vindo minha direção, eu estava em meio há uma linha de metro e o vagão estava vindo em alta velocidade em minha direção, não havia saídas no túnel e a única coisa que eu conseguia enxergar era o clarão vindo em minha direção e o som da buzina do trem que ecoava como uma flauta desafinada em meus ouvidos. Não conseguia me mover, quanto mais eu tentava mais preso ao chão eu ficava, meu coração estava acelerado e meu corpo suava frio, quando o trem chegou à menos de cem metros do meu corpo fechei os olhos com todas as minhas forças e então senti uma brisa suave bater em meu rosto, quando abri os olhos novamente eu estava em um jardim florido e o trem passava ao meu lado como um flash.
- O que aconteceu? - Me perguntei
- Você acaba de escapar da morte - uma voz ecoa em meus ouvidos
- Quem disse isso? - Perguntei
- Sou seu subconsciente.
Sem sombra de duvidas eu estava ficando maluco ou realmente a pancada tinha sido muito forte. Que trem de tá aquele? Como fui parar lá? Como eu havia conseguido escapar? Por que eu não conseguia me mover? E por que eu estava conversando com a minha própria mente?
- Aproveite que a vida te deu mais uma oportunidade e comece a perceber quem são seus amigos de verdade - diz a voz.
- Com certeza eu estou ficando maluco! - Penso alto - O que você esta dizendo? Que amigos?
De repente o jardim desaparece e me encontro em frente à casa de Naara - Era aquela mesma noite, quando Peterson havia deixado Naara em casa, era como se eu tivesse voltado no tempo - Eu podia me ver escondido atrás do carro, enquanto Naara descia da Saveiro de Peterson. Eu realmente estava ficando maluco, eu havia voltado naquela noite, mas não era eu, era como se eu fosse um fantasma. Quando me aproximei do carro, Peterson e Naara estavam conversando sobre mim, eles não podiam me ver, nem me ouvir. Mas eu via e ouvia tudo perfeitamente.
- Eu não acredito Naara. Joel é meu irmão, sei que ele me odeia e que não nos damos muito bem, mas sei Joel nunca foi como eu, Joel sempre teve dentro de si um lado bom, apesar de querer vingança por eu ter tirado a vida de Lina. Mas eu te dou minha total certeza de que Joel é um homem bom, e sei que ele te ama!
- Obrigada Pet, mas eu preciso pensar um pouco.
- Pense direitinho, Joel te ama e posso afirmar que ele virou outro depois que te conheceu.
Naara deu um sorriso e desceu do carro, quando a porta se abriu ela atravessou o meu corpo e quando ela se fechou atravessou meu corpo novamente. - Eu havia acabado de ser cortado ao meio e não tinha sentido nada. Eu realmente estava ficando maluco, ou aquelas drogas da festa eram bem pesadas mesmo.
- Naara não estava saindo com o Peterson? Ele estava dando conselhos à ela para voltar para mim?
- Pense bem em quem são seus amigos de verdade Joel - a voz soa em meu ouvido novamente
Então o cenário muda novamente e eu me vejo no baile de formatura de Edd exatamente no momento em que meus olhos se cruzam com o de Naara no meio da pista de dança, então logo após eu sair em direção à porta que dava acesso ao lado de fora, Naara e Peterson me acompanharam.
- O que foi? - Perguntou Peterson
- Joel esta indo embora, preciso falar com ele - ela responde.
- Vou com você, o Rio é muito perigoso agora - então eles vão em direção à porta de saída, e eu vou logo atrás. Assim que Naara abre a porta, ela vê o cara que havia me batido.
- Larga ele - grita Naara
Quando vejo o cara atirando o meu corpo contra a parede, Peterson corre em sua direção e começa a espanca-lo também, logos após alguns minutos o homem saí correndo e some em meio o breu dos becos do Rio de Janeiro. De repente o cenário troca novamente e eu volto para o jardim no qual eu havia me encontrado minutos após de cair no sono, eu não sabia pra onde ir, nem o que fazer, mil pensamentos confusos se passavam em minha cabeça naquele momento, então senti uma mão em meu ombro e quando olho para cima, vejo a mim mesmo.
- Sou seu inconsciente! - ele afirma
- Imaginei - respondo - Peterson salvou a minha vida?
- Sim, o seu irmão! Ele é seu amigo de verdade, além de salvar a sua vida da morte, Peterson abriu mão de seu amor por Naara, para que você seja feliz com ela.
- Eu morri? - pergunto
- Não, mas foi por pouco! Agora volte e faça o que tem que se feito....
Quando acordei, me vi em um quarto de hospital. Havia uma agulha com soro injetada em minha veia, eu estava deitado em uma maca e eu podia jurar que minha cabeça ia explodir. Havia uma enfermeira entrando pela porta do quarto com uma bandeja de remédios em suas mãos.
- O que aconteceu? - perguntei ainda um pouco confuso
- Que bom que acordou bem senhor Joel, o senhor tem sorte por ainda estar vivo.
- Como assim?
- O senhor está em coma há dois dias, duas noites atrás o senhor chegou ao primeiro grau de overdose alcoólica, por causa do excesso inserido por álcool e drogas.
- Por que me fizeram acordar?
- Agradeça ao seus amigos, eles salvaram a sua vida.
- Talvez tivesse sido melhor eu ter partido
- Descanse mais um pouco senhor Joel, logo eles virão visita-lo - ela coloca um sedativo em meu soro que me faz dormir novamente.
Na manhã seguinte, quando acordei vi Peterson sentado à cadeira ao meu lado, ele estava dormindo em um sono tranquilo então não quis atrapalhar, após uma meia hora ele acorda meio assustado ao me ver acordado.
- Joel? - ele levanta rapidamente da cadeira, ainda meio sonolento
- Sim, estou bem! - respondo
- Não bebe mais assim por favor
- Deviam ter me deixado morrer
- Naara nunca se perdoaria por isso
- E você? Vocês poderiam ser felizes sem mim
- Eu não quero a Naara, eu quero meu irmão. Quero sua felicidade, eu te devo isso
- Não quero que sinta pena de mim só porque o papai sentia
- Sempre fui um pouco parecido com o papai também - ele sorri
- Então obrigado por ter salvo a minha vida - Irmãos são pra isso
Sorrimos e logo Naara entrou pelo quarto com copos de café
- Você acordou!
- Bom dia loirinha - sorri
- Que bom que você acordou. - ela sorriu de volta
- Precisamos conversar
- Agora não, quando formos para casa! Você precisa se recuperar, depois eu quero explicações, mas agora não!
- Mas o Peterson também precisa saber
Eu estava disposto a contar a eles sobre o que havia se passado em meu coma e como conheci Jim, mas eu ainda estava com dificuldade para conversar e com um pouco de dor de cabeça, explicar tudo daria muito trabalho
- Só queria agradecer ao Peterson, que se mostrou um bom irmão, e quero te agradecer por não desistir de mim loirinha
- Somos uma família amigão - disse Peterson segurando em minha mão.
- E eu vejo que você tem tentado se aproximar, você e a mamãe. Acho que é a hora de reunirmos nossa família novamente - um sorriso enorme se abriu ao rosto de Peterson
- Obrigado cara, você não irá se decepcionar! Não comigo
- Obrigado
Após duas horas o médico me liberou para voltar para casa, eu havia sido diagnosticado com coma alcoólico mas quando acordei todo o álcool em meu corpo havia sumido, então fizeram mais alguns exames e quando a falta de álcool em meu corpo foi comprovada eles me liberaram. Naara me acompanhou até a minha casa e ficou comigo por algumas horas
- Naara o que você viu no meu quarto... eu não sou mais assim
- Eu sei querido, na hora fiquei desconcertada, mas eu confio em você. Obrigada por dividir sua vida comigo
- Eu não fui totalmente sincero, ninguém nunca havia entrado em meu quarto, ninguém nunca havia entrado em fundo em minha privacidade como você - ela não diz uma palavra mas estava prestando atenção em cada uma das minhas - Desculpe não ter te contado antes, eu estava tão focado em acabar com o Peterson, que eu me esqueci que você também está comigo.
- Tudo bem, mas não deve mais ter segredos entre nos
- Combinado loirinha - nos dois rimos - Uma editora aprovou o meu livro!
- Joel isso é incrível! Quando? - ela pergunta entusiasmada
- Na noite em que você descobriu sobre o meu quarto, eu tinha ido até o meu quarto e quando terminei de ler o e-mail da editora você entrou pela porta
- Você vai fechar com eles? - ela pergunta
- Ainda não sei, não sei se a história é boa o suficiente
- Tenho certeza de que é ótima
- Obrigado loirinha.
- Você não pode perder essa oportunidade
- Tem mais uma coisa que eu preciso te contar - ela se cala novamente e volta a prestar atenção em minhas palavras - quando eu entrei em coma, conheci uma outra parte de mim
Ela faz uma cara confusa e eu prossigo
- Dei há ele o nome de Jim, como se fosse o meu inconsciente. Ele me tirou várias duvidas, inclusive sobre Peterson, ele me mostrou o lado bom de Peterson e parece que eu posso confiar nele
- Desde que eu conheço o Pet, sempre o achei um ótimo amigo. Ele é uma ótima pessoa, com certeza vocês puxaram o pai de vocês
- Me arrependo de não ter conhecido ele, ele parecia ser um grande homem.
- Peterson sempre falava dele, sempre dizia que era um homem honesto e bom, digno de seu orgulho e carinho.
- O papai não merecia o destino que teve, o câncer é uma doença repugnante.
- Sinto muito pela sua vida, mas é a nossa realidade. Infelizmente não pode ser mudada
- Por isso eu queria vingança, ele não merecia isso, ele nunca fez mal a ninguém, entende?
- Acho que eu nunca vou entender.
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Escuridão
Teen FictionJoel foi abandonado quando criança em um riacho próximo ao interior de Minas Gerais. Havia apenas uma pessoa em quem ele confiava de verdade, ela se chamava Lina - a camareira do orfanato onde ele morava - Quando Lina morre, Joel usa todas as suas f...