Quando o dia começa a escurecer, a vovó entra pela porta da sala acompanhada de dois homens altos vestidos de preto.
- Estão prontos?
- Estamos - todos respondem em conjunto
- Joel? Tem certeza? - pergunta Pet preocupado.
- Não... mas nunca vou saber se não tentar.
Todos saem em direção à parte inferior da casa e se separam, uma parte entra na van e outra parte sobe em motos e entram em carros subo na moto de Peterson e vamos em direção à praça. O local estava com lotação máxima, não havia como andar direito em meio a toda multidão que ali estava, realmente ninguém perceberia um furto mas o local estava prestes a ser tomado por um terrível arrastão. Peterson e Marina estavam posicionados no leste da praça, próximo às pistas de skate e bicicleta, já a vovó permanecia o tempo todo na van. O Tio Joe estava perto dos policiais esperando para poder domá-los, eu estava com a terrível sensação que não venceríamos e que esta guerra foi um plano péssimo - quem foi o idiota que pensou nisso? - Eu havia acabado de desistir de meu plano contra a vovó, estávamos em praça pública, em meio a uma multidão, como poderia impedi-la sem que muitos perdessem por isso?. A praça estava muito barulhenta, além da música alta, todos gritavam e comemoravam a inauguração da praça. A vovó estava apoiada do lado de fora do carro
conversando com um de seus seguranças.
- Oi Joel
- O que você faz aqui Naara? - pergunto preocupado olhando ao redor para ver se havia alguém nos observando
- Vim para a inauguração da praça
- Você não pode ficar aqui... por favor!
- Cara, descobriram a gente! - Diz Peterson se aproximando de nós
- Como?
- Descobriram o que? - perguntou Naara
Eu podia ver o tio Joe conversar com um dos policiais em sua frente, ele parecia estar tramando algo e eu precisava descobrir o que era. Antes que eu desse um passo ele sai correndo e os policiais o seguem tirando as armas do bolso, vou em direção a eles e quando vejo mais viaturas e policiais
encostam próximos á van da vovó
- Vá Joel - ele grita e corre em direção contrária a mim Me aproximo do carro onde estava a vovó e vejo uma viatura
vindo em nossa direção
- Vamos Joel, corre! Entro no banco do motorista e acelero o carro o máximo possível, viro a curva mais próxima e a viatura nos acompanha
- Vá em direção à ponte Rio Niterói, mas entre no galpão à última direita, lá eles não irão nos encontrar Acelero o máximo possível, estávamos sendo perseguidos por um helicóptero e
por duas viaturas policiais
- O trânsito está terrível à nossa frente
- Vire à esquerda
Não dava mais tempo de fazer a curva então eu viro o volante bruscamente e o carro derrapa passando de raspão em um caminhão, freio o carro por um segundo para recuperar o
fôlego e escuto novamente o som das sirenes
- Acelera Joel - diz a vovó
Piso novamente no acelerado e dirijo como um piloto de fuga até próximo ao galpão, mas de repente outra viatura sai de uma das esquinas e choca de frente com o nosso carro
atingido a parte traseira direita
- CORRE - a vovó grita.
Então eu piso fundo no acelerador, as viaturas não desistem e continuaram nos perseguindo até que conseguimos por um segundo despista-los o suficiente para que eu conseguisse
entrar no galpão
- Não podemos ficar aqui, vão nos encontrar
Saio do carro e arrombo a porta amassada para que ela pudesse sair também
- Obrigada querido, venha por aqui - ela me guia em direção a uma escadaria que dava acesso a parte de baixo do galpão.
Dava pra escutar o barulho das sirenes tocando e os policiais entrando no superior do galpã0. A tubulação dava acesso ao esgoto de toda a avenida, era um túnel escuro e cheio de água de esgoto no chão, continuamos andando em direção ao norte do túnel até que a vovó encontrou uma saída que dava acesso à avenida 32. Ainda conseguíamos ouvir o som das sirenes e o barulho do helicóptero sobrevoando a cidade, mas não conseguíamos vê- los e cada vez o som ficava mais baixo até desaparecer. Assim que chegamos em casa, todos estavam sentados na sala esperando pela nossa chegada, Peterson e Marina estavam abraçados, minha mãe estava desenhando no quadro negro, o tio Joe estava pensativo andando de um lado para o outro.
Quando entramos na sala todos se levantaram e vieram em nossa direção preocupados e querendo saber se estava tudo bem conosco, ou melhor, com a vovó Rosa.
- Estamos bem, foi só um susto - diz a vovó Olho em direção ao tio Joe, ele estava me observando, sua expressão estava
fechada e ele não parecia nada feliz em nós ver novamente.
- Joel, vamos conversar - Peterson diz me guiando até a parte de fora da casa
- Escapamos por pouco, que loucura! Como nos
descobriram? - pergunto
- Nós denunciaram
- Mas ninguém além de nós sabíamos disso
- Eu não sei mas seja lá quem for, não quer o nosso bem
O Tio Joe sai da casa e vem em nossa direção com a expressão ainda fechada.
- Parabéns recruta, você foi inteligente hoje. Salvou a vida da minha mãe
- Onde você estava durante todo tempo?
- O que está insinuando?
- Não estou insinuando nada, só que alguém nos denunciou e eu te vi conversando com dois policiais minutos antes das viaturas chegarem.
- Está dizendo que eu denunciei a gente? Você acha que eu iria querer o mal para a minha própria mãe? - ele pergunta
- Se isso significa você ser o novo chefe dos Susan, sim! Eu acho que foi você sim!
- Você chegou ontem e já se acha o integrante da CSI?
- Então onde você estava? - perguntei
- Eu estava sim conversando com os policiais, mas eu apenas estava despistando eles - ele da as costas e sai
- Não confio nele Pet - digo serrando os punhos
- Você não pode acusá-lo sem provas Joel.
- Eu tenho certeza de que foi ele
Quando a noite caiu por completo, Peterson e eu estávamos limpando os carros. Ele era responsável pela limpeza interna e eu pela externa, quando Peterson entrou no carro e sentou no banco do motorista um cordão pulou para
fora da sua camisa e eu pude ver que era igual o meu
- Você também usa? - pergunto pegando o calor
- Sim, o Papai que me deu.
- Ele também me deu - digo mostrando o meu - Nunca tiro ele, é a única lembrança que tenho do Papai
- Sim, a minha também!
- Em uma das cartas, o papai me disse que eu sempre poderia confiar em quem estivesse usando esse colar.
- Sim, somos família ssim como os "Susan" os "King" também se ajudam e estão juntos sempre.
- Você tem contato com os King?
- Todos eles, a vovó e o vovô são maravilhosos, e o nosso tio Steven King é muito engraçado.
- Gostaria de conhecê-los
- Vou te levar lá qualquer dia
- Obrigado
Continuamos o nosso trabalho, eu estava terminando de enxaguar o carro quando Peterson me faz uma pergunta quebrando o silêncio
- Por que mudou de ideia? - ele pergunta
- Como assim? - fiquei confuso com a pergunta
- Por que não entregou a vovó para a polícia?
- Quando aceitei, ou melhor, fui obrigado a aceitar participar dos Susan, eu fiz um pacto. Prometi que sempre os protegeria e que a partir daquele dia eu seria um de vocês. E eu não trairia
a minha família, ainda mais depois de um juramento.
- Obrigado por não entregá-la, sabia que faria o certo
- Mas ainda não é certo todas as coisas que ela já fez
- Sim, não dou razão.
- Mas ela ainda é a minha avó, não sei se consigo.
- Obrigado amigão.

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Escuridão
Fiksi RemajaJoel foi abandonado quando criança em um riacho próximo ao interior de Minas Gerais. Havia apenas uma pessoa em quem ele confiava de verdade, ela se chamava Lina - a camareira do orfanato onde ele morava - Quando Lina morre, Joel usa todas as suas f...