Era uma sexta feira treze, Peterson e eu estávamos na sala principal vendo um filme de terror, detestava a música de fundo que tinha nos filmes, aquela melodia fazia com que a gente criasse a expectativa de tomar um susto, e mesmo esperando pelo susto nós nos assustávamos. Era uma mulher loira, ela estava coberta de sangue e andando por um corredor escuro de uma casa abandonada, não sei se é verdade mas pelas minhas pesquisas, corredores são lugares de passagem e por isso várias almas passam por ali, quando a alma ia parecer à porta da sala se abre com força e Peterson e eu damos um
pulo do sofá
- Vocês são homens ou ratos? - pergunta um enorme
segurança entrando pela porta
- Bom... - o segurança interrompe Peterson
- Levantem essas bundas do sofá, é hora do ritual. Recruta venha comigo
- Ele tá falando com você - disSe Peterson me dando uma cotovelada de leve no braço.
Sigo o segurança até a sala da vovó, ela estava totalmente vestida com uma roupa branca, parecia aquelas roupas de monges budistas - quando me aproximei ela me estendeu uma roupa parecida com a sua, só que um pouco mais comprida. A vovó deveria ser uns vinte centímetros menor do que eu, ela era uma senhora bonita, de cabelos brancos e olhos mais
negros do que os corvos empalhados em sua sala.
- Está é pra você - diz a vovó me entregando a vestimenta
- O que é isso? - pergunto
- Toda sexta-feira treze nós fazemos um ritual de passagem, para nossos Deuses se conectarem conosco e continuarem nos abençoando em nossos atos
- Um ritual satânico? - pergunto
- Quase isso - ela sorri - Estou feliz por vê-lo se juntar a nós Joel. Um dia isto tudo será seu!
- Não quero nada disto vovó, só estou aqui para cumprir o meu dever e salvar a vida de Naara.
- Nos dê uma chance Joel, não somos os monstros que você fantasia em sua cabeça.
Quando volto para sala, Peterson e Marina estavam vestidos iguais a mim e a vovó, o lado de fora da casa estava todo decorado para a ocasião, o ritual deveria ser completado a meia noite do dia quatorze, todos se preparavam, estavam acostumados a passar por isso em todas as sextas feiras treze, eles eram como uma seita, eles tinham um Deus em que adoravam e era uma espécie de ritual para que todas as suas sortes fossem renovadas, o que era um pouco ridículo.
Sinto meu celular vibrar em meu bolso repetidas vezes, era Edd e ele parecia um pouco preocupado"Me ligue é importante
Preciso falar contigo, Brad me traiu
Joel onde você está, por que sumiu?
Não te vejo desde a noite passada
Naara disse que você não foi à faculdade hoje, está tudobem?
Me ligue assim que puder "Tentei ligar para Edd mas ele não me atendia, várias vezes o telefonema caia na caixa postal ou dava fora de área, eu estava preocupado, como será que ele estava se sentindo? Será que Brad havia contado para ele ou será que ele havia descoberto de outra forma?.
- Preciso ir - digo correndo em direção à moto de Peterson
- Aonde você vai? - pergunto Peterson
Não respondo, apenas acelero a moto e saio em direção ao portão principal da casa. Quando chega à minha casa, Brad estava quase subindo em sua moto quando o impeço empurrando seu ombro para trás
- O que você fez? - pergunto segurando em seu braço.
- Eu contei a verdade - diz Brad
- Acho bom mesmo - o solto e entro na casa Edd e Naara estavam assentados no sofá, com a mão em seus ombros Naara parecia consola-lo e Edd estava com as duas mãos na cabeça
- Fica tranquilo amigão - digo me sentando ao seu lado
- Você sabia Joel? - perguntou Edd
- Ele me contou na noite passada
- E você não me disse nada?
- Eu não podia, ele que tinha que te contar.
- Se ele não contasse você contaria?
- Claro que sim! Eu falei com ele que se ele não contasse eu contaria
- Obrigado cara
- Não fique mal por isso, Brad é um babaca. Você merece alguém melhor
Naara estava meio sem graça, a cada uma minhas palavras Naara olhava para o chão fingindo não notar minha presença ali, Edd estava cabisbaixo e Naara calada, o clima estava
começando a ficar tenso, mas Edd começa a falar
- Eu fui um idiota em confiar nele.
- Não foi sua culpa - diz Naara
- Não mesmo. Cara você é mais forte do que isso, não precisa se sentir mal.
- Acho que deveríamos todos sair - diz Naara se levantando e pegando as chaves do carro de Edd
- Eu não posso, tenho um compromisso - digo
- Com a morena de ontem? - pergunta Naara com os olhos fixos nos meus
- Não loirinha, tenho que me encontrar com a minha família. É importante mesmo
- Tudo bem amigão, pode ir. Nos vemos mais tarde - diz Edd se levantando e saindo da sala
- Desculpe, não quis ser rude. - diz Naara
- Você não foi - sorrio
- Só não entendo o porquê de você ter se afastado
- É complicado - passo a mão em meus cabelos para tirar a franja que estava atrapalhando a minha visão
- Então descomplica. Podemos ficar juntos - ela diz
segurando minhas mãos
- Você também estava com um ruivo ontem
- O Peter é meu primo
- Não importa! Não podemos ficar juntos, estou te
protegendo
- Me protegendo? Me protegendo do que? De quem? - seus olhos estavam começando a lacrimejar, Naara era uma pessoa muito sensível e chorava por tudo
- Te proteger de mim
- Bom, a gente se vê então - uma lágrima escorre em seu olhos e ela sai acompanhando Edd para o lado de fora.
Resolvo acompanhá-los, Edd e Naara estavam andando na mesma velocidade e nos mesmos passos, quando Edd destrava a porta do carro, Naara olha em minha direção com uma carinha de cachorro que caiu do caminhão, e por um segundo meu coração dispara, eu não podia negar o quanto eu a amava e quão importante ela era pra mim, ter que vê-la longe de mim era como levar um soco no estômago. Eu sentia sua falta, mas eu sabia que estava fazendo o certo para que ela se mantivesse
segura. Peterson e Marina já estavam me esperando no portão antes mesmo de dar a hora do meu retorno, ambos pareciam tranquilos, além do mais já estavam acostumados com tais atos. Seria a minha primeira passagem e eu não sabia nem como fazer e nem o que fazer, Peterson havia me contado que geralmente tinha o horário da fogueira onde todos juntavam lenha e colocavam no ciclo. Quando o relógio batesse meia noite, todos daríamos as mãos para invocar o tal Deus. Eu não acreditava nem em Deus e nem no demônio, mas eu era
obrigado a participar, era meio que uma tradição familiar
- Até que enfim você chegou, temos que buscar lenha - disse Peterson indo em direção à sua saveiro
Fomos em direção há um vale que havia próximo ao bairro da casa da vovó, o dia estava começando a escurecer e as nuvens estavam carregadas d'água, os ventos que batiam em meu rosto eram frios. A lenha estava cortada em um canto, empilhadas em várias fileiras, Peterson e eu as guardamos na saveiro e voltamos para a casa da vovó. Marina estava ao lado
de casa com a vovó e um fuzil em mãos.
Marina sempre andava armada, quando não era arma de fogo ela tinha alguma espécie de arma branca em mãos, Marina me dava medo, ela tinha um cabelo grande com o lado direito raspado, estava sempre com um batom escuro e com
roupas pretas.
- Que arraso - diz Peterson
- Hora do show gatinhos! - Marina coloca o fuzil em um
suporte nas costas e sai em direção ao portão da casa
- O que foi isso? - perguntei
- Meus meninos - disse a vovó sorrindo
- Parem de babar na Marina e entrem
Todos estavam na sala: tio Joe, minha mãe, seus dois filhos, Haril, os guardas, todos estavam sentados na mesa e nos sofás, o Tio Joe estava acendendo a lareira da sala e minha mãe o ajudava. Quando me aproximo ele me olha de cima a baixo e
em seguida se levanta e me encara, olho a olho.
- Perdeu alguma coisa? - ele pergunta
- Parece que minha presença incomoda - rio
- Você se acha o espertinho
- Não preciso! - então ele vira as costas e sai
- Não dê importância, seu tio sempre foi assim - diz Susan colocando seus braços por cima dos meus ombros
- Não confio nele
- Escute querido, somos uma família. Nunca traríamos os nossos
- Tem certeza disso? - perguntei
Ela olhou fundo em meus olhos e sorriu, dei de ombros pra ela e saiQuando me aproximo do corredor, Joe e Haril estavam conversando. Meu tio Joe parecia estar nervoso e Haril tentava acalma-lo. Apesar de Haril ter a cara bem melhor do que a de Joe, eu não confiava em nenhum deles, não confiava na minha avó e muito menos em minha mãe. Eu havia tentado dar uma chance para eles, mas agora que sou um Susan, percebo que eles são piores do que imaginei.
- Ele não passa desta noite
- Acalme-se ou você vai estragar todo o plano.
- O plano já foi por água abaixo Joe, se você continuar dando show vai estragar tudo
- Cale a boca seu insolente - diz o tio Joe tirando uma arma do bolso e apontando para a testa de Haril.
Saio e vou em direção a Peterson, ele estava do lado de fora da casa babando em sua moto como sempre, Peterson era amante de carros desde sempre. Ele ficava o dia todo com sua moto, cuidando dela e mimando como se ela tivesse vida própria. Eu sabia desde sempre que Joe era suspeito de algo, mas não imaginei que meu padrasto o ajudava, eles estavam tramando algo contra a vida da vovó, mesmo sabendo que vovó merecia uma morte trágica, eu não poderia abandona-la, eu havia feito um juramento a mim mesmo que a defenderia
em troca da segurança de Naara.
- Alô? - digo atendendo ao telefone
- Joel? - eu reconheceria essa voz doce e suava no meio da multidão
- Naara? Está tudo bem? - pergunto um pouco preocupado, por que Naara estava me ligando?
- Precisamos conversar
- Não posso agora! Tenho planos, coisa de família sabe?
- Por favor - sua voz estava triste e ela parecia chorar
- Me perdoe loirinha, não posso agora.
Quando o relógio toca às 23:00 horas, todos se reúnem do lado de fora da casa, a noite estava fria e estava serenando fino, a chuva molhava o gramado fazendo com que uma poça de lama nos envolvesse. Quando a chuva estiou acendemos a fogueira, as chamas nos esquentavam e estavam enormes, poderiam colocar fogo na casa se não estivéssemos tão distantes.
- Fogueiras assim me lembram de marshmellow
- Engraçadinho - diz Marina
Quando o relógio terminou as suas doze badaladas da meia noite, a vovó saiu da casa acompanhada de dois grandes homens. Ela estava toda vestida de preto e com uma cruz pendurada em seu pescoço, um dos guardas segurava um grande livro e o outro estava com um fuzil em mãos, Joe e Haril vinham caminhando do outro lado, Joel com uma faca e Haril com outro fuzil. No centro do círculo, estávamos eu, Peterson, Marina, os gêmeos e a mamãe. Ambos os gêmeos estavam com luvas brancas, Marina como sempre estava armada e eu e Peterson estávamos de mãos vazias, assim que todos se posicionam ao redor da fogueira, demos as mãos e a vovó disse algumas palavras.
- Todos nos juramos cuidar um dos outros. Esta noite será a noite da purificação, Deus está olhando por nós e cada um de
nós pagará por seus pecados.
- Não foi isso que você me disse - sussurrei para Peterson
que não respondeu.
- Peterson, você primeiro!
Ele da um passo à frente com os braços cruzados, a expressão em seu rosto era tranquila e sua respiração mais ainda, Joe sorria do outro lado da fogueira e sussurrava ao ouvido de Haril, eu ainda não entendia o plano deles contra nós, mas eu sabia que devia impedi-lo. Ela faz um sinal com a cabeça mandando que ele se ajoelhasse, então ele faz e Marina joga álcool na fogueira para que ela queimasse mais.
- Peterson, qual seu último pecado?
- Eu... matei Lina, matei a Selma... tentei extorquir dinheiro do meu irmão e amei a sua namorada. - uma lágrima escorre em seu rosto
- O que? - pergunto
Peterson que havia matado dona Selma? Era ele quem estava me ligando de Minas como um novo diretor do orfanato? Peterson também queria o meu dinheiro? Ele estava apaixonado por Naara?
- E o que você tem a dizer ao seu irmão por tudo que o fez?
- pergunta a vovó
- Me perdoe irmão, me forçaram a isso - diz Peterson sem coragem de olhar nos meus olhos, ele estava ajoelhado e a poucos centímetros da fogueira. Eu podia ver sua testa suar com o calor das chamas próximas ao seu rosto, Peterson chorava e seu corpo tremia, ele estava com medo.
- Qual será o castigo? - pergunta um dos homens ao lado da vovó
- Queimem ele
Os homens vão em direção a Peterson e ambos o levantam do chão a força, cada um segurava de um lado e arrancavam a blusa em que ele usava de seu corpo enquanto outro homem pegava com uma espécie de ferro uma brasa quente da lareira.
- Não façam isso! - grito - Eu o perdoo, Peterson não merece passar por isso.
- Cale a boca Joel, você não sabe de nada - diz Marina me tampando o silenciador de sua arma.
Ele aproxima a brasa das costas de Peterson e quando ele encosta, Peterson grita de desespero. Seus gritos eram estridentes, eu estava sentindo a dor por ele, eu não conseguia me mexer, haviam homens armados por todos os lados. Eu não podia ajudá-lo sem morrer. Então ele afasta a brasa de suas costas e Peterson perde as forças desequilibrando, mas os homens o seguram e o terceiro coloca a brasa em suas costas novamente. Seus olhos estavam cobertos por lágrimas e por desespero, Peterson gritava e pedia para pararem e todos além de mim na roda estavam achando aquilo normal, Peterson estava implorando por ajuda e não podíamos nos mover.
- Eu imploro, por favor! Parem - implorou Peterson aos prantos.
Suas costas estavam sangrando e com as marcas das brasas, seu corpo estava completamente suado e Peterson gritava estridentemente de dor. Então a vovó faz um sinal para os três homens e eles se afastam jogando o corpo de Peterson no chão como se ele fosse um pedaço de carne podre que já não servisse mais, quando seu corpo entra em contato com o chão, Peterson da mais um grito e começa a se contorcer de dor no chão.
- Marina! - diz a vovó apontando para que ela se ajoelhasse e então ela faz.
- Marina não... - diz Peterson juntando todas as suas forças, mas Marina também não o responde.
- Quis os seus pecados meu amor?
- Me envolvi com dois caras na semana passada, tirei a vida dos dois após uma noite cheia. Matei uma criança que brincava sozinha em um parquinho e vendi seus órgãos no mercado negro.
- Qual o castigo? - pergunta um dos homens para a vovó.
- Me deem uma faca - diz a vovó estendendo a mão para um dos homens, ele tira a faca do bolso e entrega à vovó.
Ela caminha até onde Marina estava ajoelhada e manda com que ela abrisse as duas mãos para ela, quando Marina abre, a vovó faz um corte extremamente profundo em suas mãos e
por último. A vovó corta a cabeça de Marina fora
- NÃO! - grita Peterson desesperado no chão
Eu jurava que poderia desmaiar naquele exato momento, uma poça de sangue se cria ao redor do corpo morto de Marina e Peterson se rasteja até próximo ao seu corpo, lágrimas de desespero escorriam em seu rosto.
- Vendam os órgãos dessa cretina! - ordenou a vovó. - Joe sua vez!
Então o tio Joe ajoelha em frente aos pés da vovó, seus olhos estavam focados profundamente nos olhos da vovó e sua expressão era calma, calma até demais.
- Me conte os seus pecados meu filho
- Não tenho pecados mamãe, nos últimos meses eu tenho servido a senhora, apenas.
- Sem penas para você meu querido filho
Então ele se levanta do chão e sorri sarcasticamente para mim, eu podia sentir o meu sangue correndo pelas minhas veias, podia sentir toda a adrenalina correndo em meu corpo, eu havia acabado de presenciar a morte da namorada do meu
irmão e havia acabado de vê-lo sendo queimado.
- Sua vez Joel
- Eu não vou fazer isso! - digo
- Claro que vai - ela contraí os ombros e dois seguranças surgem atrás de mim segurando firme em meus braços
- Qual o seu pecado querido?
- Querer matar todos vocês agora!
- Por que faria isso?
- Vocês acabaram de matar a Marina e quase mataram Peterson também, vocês são doentes.
O olhar da vovó se fecha, com apenas o olhar ela conseguia fazer com que os homens a entendessem. Então eles me abrigaram a ajoelhar no chão e outro homem maior ainda sai de dentro da casa carregando em mãos uma enorme estaca de
madeira como a do ampalamento.
- Atravessem essa estaca em seu coração - ordenou a vovó
- Vocês não podem fazer isso! - grito
Ambos os homens que me seguravam me carregaram para mais próximos do terceiro homem que segurava a estaca. Meu corpo estava suando frio, meu coração estava acelerado, minha respiração estava ofegante, meus ombros estavam tensos, o desespero estava tomando totalmente o meu corpo. Eu não me importava em conhecer logo a morte, o que mais me doía era lembrar de Naara. Eu não havia nem me despedido dela, como ela reagiria ao saber da minha morte? Eu não podia morrer, eu não podia deixar Naara! Eu precisava resistir por ela. Quando abro os olhos vejo o homens carregando a estaca em minha direção, a expressão em seu rosto era de felicidade, parecia sonhar com o dia em que me matasse há anos. O homem estava a menos de cem metros do meu corpo, ele caminhava lentamente em minha direção e todos estavam parados assistindo, quando olho para o chão não vejo Peterson, onde ele estava? Fechei os olhos esperando pelo momento em que a estaca atingisse meu coração e por último sussurrei
- Eu te amo Naara
Quando termino escuto um disparo e quanto abro o olho vejo o corpo da vovó caindo ao chão, todos olhando em direção de onde a bala havia vindo. Peterson estava com um fuzil em mãos e havia atirado na testa da vovó, todos ficaram sem reação, o homem em minha frente soltou a estaca e ambos que me seguravam me soltaram no chão e o acompanharam, todos ao redor foram em direção ao corpo esticado no chão e Peterson correu em minha direção.
- Precisamos ir embora - diz ele me ajudando a levantar
- O que você fez? - pergunto desesperado, ainda não
acreditado no que havia acabado de acontecer.
Saímos correndo em direção à moto de Peterson, todos estavam espantados com a morte de vovó que não notaram a nossa saída. Por sorte a minha casa estava vazia, era sexta-feira noite e os garotos sempre saiam nos finais de semana.
- Você matou a vovó! - falei.
- Ela matou a Marina e iria te matar também diz Peterson encostando na parede
- Obrigado irmão! Eu sinto muito pela Marina.
- Tudo bem, já é a terceira vez que a vovó mata a garota que eu gosto. Por isso não insisti em Naara, ela é especial demais.
- Por isso me afastei dela, eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a ela.
- Foi por isso então que você terminou comigo - disse Naara surgindo em meio à escuridão da sala
- Naara o que você faz aqui? - pergunto um pouco assustado
- O que aconteceu com o seu corpo Pet? - ela pergunta desesperada se aproximando do corpo ferido de Peterson
- Foi à vovó! - falei
- O que? Ela é maluca! - diz Naara
- Já cuidei dela, vovó nunca mais fará mal a ninguém depoisde hoje.
Os olhos de Naara se arregalam e todo o seu corpo se arrepia
- O que fizeram com ela? - ela pergunta
- Eu não queria, mas ela matou a Marina e iria matar o Joel também.
- Você a matou Pet? - os olhos de Naara estavam carregadosde lágrimas e suas bochechas tremiam de desespero
- Naara nós vivemos com traficantes, sei que é difícil e doloroso. Mas você precisa entender! - diz Peterson olhando fundo em seus olhos
- A Marina morreu? - diz Naara já chorando
- E a vovó também!
Naara se desespera ainda mais e eu a abraço para tentar acalma-la. Eu podia sentir a tensão em seu corpo, era como se Naara e eu estivéssemos conectados, Naara e Marina eram amigas, Marina estudava na sala de Naara na faculdade e elas se conheciam desde pequenas. As lágrimas em seu rosto eram incensáveis, eu também estava quase sem forças, ver a cena da vovó e de Marina sendo assassinadas em minha frente e não poder fazer nada era um peso muito grande que eu teria que
carregar para o resto da vida.
forte
- Se acalme, está tudo bem! - digo a abraçando ainda mais
- Que bom que você está bem! Que bom que vocês dois estão bem.
- Vou te levar para o quarto, me espere aqui Pet!
Quando subo com ela para o quarto, tento acalma-la mais um pouco e sugiro a ela um banho para que ela relaxasse, quando ela entra para o banho desço para a sala de novo. Peterson estava sentado com as mãos na cabeça chorando, todo o seu corpo estava tenso e arrepiado.
- Você está bem Pet? - que pergunta óbvia Joel, mas é claro que ele não estava bem.
- Eu perdi a Marina, eu matei a vovó! Perdoe-me irmão, eu não tive escolha - lágrimas escorriam em seu rosto e Peterson estava vermelho de desespero.
- Cara você salvou a minha vida, obrigado! Sei que é difícil você ter pedido a Marina, mas você é forte. Sei que vai ninguém vai te encostar enquanto eu viver.
conseguir superar isso
- Matei a vovó, quebrei o juramento e agora os Susan viram atrás de mim.
- Você não está sozinho irmão, eu estou com você e
- Obrigado Joel, o papai se orgulharia de conhecê-lo.
- Somos uma família, nós defendemos um ao outro.
Ele sorri e me da um abraço apertado e em seguida ele da um grito de dor e nos dois rimos.
- Tenha uma boa noite irmãozinho - dou um beijo em suatesta e subo novamente para o quarto.
Naara já havia saído do banho e eu havia trago para ela um copo de chocolate quente, ela estava sentada em frente ao aquecedor e tremendo de frio, sento ao seu lado e a abraço.
- Trouxe para você - digo entregando a ela o copo de toddy quente
- Obrigada!
- Naara, eu sei que é difícil para você. Mas a vovó iria me matar
- Não sei o que é pior, você morrer, a Marina morrer ou o Pet ter matado ela.
- Ele só estava me defendendo
- Tudo bem - ela abaixa a cabeça
- Você tinha razão - digo
- Em que? - ela pergunta
- Só queriam a minha herança do papai
- Eu devia ter ficado quieta
- Não, obrigado por tentar me ajudar! Agora eu sei ainda mais que sempre poderei confiar em você.
- Obrigada! - ela da um meio sorriso
- Eu te amo! - ela me olha um pouco assustada e eu repito - Eu te amo Naara! - um sorriso abre em seu rosto
- Pensei que você estivesse com a Roberta
- Eu nunca te esqueci, eu te amo! - disse já com os olhos cheio d'água
- Eu também te amo Joel - ela sorri e nos beijamos.
Passamos mais umas duas horas conversando, relembramos todos os nossos momentos juntos. Naquele momento eu havia percebido que Naara realmente era o amor da minha vida e eu queria viver o resto de minha vida ao seu lado, Naara era especial. Ela não gostava de mim pela minha aparência, nem pelo que eu tinha, Naara gostava de mim pelo que eu era mesmo com todos os meus defeitos, mesmo sabendo de tudo, Naara nunca havia me abandonado, Naara sempre esteve ao meu lado. Naara sempre me amou

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Escuridão
Ficțiune adolescențiJoel foi abandonado quando criança em um riacho próximo ao interior de Minas Gerais. Havia apenas uma pessoa em quem ele confiava de verdade, ela se chamava Lina - a camareira do orfanato onde ele morava - Quando Lina morre, Joel usa todas as suas f...