Lar, Pequeno lar!

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Eu me sentia grogue de sono, mas ainda assim, eu soube que era os dois no segundo que atravessei a saída do aeroporto e fui rodeada por dois pares de braços fortes. Aspirei o cheiro bom da pele de ambos e me aconcheguei na curvatura do pescoço de Lay antes que minha irmã nos arrastasse para o taxi. Não tínhamos bagagem, apenas bolsas de mão e a gaiola do gato, que estava com minha irmã, então era simplesmente entrar e passar o endereço, que ela também aparentemente sabia.

Kai e Lay estavam tão disfarçados que eu mal podia ver o rosto deles escondidos pelos óculos, capuzes, bonés e máscaras. Com cuidado para não dar na cara com o taxista, eu sussurrei no ouvido de Kai.

— Senti saudades!

— E eu fiquei louco.

Respondeu baixo.

Minha irmã passou a puxar uma conversa boba com o taxista em inglês e nós relaxamos um pouquinho. Estava entre os dois e Lay me abraçou aflito.

— Só me diz que está bem Zhēnguì, eu tive tanto medo esses dias, foi tão difícil...

— Eu sei, eu sei. Eu sinto muito, foi súbito para mim também. Aconteceram tantas coisas... Teremos tempo para conversar, teremos né?

Perguntei de repente não sabendo exatamente quanto tempo eles tinham. Kai me prendeu mais forte nele e voltou a falar ao meu ouvido.

— Cancelamos nossas atividades de amanhã. Você vai ter muito tempo para me dizer exatamente porque diabos não nos ligou mais vezes, sabe como fiquei preocupado?!

— Ah, vocês não vão acreditar!

Eu disse, mas daí fui abraçada de novo, de forma que mal pude respirar entre os dois e deixei de falar por um tempo, naquela hora as palavras não eram tão importantes quanto o toque e eu sabia como todos nós precisávamos disso. Assim me deixei ficar em silêncio, sendo acarinhada até meu novo lar.

O prédio era do tipo antigo, sem garagem, quase pitoresco, de três andares e eu me apaixonei à primeira vista. Em um bairro residencial, aprisionado entre o antigo e o moderno. Devia ser umas três da manhã quando saímos do taxi e caminhamos para a entrada que consistia em uma escadaria estreita. Meu apartamento era um dos dois no primeiro andar, número três. Gostava disso.

Lay me entregou a chave e eu abri em silêncio, não conversamos muito mais, ficamos apenas juntos, próximos, matando a saudade e as preocupações. Os três.

Cruzei a porta, acendi as luzes e me vi transportada para o século passado. Era largo, porém simples, quem morou antes pintou a sala de verde água, uma das minhas cores preferidas, eu entrei percorrendo a cozinha americana, a sala e os dois quartos pequenos, tudo muito prático e bonito. Só tinha os móveis básicos, o que agradeci mentalmente, Lay fez o que eu pedi, sem nada desnecessário.

Eu já podia ver um imenso aquário na parede de canto da sala e uma penteadeira no que seria meu quarto. Que aliás, só tinha camas, uma em cada um, embora tudo estivesse muito limpo e organizado. Me voltei para ele e Kai, que me olhavam em expectativa e sorri me jogando nos braços dos dois, em uma pequena confusão bagunceira, mas silenciosa.

— Adorei, meninos!

— Precisamos acrescentar o que falta, fazer a compra de mantimentos e tudo. Coisas pessoais também, já que perdeu a bagagem e...

— Vamos pensar nisso amanhã, ok? Agora acho que devíamos dormir, todos estamos com cara de mortos.

— Ótima ideia, Lulu, boa noite crianças!

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