Quando vi a praia distante, não contive minha alegria e saltei na água nadando ao redor do pessoal e rindo. Tinha ao menos uns cinquenta animais comigo, foi praticamente uma viagem divertida entre amigos. Eu estava muito agradecida a todos e levei um bom tempo me despedindo até que finalmente eu mesma terminei a curta jornada até a terra empurrando o bote. A praia era larga e deserta, também deveria estar vazia, afinal era inverno e o dia ainda estava para clarear. Senti cheiro de água doce e ergui meus olhos, um rio corria por ali, paralelo a areia da praia. A água era limpa e fazia sons deliciosos e frescos.
Garfield miou meio esganiçado e correu pulando no rio raso. Eu ri e o segui, ambos precisávamos de água doce, estávamos parecendo duas ameixas secas de tanto sal sobre nós dois. Lavei minhas blusas no rio límpido e as estiquei nos arbustos ao redor, deixei-me ali, por algum tempo absorvendo o orvalho da manhã e tirando o mar dos meus cabelos até que me senti banhada o suficiente.
Meu tênis também estava para secar e finalmente me dei conta de que ali, definitivamente não era o Marrocos. Meus cálculos estavam errados. Me ergui e estiquei sobre meus pés olhando para além do rio. Uns duzentos metros à frente havia construções. Era uma cidade, fato. Sobradinhos em estilo moderno...
— Acho que estamos em Portugal, Garfield. Mas que lugar de Portugal?
Perguntei retoricamente me voltando para o mar já com saudades dos amigos que fiz, contudo, ciente de que Lay e Kai precisavam de mim e que eu deveria encontrar uma forma de ir para eles o mais rápido que fosse possível. E talvez, mesmo que eu não quisesse, o meio mais rápido de fato, seria procurar uma embaixada, dizer quem eu era e para onde deveria estar indo. Sem documentos ficaria impossível de me locomover.
— Vamos, bebê, precisamos procurar alguma placa ou algo que nos diga onde estamos.
Peguei minhas camisas e meu tênis molhado, os amarrei na minha cintura e esperei o gato preguiçoso sair do rio se sacudindo todo e finalmente caminhei em direção à rua mais próxima. Muitas das casas estavam vazias, o que demonstrava que infelizmente, muitos abandonavam seu lar para tentar a vida em outra cidade maior. Havia plaquinhas com os nomes das ruas, mas nada além disso, eu caminhei por um bom tempo até cruzar com uma construção um pouco deteriorada. "Câmara Municipal de Caminha".
— Caminha... Caminha...
Puxei tudo da minha mente sobre o que me lembrava de Portugal em busca de uma cidade litorânea com esse nome. De repente tive o 'insight'. Caminha fazia parte da estrada portuguesa para Santiago de Compostela, estava na fronteira com a Espanha. Como fui parar tão longe da queda do avião? Puxa... Ao redor, ironicamente a cidade mais próxima que teria uma embaixada seria Santiago. Uau, minhas ancestrais pretendiam que eu fizesse o caminho?
— Por que está sorrindo como uma idiota olhando para essa placa, Lu?
— Porque estamos há dois dias de viagem a pé até Santiago, bebê.
— Hein?
— Santiago de Compostela, Garfield.
— E daí?
— E daí que temos de ir para lá. Vamos nos passar por peregrinos e torcer para não sermos barrados. Se tudo der certo, chegamos em Santiago amanhã à noite, e vamos para a embaixada, sei que existe uma lá, só não sei onde... Mas bem, daí perguntamos, certo? Bom, eu vou me situar, um minuto.
Fechei os olhos e esperei as direções fazerem sentido em mim. Magia básica de toda bruxa, saiba para onde ir e os ventos sopram a favor. Norte... Vá para o norte... Valença.
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Casamento Secreto
Fiksi PenggemarLuana está prestes a embarcar rumo a Coréia e ao encontro dos seus dois recém maridos secretos, que estão ansiosos por revê-la depois de dois longos meses afastados. O que ninguém esperava era que seu avião, como em um déjà vu irônico, caísse no ma...