Eu caminhava. Caminhava incessantemente por um longo tempo, as areias do deserto me cercavam, o sol queimava minha pele e cegava minha visão. Eu seguia através dos sentidos em direção as montanhas, depois delas teria o mar, eu deveria chegar ao mar, o mar me chamava, cantava meu nome através dos sussurros das vozes, era um mundo de águas quentes, águas que me levariam para casa. Para o lar.
Eu levei dias para alcançá-lo e quando achei que não conseguiria, eu ultrapassei as montanhas na desolação do nada e da imensidão vazia, apenas eu, a terra e o céu e o vi, imenso, imponente e imutável. O oceano turbulento de ondas caóticas e ferocidade milenar. O mar, me chamava.
Alcancei a beira do abismo e olhei para o horizonte de fim de tarde, o sol estava prestes a se pôr, ergui a mão em direção a ele no horizonte distante e pedi por proteção...
O oceano me chamava e eu saltei.
Abri os olhos ofegante e mais uma vez suspirei aliviada ainda que me visse caída da cama. Era um sonho, o mesmo sonho que vinha tendo no último mês. O sonho que eu sabia ser um aviso, uma mensagem, mas que nem eu, nem ninguém conseguia decifrar.
Por causa dele, minha mãe pediu que Laine não fosse para a Líbia, na ação que a equipe da qual fazia parte foi designada duas semanas antes. Por causa desse sonho insistente, meu tio não foi para Marrocos no encontro anual da sua família, e pelo mesmo sonho todos relutavam que eu embarcasse naquela noite.
Tinha chegado o dia da minha ida para a Coréia e para o reencontro com meus maridos, cuja distância me influenciava muito mais do que eu esperava que influenciasse. Eu senti muita falta deles nesses dois meses de um forma que não fazia muito sentido, era intenso e inexplicável, uns me diziam que devia ser por causa do sangue compartilhado, já que tal ligação era intensa, outros achavam que podia ser apenas paixão adolescente e minha irmã, que entre todos da família era a mais equilibrada naqueles aspecto, acreditava que era porquê de fato eu estava realmente apaixonada por eles e tinha mesmo enviado um pouco de mim junto dos dois quando partiram, assim a falta me afetava pela incompletude que eu sentia.
Eu ficava com essa opinião. Porque embora eu tivesse apenas dezessete anos, eu sentia que sim, faltava um pedaço de mim, um pedaço que estava com Kai e Lay do outro lado do mundo.
Ambos faziam parte de uma boyband muito famosa da Ásia, e acabamos nos encontrando quando eu os ajudei na floresta depois da queda do avião em que estavam, descobri que eram meus destinados, e de fato eu me apaixonei por eles e eles por mim. Às vésperas deles retornarem para casa, acabamos nos casando em uma cerimônia típica da minha família e com documentações internacionais válidas em quase todo o mundo. Meu casamento foi real e legitimado, embora estava sendo mantido em segredo e continuaria assim por alguns anos, afinal eu, oficialmente diante das leis do mundo, ainda não era adulta e eles eram famosos e tinham contratos que os obrigavam a não ter relações amorosas e se tivessem, que fosse mantido alheio ao público.
A decisão de todos foi por manter em segredo geral evitando problemas, e que assim, eu iria para a Coréia viver pelos próximos dois anos, terminar meus estudos lá e tentar a medida do possível, ficar junto deles.
Eu tinha consciência que seria um trabalho digno de agentes secretos, mas estava convicta que conseguiria, mesmo com a agenda louca e lotada deles.
Havia outros agravantes também, como o acidente e o misterioso retorno deles, que até onde a mídia sabia e não conseguiria descobrir mais, graças ao poder de influência e agilidade perfeita do meu tio, a salvadora deles era uma "agente humanitária" que fazia trilha quando os ajudou e que assim que os deixou em um lugar onde pudessem retornar, ela sumiu sem deixar vestígios. Muitos tentaram encontrar a moça, mas nem os membros sabiam o nome e como não falavam o idioma local, a mídia não podia contestar.

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Casamento Secreto
Fiksi PenggemarLuana está prestes a embarcar rumo a Coréia e ao encontro dos seus dois recém maridos secretos, que estão ansiosos por revê-la depois de dois longos meses afastados. O que ninguém esperava era que seu avião, como em um déjà vu irônico, caísse no ma...