Subindo e subindo...

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Seis dias depois...



Me joguei na cama e Garfield resmungou que eu estava atrapalhando. Ele dormia bem no meio, como um rei.

Eu o ignorei, estava tão cansada... Queria apenas dormir. Entretanto, os últimos dias vieram na minha mente em avalanche. Suspirei, tirei os sapatos e mesmo de uniforme ainda, eu me ajeitei na cama relembrando o último dia que vi os meninos.

Lay e Kai foram embora ainda de madrugada, Lay tinha voo e Kai precisava despistar o tal manager. Xiumin também se foi e parecia que nada em sua relação com minha irmã tinha melhorado. Eu suspirei, mas me calei, Laine não gostaria que eu me intrometesse, conhecia minha irmã.

Então pela manhã de domingo Luhan despertou. Atordoado. Agimos conforme combinamos, como turistas que não o conheciam, minha irmã contou uma história convincente que estava passando pela rua e o viu caminhar confuso, acabou trazendo ele para casa já que não falava o idioma local. Luhan acreditou. Ele falava relativamente bem o inglês. Ele se foi uma hora depois e minha irmã havia sorrido. Eu via o que ela via.

Seu destinado era um homem bom.

Então na manhã seguinte estávamos na escola, minha nova escola, dando mais desculpas pelo meu atraso de uma semana, minha irmã nem precisou usar indução, quando a coordenadora viu em minha ficha que eu tinha escolhido como atividade extra, a música e que eu tocava harpa, fui perdoada em troca de entrar para o grupo que representaria a escola no festival de música entre as escolas de Seul, aparentemente parecia algo importante e não havia aluno que soubesse o instrumento.

Ironicamente foi por causa da minha milagrosa capacidade de tocar harpa, que eu não sofri nem olhos irritados sobre mim. De fato, ser uma harpista naquela escola parecia ser meu green card. Só que eu não sabia o que exatamente eles queriam, assim fiquei tensa a espera de problemas e além da tensão, me deparei com aulas muito puxadas, intensas e em uma semana de aula eu estudei tanto que sentia minha cabeça rodar, minha sorte era que eu era fluente em línguas, então inglês, japonês e coreano, eu me saia bem, do contrário teria tido surtos de dor de cabeça intensiva.

Meus professores eram bons e exigentes e quando fui para a aula de música na quinta, já meio que esperava alguma espécie de Hitler, mas para minha surpresa havia apenas doze alunos, e o professor era um calmo e pacífico violinista. Eu gostei dele, tanto que fiquei mais calma com a aula e tudo fluiu bem, eles tiraram a harpa que estava guardada há anos e fui apresentada a minha nova amiga, uma harpa sinfônica em excelente estado, era linda e naquela hora eu sorri deliciada.

Como um raio, veio em minha mente a tocata e fuga de Bach. Meus olhos se acenderam, há um bom tempo eu não tocava aquela música e a pergunta em minha mente naquele instante era, será que executaria? O professor me pediu para testá-la e eu fui animada. Se tinha algo que me deixava animada depois de chocolate, era uma harpa bem cuidada. E ela estava afinada, límpida.

Eu me deixei levar e toquei Bach, um pouco mais veloz do que o tradicional. Estava empolgada e me excedi. Quando terminei ergui os olhos e vi treze pessoas chocadas me encarando. Eu tinha cavado minha cova.

No dia seguinte eu estava inscrita no festival junto de outras cinco que conheci naquela tarde, uma pianista, duas violinistas, uma violoncelista e uma percussionista. A notícia correu a escola como pólvora e na sexta a tarde eu já era o assunto novo. Ainda era um pouco isolada porque, bem, eu era nerd, estava me adaptando ao estilo novo de aula e era estrangeira, então meio que o fato de ser cumprimentada e deixada em paz já estava de bom tamanho. Mas meu cansaço era palpável.

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