Nosso passado, nosso futuro

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Zitao se sentia mergulhar em lugares escuros, nublados, frios e então se viu de pé, em frente a uma casa simples, no meio de uma floresta de bambus.

Laine surgiu ao seu lado, pegou sua mão e o levou para a entrada da casa que levava a uma sala cheia de ervas nas paredes, símbolos no chão e uma esteira de palha onde uma versão dele estava deitado, muito ferido, de camisa branca cheia de sangue e para seu assombro, Yifan estava ao seu lado, segurando a sua mão e falava com outra versão da mulher ao seu lado. Uma versão mais velha que encarava Yifan profundamente.

Este pedia a ela que salvasse seu irmão, mas ela respirava fundo e tentava explicar ao um Yifan furioso que não havia mais tempo. Que Zitao estava morrendo.

— Isso é tudo culpa sua!

— Não, senhor Wu, eu lhe disse que Huang não podia ir para essa guerra, que ele não estava preparado, mas você acatou as ordens do seu general.

— Como você queria que eu deixasse meu primo aqui, com você, no meio dessa floresta? Iria destruir o nome da nossa família.

— Um nome é mais importante que uma vida? Um nome é mais importante que o único parente que ainda se importava com você, única família de afeto que você ainda possuía? Eu poderia protegê-lo, senhor Wu, mas você não permitiu, sua dor não é nada comparada a minha. Você perdeu seu primo, eu perdi parte da minha alma.

— Ele é apenas uma parte da sua alma, bruxa, traga-o de volta, salve-o, ou não deixarei que nem mesmo veja nenhum dos outros dois, muito menos a mim.

— As coisas não funcionam desse jeito Yifan, afeto não se negocia, vida, não se negocia, fúria só vai machucar a nós cinco da pior forma. Não podemos fazer mais nada. Eu sinto muito.

— Você não terá Luhan nem Minseok!

— Você os levará daqui, eu sei. Assim como casou Luhan as pressas com aquela condessa só para que ele não viesse a mim, eu sei de tudo o que fez por ciúmes e ódio, eu conheço seu coração melhor do que você mesmo. Não posso fazer mais nada, foram suas escolhas, suas decisões, mas está matando sua alma aos poucos, como faz com seus irmãos, como faz com Minseok. Mandá-lo para o templo, para ser monge quando ele sofre com a nossa distância, é apenas cruel. Eles precisavam do seu afeto, do seu carinho, não da sua raiva. Casar Luhan com aquela inglesa, quando ela tem tantos amantes fora de casa é doentio. Deixe-o ser feliz, Yifan, ainda há tempo de você fazer o que é certo.

— Se eu não terei você, nenhum deles terá.

— Como pode desejar amor, se só existe raiva em seu coração? Estamos perdendo Zitao, senhor Wu, ao menos seja um bom homem em seu leito de morte e guarde silêncio e respeito por quem sempre te amou em vida, mesmo com todas as suas faltas.

E Tao viu ela abraçar o corpo do outro Zitao, mesmo ensanguentado e chorar por ele em silêncio, sem som, praticamente em um pranto mudo e dolorido.

A cena o abalou de tal forma que precisou ser abraçado por ela para suportar. Daí então, a cena mudou, e eles estavam diante de um rio onde um Xiumin mais velho tinha uma espada longa e afiada entre as mãos, ele caiu de joelhos na margem, olhou para a lua cheia e fincou a espada em seu abdômen até ela atravessar o outro lado. Um grito enlouquecido soou na noite e logo Yifan correu para Xiumin, mas já era tarde.

— O-O quê...?

Ele perguntou confuso, assistindo a cena a sua frente horrorizado.

— Treze dias depois que você morreu, Xiumin se matou. E isso foi em cadeia, Yifan não suportou vê-lo tirar a própria vida e fez o mesmo... Veja.

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